Capítulo 39 - O Ratel vs A Caçadora Escarlate

66 2 6
                                    

         Me recolhi cedo e acabei não vendo o fim da festa de Remy Torben

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

         Me recolhi cedo e acabei não vendo o fim da festa de Remy Torben. Apesar de me deitar, não consegui dormir bem, pensando em como mestre Issachar prometera me treinar na manhã seguinte.

         Eu estava a poucos passos de completar a parte do meu lema em que eu era reconhecida pelo Ratel, então era difícil conter minha animação.

         Quando o Sol clareou o meu quarto, me ergui como o vento e vesti minhas roupas velhas, pronta para o treino. Sentei-me na varandinha do lado de fora, observando as árvores enquanto eu polia minha espada e esperava mestre Issachar aparecer.

         Ouvi um miado e acabei me erguendo. Entre as árvores encontrei um felino branco que tinha contornos rajados em vermelho, como o cabelo de Escarlate, em volta dos olhos, das orelhas, das patas e na ponta do rabo. Ele me fitou com os grandes olhos verdes, enquanto a pata estava presa em um buraco entre as pedras.

         Soltei o bichinho e o levei para dentro, enrolando uma faixa na patinha machucada. Voltei para a varandinha para soltá-lo, mas ele mancou com as três patas e deitou-se no meu colo enquanto eu voltava ao que estava fazendo antes.

         Fiquei sentada por um bocado de tempo até terminar de polir a espada, e então coloquei o bichano no chão, deixando-o sozinho, pois eu tinha coisas para fazer.

         Fui dar a volta no pátio principal, onde na noite anterior aconteceu a festa. Os servos já se levantavam e começavam a limpar a bagunça.

         — Deve ser bom ser rico assim... — Me vi murmurando em voz alta, e senti meu rosto queimar ao perceber a atenção de um dos servos, que disfarçou e continuou varrendo.

         Avistei Remy Torben andando pelo pátio como quem tivesse caído da cama. Usava uma túnica de corte oestino que parecia feita da mais fina seda num azul escuro como o do céu noturno.

         Ele apontava para alguns cantos do pátio como se estivesse organizando a arrumação. Só parou quando me notou e acenou com a mão para que o mordomo se apressasse, antes de caminhar na minha direção.

         Remy me fitou, fechando um olho quando a luz do Sol nascente lhe atingiu o rosto, iluminando a íris castanha e revelando um escondido esverdeado. Ele fez sombra no rosto com a mão, e me fitou.

         — Como era mesmo? — Ele iniciou, parando para pensar. — "Myra Petris", não é?

         Fiz que sim com a cabeça. Reparei que os fios bagunçados do cabelo dele eram levemente ondulados.

         — Já comeu o desjejum? — Ele perguntou, após um silêncio estranho entre nós.

         — Comerei depois. Obrigada! — Eu disse, mas ele continuou me fitando, então eu quis explicar que não era uma desfeita: — Estou esperando mestre Issachar para que ele me treine.

O Martelo das Bruxas - Volume II: As Crônicas dos Guardiões do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora