Capítulo 26 - Chegada a Long Mu

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          A névoa invadia o navio

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          A névoa invadia o navio. E talvez fosse a primeira vez que ela não estivesse sendo criada por Kendra Angrboda, pois a cortina branca se espalhava pelo porto, tão densa que mal nos permitia ver a cidade. O frio fez tremer meus ossos e vesti, pela primeira vez em muito tempo, meus agasalhos que trouxera do Norte. Apesar da pouca visibilidade, os homens andavam agitadamente pelo convés, ancorando o navio e guardando as velas.

          Avistei Rorik descendo da popa, e me adiantei até ele, que me ignorou e continuou seu passo como se não me visse.

          — Até quando pretende não falar comigo? — Questionei, no nosso idioma nativo. Mas ele fingiu não ouvir. Arfei, irritada. — Não é justo! Você mentiu pra mim, não devia ser eu a estar chateada? — Desabafei. Rorik parou o passo e me fitou. Bufou antes de dizer:

          — Está bem... Me perdoe por não te dizer sobre o Gavião. Eu não quis te magoar, e por isso não te disse... — Ele confessou. — E você? Qual a sua desculpa pra ter tentado usar seu poder em mim?

          — Eu... — Balbuciei, mas ele me interrompeu.

          — Eu sempre fiquei do seu lado mesmo quando todo mundo falava mal de você. Eu vim com você, porque eu me importo com você, porque nunca poderia deixar que eles te matassem... Porque nós dois éramos um time... — Rorik argumentou, deixando escapar um pouco de mágoa em sua voz.

          — Nós ainda somos!

          — Você nunca reconheceu nada do que eu fiz. Tudo que faz é reclamar sobre como nosso avô não gostava de você, ou sobre como ninguém te ama...

         — Não seja injusto! Você sabe como vovô era comigo... Eu nunca te disse, mas ele já quis até me casar com Birgir... E deixou aquele Merab fedorento bater em mim. — Eu revelei, mas Rorik deixou escapar um riso irônico.

         — Aquela vez que um cervo quase me matou, adivinha só: foi o nosso avô. Ele fez isso diversas vezes, e eu nunca te disse nada e nunca reclamei. Acha que está tudo bem? Ele enfiar uma espada em mim com a desculpa de que está me fazendo ser forte? — Rorik disse, franzindo a testa.

         — Vovô te machucou? Por quê? — Perguntei, pois nunca tinha ouvido aquilo antes, mas me lembrava bem de como Rorik quase tinha morrido naquele tempo.

         — Porque mesmo ele achando que uma profecia estúpida da nossa avó resultaria em você destruindo os Caçadores Brancos, e em eu os salvando, ele ainda assim gostava mais de você. Ele te achava "gentil e sofredora"... E estava disposto a me sacrificar para que eu fosse um bom líder e não infligisse peso algum em você, mesmo que isso significasse foder com a minha vida.

         — Que profecia? Do que está falando? — Eu perguntei, ainda mais confusa.

         — Eu estou falando que eu aceitei o meu fardo, diferente de você, Astrid. É por isso que eu ainda conseguia ser feliz no Norte. E também, que o mundo não gira ao seu redor. Que você reclama sobre como as pessoas te odiavam... Mas você usa seu poder para obrigar as pessoas a fazerem coisas que não querem, e não importa o quão pequena fosse sua intenção, você quis fazer isso até comigo... — Rorik disse. — Com a única pessoa que sempre esteve do seu lado. — Reclamou, o que era pouco comum, pois ele não costumava falar tanto.

O Martelo das Bruxas - Volume II: As Crônicas dos Guardiões do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora