Capítulo 67 - Camaradas

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A noite gelada tomou lugar depois da partida do lobo rumo ao encontro de Anna

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A noite gelada tomou lugar depois da partida do lobo rumo ao encontro de Anna. Ainda assim a brisa era calma o suficiente para que pudesse ficar junto à janela sem temer um resfriado. A cidade de Passalus era realmente um tanto diferente dos outros lugares em que estivemos.

Talvez fosse resultado do poder daquele império, mas as pessoas pareciam relaxadas demais. Não eram pobres como em Zalim e a cidade não tinha aquele tom de tristeza e melancolia em cada canto. Mas também não era espalhafatosa como o Vale. Era mais como se a temperança de uma primavera tivesse decidido morar em uma cidade e encontrara morada ali. Se Borr visse aquela cidade, ele com certeza iria querer tomá-la.

Meus olhos caíram ao longe na rua e no alto de um prédio notei a enorme figura do lobo negro saltando por entre as construções sem que ninguém o notasse lá em cima. Quando eu vi, já estava deixando o quarto e ganhando as ruas com tamanha pressa que mal olhei por onde ia, com olhos fitos nos terraços.

Quando parei de correr já beirava os muros altos da capital. Foi quando ele saltou e pousou com tudo na minha frente como se fosse um gato. Seus olhos intensos que tanto me lembravam os de Wulf me encararam, mas era um lobo grande o suficiente para derrubar Wulf se quisesse.

O som de ossos se movendo e a imagem aterrorizante dos seus pelos sumindo e da sua pele se remexendo deu lugar a figura nua de Raul. Ele se pôs de pé e estalou o pescoço, ignorando o fato de estar pelado. Me encarou com indiferença.

— Mavka disse que você queria falar comigo. — Ele comentou, me olhando com seriedade. — O que quer?

Olhei em volta, confirmando que não havia ninguém na rua apesar de ser alta madrugada, pois seria difícil explicar sua nudez.

— Sim... — Eu limpei a garganta. — Wulf... Sabe por que Wulf me salvou?

— Por quê? — Ele repetiu olhando pra mim como se eu fosse idiota. — Aah... Às vezes eu esqueço que humanos têm vidas curtas e memórias curtas também.

Ele parou para coçar o couro cabeludo com a animosidade de um cão. Bocejou antes de voltar a dar importância a minha pergunta:

— Ele disse que te salvou porque gostou de você. Mas se perguntar, acho que tem a ver com um Streymoy que ele conheceu há algumas gerações quando eu era só um filhote. Os Streymoys até transformaram lobos no emblema da família. Eu gostava daquele cara... — Raul murmurou, envolto em nostalgia.

— Há algumas gerações? Quantos anos você têm? — Eu quis saber.

— Faz tempo que não conto, mas nós vivemos bem mais do que vocês, isso com certeza... Meu pai é o terceiro alfa desde a fundação das Primeiras Tribos... — Raul contou com casualidade. — Apesar do tempo não estar a seu favor...

— Isso é... Bastante tempo. — Murmurei, incrédulo.

— Bom, estou indo. — Ele anunciou, como se já estivesse entediado, mas o interrompi.

O Martelo das Bruxas - Volume II: As Crônicas dos Guardiões do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora