Capítulo 70 - Vida longa à imperatriz!

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Eu me olhei no espelho

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Eu me olhei no espelho. Meu reflexo me encarava de volta com grande desânimo. As vestes brancas com detalhados fios de ouro que ornamentavam o meu vestido e o manto imperial me enchiam de ansiedade. O vermelho nos meus lábios só aumentava a impressão de que eu estava pálida demais. Talvez eu acabasse vomitando no meio do caminho entre o palácio e o templo.

— Alteza... Tudo bem? — Leonel perguntou ao notar a forma rápida com a qual eu respirava. Me obriguei a respirar devagar até recuperar um pouco do meu fôlego. Fiz que sim com a cabeça, mas nem sequer havia notado quando Leonel entrou no quarto. Acho que não estava tudo bem...

— Já está na hora? — Perguntei. Leonel fez que não com a cabeça.

— Ainda não... Mas achei que gostaria de saber que Merlin despertou.

Senti a notícia tirar um pouco do peso no meu coração. A ideia de poder conversar com alguém, mesmo que esse alguém fosse Merlin, me deixava um pouco mais tranquila. Eu nunca havia me sentido tão sozinha antes... Antes eu sempre estava sozinha, mas não me preocupava com isso... Talvez eu estivesse com saudade de todos.

— Quero vê-lo... — Eu disse já iniciando meu passo. Leonel seguiu no meu encalço.

Meus passos ecoando no chão pararam abruptamente quando notei pelas largas janelas de vidro dos corredores de Passalus os homens parados no pátio central. Volvi o olhar para Leonel.

— O que são todos esses homens, Leonel? Estamos indo para guerra? — Perguntei, confusa.

— Nossos homens foram enviados para patrulhar as fronteiras para garantir que não teremos surpresas... Lorde Beladona enviou seus homens para a capital... De acordo com ele é para garantir sua segurança no evento. — Leonel explicou com uma expressão preocupada.

Claramente o lorde fez aquilo como uma forma de me pressionar e me mostrar que na verdade ele tinha controle sobre mim. O mais impressionante era que ninguém o havia parado. Eu realmente não possuía muito poder naquele lugar...

— Vamos ver Merlin... — Eu murmurei sem energia e segui meu passo rumo à torre.

Leonel se desesperou enquanto eu subia as escadas e segurou a cauda do meu vestido pedindo que eu tomasse mais cuidado. Nem sequer bati na porta, adentrei de uma vez e encontrei Merlin sentado com uma expressão doente. Os olhos dele pareceram criar mais vida quando me viram.

— Merlin... Você acordou...

— Você está... Estonteante. — Merlin arfou sem tirar os olhos de mim, mas meu humor permaneceu quase seco. Merlin abaixou os olhos devagar. — Hoje é a coroação?

Ele se ergueu, trêmulo e deu alguns passos na minha direção.

— Me desculpe por ter te deixado sozinha...

— O que está acontecendo com você? Por que está cada dia pior? — Eu quis saber. — É porque parou de fazer bruxaria?

Merlin hesitou e molhou os lábios secos antes de iniciar uma resposta rouca e lenta:

O Martelo das Bruxas - Volume II: As Crônicas dos Guardiões do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora