Capítulo 88 - A resistência

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A viagem foi longa

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A viagem foi longa. Com uma parada na ilha da Emboscada, demoramos semanas para chegarmos a um porto clandestino no Norte.

Era estranho estar de volta... Mas meses atrás quando parti, não havia imaginado que todas aquelas coisas aconteceriam. Que viveria como pirata, como aventureiro, como caçador de bruxas, e que aprenderia sobre magia. Eu com certeza não era mais a mesma pessoa que havia partido.

Entretanto, todos ainda se lembravam bem de mim. Por isso, tentei não mostrar minha cara em lugar nenhum, deixando Mimir encarregada de conseguir cavalos e provisões. Ela o fez sob protestos, mas não insistiu que eu a ajudasse, pois sabia bem que era arriscado demais nos destacarmos em lugares em que haviam soldados baldianos.

As coisas ficaram um pouco mais calmas quando partimos território adentro. Cavalgamos por dias até chegarmos em uma cidadezinha nos arredores de Tiror, escondida entre montanhas.

Eu nunca tinha ouvido falar sobre aquele lugar antes, o que me dizia ser um assentado novo de refugiados.

Quando nossos cavalos marcharam lentamente pelas ruas, as pessoas deixaram suas casas de madeira, curiosos, apesar de estar tão frio que poderia congelar seus ossos. Acho também que eu havia me acostumado com o calor gostoso do Leste, pois tremia como uma vara ao vento.

Parte do que eu vestia havia sido improvisado da pele de um cervo que Mimir e eu caçamos na floresta que ficava há algumas milhas dali. A carne do bicho havia nos servido bem na viagem e garantido que ficássemos bem alimentados. E a pele me serviu de manto, pois não estava preparado para sentir aquele frio.

Um par de luvas velhas que eu havia comprado em Zalim fazia o pobre trabalho de proteger minhas mãos, e meus dedos estavam praticamente endurecidos debaixo do couro.

Mimir estava um pouco mais bem preparada. Usava um casaco bonito de pelos cinzentos que trouxera em sua bagagem, dizendo ser um presente de Anna. Eu claramente deveria ter me aproveitado um pouco mais de minhas amizades, pois não havia voltado com muito mais do que eu possuía quando deixei o Norte.

Eu ainda tinha um pouco do ouro que sobrou do que mandei para o irmão de Cabeça de Porco e sua amada. Mas ouro no meio do nada gelado não valia pra porcaria alguma. O escambo ali era em torno de comidas, peles e bebidas, coisas que tínhamos bem pouco.

Ao menos éramos bons em caçar. Mimir era uma ótima companhia nesse quesito, pois conseguia me acompanhar com facilidade e era forte o suficiente para derrubar um animal robusto ou a maioria dos soldados mais fortes que já conheci. Era uma mulher uma tanto impressionante...

Dentro da cidadezinha, Mimir parou o cavalo e saltou, sendo recebida com um abraço caloroso de uma senhora ruiva com o rosto incrustado de sardas. O idioma baldiano acariciou meus ouvidos como não o fazia há muito tempo:

— Tiazi Mimir! Que bons deuses a trazem?

— Não tão bons, Melina... Os deuses da guerra e da luta. — Mimir respondeu.

O Martelo das Bruxas - Volume II: As Crônicas dos Guardiões do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora