Capítulo 43 - O Grande Tzhan

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Quando cheguei ao castelo, me separei de Bisonte e fui para o meu quarto

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Quando cheguei ao castelo, me separei de Bisonte e fui para o meu quarto. Pedi para que os servos me preparassem um banho e me higienizei, me arrumando bem, apesar da mão ferida que doía insistentemente.

Deixei meu quarto quando a noite já caía e à medida em que me aproximava do salão já podia ouvir o som de risos e conversa. Do outro lado do amplo banquete, os olhos do rei Aleydes caíram diretamente sobre mim.

Ele era um homem alto, careca, de ossos fortes, e uma barbicha negra cobria-lhe um pedaço do rosto rechonchudo e arredondado. Seus olhos pequenos, mas aguçados me seguiram a cada passo que eu dava.

— Ele não ficou nada satisfeito que você não participou da caça hoje a tarde. Espero que tenha uma boa desculpa para acalmar os ânimos dele. — Calisto disse, surgindo do nada e caminhando ao meu lado enquanto eu me aproximava do rei.

Parei diante do trono dele, de onde o homem assistia o banquete. E, quase como se fosse ensaiado, o salão inteiro se calou quando um único dedo dele se ergueu. O homem sorriu pequeno para mim, amiudando os olhos negros, e deu um gole generoso no seu cálice de ouro.

Suas vestes reluzentes e douradas, tecidas com cuidado e beleza, faziam sua pele áspera ainda mais aparente. Ele abaixou a taça e lambeu os beiços, estendendo-a na direção do servo que carregava a jarra de vinho. O servo se aproximou e encheu a taça estendida, enquanto os olhos do rei caíram sobre mim.

— Issachar Felkor. — Aleydes pronunciou, me fitando com a simpática cara redonda, mas com olhos ferozes de quem realmente parecia saber o poder que tinha. — "Issachar"... É um nome diferente. Quem escolheu?

O silêncio na Corte parecia me pressionar por uma resposta. Notei que Isoldo acompanhara Calisto e também estava parado ao meu lado. Os dois fitavam o chão parecendo intimidados pelo rei. Fitei Aleydes com calma e respondi:

— Meu pai, Grande Tzhan. — Os oestinos chamavam um rei por conquista de "Tzhan", e o "Grande" era algo que eu era quase obrigado a dizer.

— Seu pai... Zathrian. — Ele disse, e estendeu a taça sem olhar para o servo, impaciente, derrubando algumas gotas de vinho no chão. O servo segurou a taça e Aleydes se ergueu, mostrando ser ainda maior do que parecia quando estava sentado.

O rei uniu as mãos às suas costas e se pôs a andar de um lado para o outro. Parou de repente e desceu as escadas, me fitando com ferocidade. Mas sua face permaneceu calma quando ergueu os ombros junto ao pescoço e os abaixou de novo, lançando um sorriso miúdo na face e perguntando:

— Você está aproveitando a sua estadia, príncipe Issachar do Vale da Lembrança? — Ele perguntou. Eu podia ver em sua expressão branda, mas perigosa, como aquele homem um dia fora conhecido por sua violência e genialidade.

— Sim, Grande Tzhan. — Respondi sem desviar o olhar.

— Não me parece ser verdade quando quase nunca está no palácio. Distrai meus guardas, foge do castelo, recusa meu convite para caçar. Me diga, príncipe Issachar, não lhe pareceria que tal convidado está descontente? — Ele elaborou com tal leveza, que até pareceria a um olhar distraído: humor.

O Martelo das Bruxas - Volume II: As Crônicas dos Guardiões do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora