Capítulo 76 - Acerto de contas

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O Sol aqueceu minhas bochechas

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O Sol aqueceu minhas bochechas. Os valeses estavam todos agasalhados, dizendo que o frio estava chegando, mas aquilo não passava nem perto do frio que vivi no Oeste. Me sentei no telhado do palácio e respirei fundo antes de descer pelas frestas. A vista do Vale era sem dúvida muito mais bonita do que a vista que eu tinha no meu antigo barraco.

Issachar também não havia mentido sobre me dar uma vida boa, pois desde que eu cheguei ali, tinha recebido um tratamento digno.

Havia também, é claro, os olhares tortos dos que sabiam quem eu era, mas aquilo não me aborrecia. Eu sabia bem que minha aparência sozinha já me fazia me destacar naquele lugar e não tinha a menor intenção de lutar contra isso. Para muitos, eu era apenas o novo bicho de estimação exótico de Issachar.

Da varanda onde pousei, o som de cordas ecoou e nem precisei ir longe para encontrar Torben sentado no jardim, como se estivesse pescando inspiração no ar. Tinha um sorriso pequeno e bobo enquanto fitava o céu azulado e dedilhava seu alaúde.

— Que cara boba é essa? — Me vi perguntando. O homem saltou no lugar e se virou com olhos arregalados para mim.

— Você devia parar com essa mania terrível de se esgueirar pelos cantos. Assusta as pessoas assim...

— Acho que está assustado porque fez algo errado... — Eu fiz questão de provocá-lo.

— Nada do tipo.

— Não acha que Aleydes vai ficar furioso quando descobrir que você largou tudo e fugiu no nosso navio? Ele gostava de te exibir como um troféu.

O bardo torceu o nariz, mas pareceu melancólico. Como sempre, ele nunca pensava com cuidado nas escolhas que fazia.

— Vai ficar aqui no Vale para sempre? — Eu quis saber. Torben fez que não com a cabeça, mas parecia levemente triste, levemente hesitante.

— Estou pensando em ir visitar Bradalgar... Ver minha cidade como está...

— Boa sorte.

Era pouco provável que o recebessem com flores, pelo que ouvi. Decidi me afastar antes que o bardo começasse a contar sua história triste de vida novamente.

— Vou para a Cidade Baixa resolver algumas coisas. Quer algo?

O bardo fez que não com a cabeça. Deixei-o com seus devaneios e segui meu caminho até a Cidade Baixa. Eu gostava da caminhada também para espairecer e colocar meus pensamentos no lugar. Agora que a princesa havia acordado, ouvi os rumores pelo palácio de que estavam preparando um casamento às pressas.

Se eu bem conhecia Issachar, mais do que o casamento em si, ele devia estar pensando em como se vingaria da pessoa que a feriu e isso provavelmente cairia em minhas mãos. Uma luta logo viria e meus trabalhos seriam requisitados. Enquanto isso não acontecia, era bom descansar.

O Martelo das Bruxas - Volume II: As Crônicas dos Guardiões do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora