Capítulo 2 - Passarinho

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         Adentrei a cabine do capitão com passos duros e hesitantes

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         Adentrei a cabine do capitão com passos duros e hesitantes. Nunca imaginei que algum dia, em vida, acabaria parando em um navio pirata, e, agora, me via prestes a confrontar seu capitão.

         A cabine não tinha nada de muito especial. O pequeno cômodo de madeira cheirava a ópio e a umidade, incomodando meu nariz.

         Parei, ao ouvir o bater da porta atrás de mim, e soube que a Caçadora Escarlate havia me abandonado a minha própria sorte. Respirei fundo. Não podia ter medo agora.

         Ergui meu olhar, e notei um imenso homem me observando. Sentado folgadamente na sua cadeira de madeira, ele fumava um cachimbo, e me encarava por entre seu chapéu de couro e a barba cinzenta, longa, e volumosa.

         Permaneci em silêncio, pois seu olhar parecia penetrar os recantos da minha alma, e me preenchiam de um pavor que eu poucas vezes sentira. E não havia motivo para tal. Não havia nada na aparência do homem que fosse tão terrível que me causasse tamanho terror, mas eu simplesmente sentia um calafrio me cutucar a espinha.

         Abri bem minhas narinas e forcei uma longa e sonora respiração para me acalmar, mas meu coração acelerou-se no peito quando ele se pôs de pé, o que o fez parecer ainda maior.

         — Olá, Passarinho. — Ele saudou, cuspindo anéis de fumaça de seu cachimbo.

         Me inquietei um pouco no lugar, mas não lhe respondi. Ele soltou um riso abafado.

         — Um pássaro sem asas, ainda é um pássaro? — Ele questionou, como se divagasse.

         Por um instante eu estava perdida, mas então comecei a me questionar se ele saberia a respeito da minha relação com o tal povo pássaro, a qual eu descobrira apenas recentemente.

         — O que quer comigo? — Eu encontrei coragem para perguntar, apesar de sentir como se uma maçã inteira estivesse entalada na minha garganta.

         — Eu estou procurando um de vocês há bastante tempo... — Ele disse, com tranquilidade, e uma voz rouca, que parecia arranhar sua garganta, enquanto cuspia fumaça. — Ouvi que estavam sendo traficados do Leste, e interceptei praticamente todos os navios nos últimos tempos, mas nada encontrei... E quando finalmente encontro, a maioria deles escapa por um portal mágico daquele miserável Aleen. — Ele resmungou e a menção do nome real de Merlin me fez ficar ainda mais confusa e preocupada, sobre o quanto o infame pirata Água Negra sabia.

         Respirei fundo, e formulei uma pergunta:

         — Um de nós? — Eu questionei, tentando ser cuidadosa para não revelar minha identidade, caso se tratasse de um jogo.

         — Eu sei que você é um dos Asa Mística da tribo da Terra. Esses olhos coloridos te denunciam... Isso, e a cicatriz na suas costas. Devia estar mesmo desesperada para cortar suas asas, e causar tal ofensa aos seus ancestrais. — Ele disse, parecendo achar tudo divertido.

O Martelo das Bruxas - Volume II: As Crônicas dos Guardiões do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora