Eu segui a bruxa pela rua movimentada. Eu odiava a capital de Stoffel. Suas ruas de terra que subiam muita poeira, e casas de madeira sempre cheias e barulhentas. Depois de tantos anos procurando, podia eu estar imaginando coisas? Mas a cabeleira ruiva andando pela rua, me dizia que eu estava certo.
Certo o suficiente para me esquecer por um momento da promessa que fiz a Lorde Felkor. Senti meu coração acelerar-se no peito. Há muito tempo não sentia aquilo.
Na minha pressa, trombei com força em alguém, e a voz familiar massageou meus ouvidos.
— Aí! — Ela bradou. — Essa cidade é feita de pessoas tão rudes! — Reclamou.
Virei meu olhar por um instante para contemplar a mulher miúda de olhos lilases, arrumando a roupa.
— Anna!? — Eu me vi exclamando, de sobrancelhas franzidas. Ela ergueu os olhos na minha direção no mesmo instante, e sua expressão irritada e séria se desmanchou em surpresa. Quais eram as chances?
— Issachar... — Ela balbuciou, com uma expressão abobada.
Anna ficou parada por um instante, mas não demorei a sentir seu corpo avançando contra o meu, num abraço quente e apertado.
As notícias eram de que o navio em que Anna adentrara estava desaparecido, mas lá estava ela, no Oeste, no meio de Stoffel. Retribuí seu abraço, um pouco confuso. Se seu corpo não estivesse tocando o meu, talvez eu achasse que estava vendo coisas.
A menina se afastou de mim, esboçando a sombra de um sorriso no rosto confuso.
— O que está fazendo aqui? — Eu perguntei, ainda incrédulo ao vê-la, quando a garota havia sumido há semanas num navio rumo às Ilhas de Mel.
— Eu... — Ela iniciou, como se ainda estivesse absorvendo a situação.
Lembrei-me da bruxa, e vi a ruiva se mover, pelo canto do meu olho. Não podia perdê-la, por nada.
Respirei fundo, e senti o ar gelado da cidade tocar meus pulmões, me enchendo de energia. Volvi um rápido olhar para a rua longa adiante, para garantir que ainda conseguia ver a bruxa, e firmei meu olhar em Anna.
— Vem comigo! — Eu puxei Anna pela mão, e ela me seguiu pelas ruas lotadas, com passos lentos e trôpegos. Sua mão pequena afundando na minha. Eu precisava dar um jeito de fazer aquilo funcionar.
A ruiva parou novamente, após virar a esquina numa rua cheia de barracas e vendas de comida. Parei o passo na frente de uma barraca, bem quando vi a bruxa mover a cabeça, para que ela não notasse que eu a seguia.
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O Martelo das Bruxas - Volume II: As Crônicas dos Guardiões do Alvorecer
FantasyNo Volume II desta trama, o grupo de aventureiros finalmente colide. Uma aventura com piratas toma lugar em alto-mar, enquanto, em terra, um conflito se desenvolve, e aumenta a tensão entre as nações vizinhas. Diante da infindável perseguição, esses...