Quando a manhã caiu, nós mal havíamos conseguido dormir. Muitas coisas passavam pela nossa mente, mas a principal seria se Anna estaria mesmo bem.
Me levantei e tomei o desjejum com o resto de dinheiro que havíamos recebido de Remy Torben. Parte de mim ainda podia ouvir suas cordas e sua voz ecoando pela taverna, cantando canções sobre coisas que tinham se passado. Era estranho agora fazer parte dessas canções. Talvez em algum lugar hoje contassem histórias sobre mim também...
Estar de volta a Antar me fazia pensar ainda mais sobre Ventosa, e sobre como minha mãe e o resto da minha família agiria quando me vissem chegar.
Um som na porta do quarto me fez saltar de pé, mas quando abri e vi se tratar de Gunnar, me senti mais aliviada. Sua expressão cansada e séria, porém, não me permitiu sorrir. O loiro fez sinal e o segui.
Já estavam todos reunidos no quarto dos meninos. Havia até mesmo um outro presente. Era um homem alto, cabelos castanho escuros que lhe batiam nos ombros e uma barbicha e bigode ralos, mas estranhamente charmosos. Seus olhos aguçados vasculhavam o grupo por entre seu capuz esverdeado que ele retirou assim que a porta se fechou atrás de mim.
— Sir... A princesa te enviou? — Mimir perguntou.
— Sir Leonel pediu que eu enviasse alguém de confiança, mas eu mesmo quis vir. — O homem respondeu com uma voz forte e eloquente.
Notei a bela espada em seu cinto e sua postura e soube que ele era forte e provavelmente alguém em posição de nobreza. Minha teoria foi rapidamente confirmada:
— Me chamo Sir Caius Forente, capitão da Ordem dos Cavaleiros de Garnet. — Ele se apresentou. — Me entristece dizer que há muitos entre nós que seguem seus próprios preceitos, mas os cavaleiros juraram para sempre proteger seus senhores, os Blume, e por isso estou aqui.
Seu olhar sério se volveu para mim, como se me analisasse e me varreu de cima abaixo antes de me ignorar e voltar o olhar para todos.
— Primeiramente... — Ele iniciou e para nossa surpresa fez uma genuflexão. Com a cabeça baixa o distinto homem proferiu palavras que não esperávamos tão cedo: — Minha mais sincera gratidão por terem protegido a princesa. Toda a Ordem de Cavaleiros está em dívida convosco.
Mimir não demorou a saltar de seu lugar e achei que o interromperia, mas na verdade se juntou a ele.
— Eu também devo agradecê-los por tal. — Mimir disse. — Nosso orgulho como protetores do império foi danificado por termos que depender de terceiros... Mas também agradecemos por saber que a princesa sobreviveu.
Cerrei meu punho. Eu jamais teria me ajoelhado assim e foi nisso que eu percebi que ainda havia muito que eu precisava aprender sobre o orgulho que movia um cavaleiro. Lentamente me permiti cair no chão e abaixei minha cabeça ainda mais. Meu orgulho com certeza também estava ferido, porque em nenhum momento Anna realmente havia sido salva por mim... Sem o resto do grupo, nada teria sido feito.
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O Martelo das Bruxas - Volume II: As Crônicas dos Guardiões do Alvorecer
FantasyNo Volume II desta trama, o grupo de aventureiros finalmente colide. Uma aventura com piratas toma lugar em alto-mar, enquanto, em terra, um conflito se desenvolve, e aumenta a tensão entre as nações vizinhas. Diante da infindável perseguição, esses...