Capítulo 71 - A Parede de Pedra

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Após alguns dias à cavalo finalmente alcançamos o outro lado do território lestino

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Após alguns dias à cavalo finalmente alcançamos o outro lado do território lestino. Ao longe se delineava pouco a pouco os grandes relevos de pedra que engoliam a floresta e estreitavam o caminho, tornando um tanto fácil a ação de bandidos, não fossem os bem colocados arqueiros em vários pontos da estrada.

Sir Syaoran não pareceu se incomodar, e o fato de não sermos atacados me fez deduzir que os arqueiros deviam ser da comunidade local, protegendo a trilha. Ainda assim, preferi confirmar. Puxei a rédea do meu cavalo comigo e me aproximei do cavaleiro que caminhava com constantes passos largos puxando seu cavalo e o de lady Pietá, que dormia profundamente.

Sir... — Quando o chamei, seu olho bom me fitou com candura, como se quisesse me tranquilizar.

— Não se preocupe. Não ousariam atacar alguém da Ordem. Sabem melhor do que ninguém que esse seria um ato de guerra. — Syaoran explicou baixinho. Reparei com cuidado no símbolo do cisne de asas abertas bordado em sua capa e então entendi que a escolha da mesma havia sido feita com um propósito.

O caminho estreito me lembrou bastante da Fenda, mas o tempo ali era quente e úmido, diferente do tempo gelado do Norte. Eu suava, mas precisei me cobrir para não me queimar no Sol. Meu corpo já se arrastava, cansado e molhado em suor. Mas a visão do gigantesco portão entre altas montanhas de pedra me surpreendeu.

— Aquela é a Parede de Pedra? — Perguntei, enquanto nos aproximávamos, boquiaberta.

— Por que acha que chamam de Parede de Pedra, minha lady? — Sir Syaoran questionou com um sorriso miúdo.

As montanhas pareciam formar uma parede natural e praticamente impossível de escalar. O único ponto de vulnerabilidade seria a entrada pela trilha, mas ela era barrada pelo alto e forte portão de ferro e madeira.

Paramos nosso passo na frente do portão. Uma pequena janela se abriu nele e olhos curiosos nos analisaram:

— Quem vem lá? — Uma voz masculina questionou de dentro. Sir Syaoran retirou um pergaminho de suas vestes e estendeu para além da pequena janelinha.

— Lady Astrid Basten, conforme ordens da imperatriz deve ser escoltada à fortaleza. — O ouvi dizer.

O guarda fechou a janelinha e o silêncio reinou por algum tempo até que vimos o portão se abrir diante de nós. Só então pude ver melhor o guarda: seus olhos curiosos agora eram apenas um detalhe no rosto rosado e rechonchudo. Ele usava uma armadura, na qual o mesmo símbolo do cisne da capa de Sir Syaoran figurava. Se ajoelhou meio atrapalhado em uma genuflexão.

— Minha lady. — O guarda cumprimentou, suando como ninguém.

Acenei com a cabeça e segui Sir Syaoran cidade adentro sob o olhar curioso de algumas pessoas.

A cidade em si era um tanto cinza e suja se comparada a capital de Antar. Parecia-se bem mais com uma versão um pouco mais organizada da Ilha da Emboscada, com gritaria, pouco luxo e bêbados em cada esquina. Ainda assim me surpreendia o quão movimentada era. Praticamente nos esbarramos nas pessoas para conseguirmos passar, não fosse o fato delas se afastarem rapidamente quando notavam Sir Syaoran.

O Martelo das Bruxas - Volume II: As Crônicas dos Guardiões do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora