Capítulo 79 - Recém-casados

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Me aninhei entre os cobertores quentes, enquanto meus sentidos voltavam a mim

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Me aninhei entre os cobertores quentes, enquanto meus sentidos voltavam a mim. Permiti que o ar frio inundasse meus pulmões e abri meus olhos devagar, vendo o torso masculino se delinear diante de mim.

Minha cabeça subia e descia lentamente junto ao peito de Issachar. Meus olhos preguiçosos observaram um pedaço da marca negra desenhada na curva do seu ombro. Eu não conseguia saber bem o que era, mas havia sido feito da mesma forma que a flor de nenúfar sobre a qual minha cabeça descansava.

Só consegui pensar que haviam mesmo muitas coisas que eu não sabia sobre ele, enquanto ele sabia tudo que havia para saber sobre mim... Talvez eu fosse um livro aberto, ou talvez minha vida tivesse sido muito menos cheia de aventura do que a dele.

Suspirei. Meus olhos cansados varreram os pequenos relevos em seu abdômen até a enorme cicatriz de lâmina que havia no seu lado. Se parecia um pouco com o tipo de ferimento que eu tive dias atrás, mas eu sabia que diferente de mim, nenhuma bruxaria havia curado Issachar...

Me perguntava quantas vezes ele quase havia morrido. Torben não cantava sobre aquilo. Acho que os sucessos eram mais interessantes pras pessoas do que as derrotas.

Puxei o cobertor para cobri-lo melhor, pois uma brisa fria insistia em adentrar o quarto. O ouvi grunhir quando me mexi e ergui meus olhos, assistindo-o acordar. Seus olhos castanhos piscaram, se acostumando com a luz, antes de me fitarem de volta.

— Oi. — Sua voz saiu rouca e miúda, mas ele sorriu pequeno.

— Oi. — Sorri de volta, meio boba. Issachar limpou a garganta, procurando dar volume a sua voz.

— Já está na hora?

Fiz que não com a cabeça.

— Os servos ainda não vieram. Acho que está começando a amanhecer agora.

Minha resposta o fez inclinar ainda mais a cabeça na minha direção, a procura dos meus lábios. Pousei meus dedos apressados sobre a sua boca e ele franziu as sobrancelhas.

— Eu estou com hálito matinal...

Issachar se sentou devagar, me fazendo imitar o gesto. Virou sua cabeça procurando por algo e levou as mãos até uma jarra com copos, no móvel ao lado da cama. Serviu uma bebida esverdeada e a estendeu na minha direção. Meus olhos foram do copo para ele, com um pouco de desconfiança.

— O que é isso?

— É como se fosse um chá de ervas. Os valeses gostam de beber de manhã e é bom para o hálito matinal. — Ele explicou e deu um generoso gole para mostrar que era inofensivo antes de voltar a erguer o copo pra mim. Aceitei com hesitação, mas virei de uma vez o gole para não desistir no caminho. O gosto era agradável, mas tão forte que eu podia senti-lo até no meu nariz. Isso resultou numa careta que o fez rir de mim enquanto puxava o copo de volta.

— Melhor?

Respirei pausadamente e fiz que sim com a cabeça. Seus lábios logo vieram na minha direção, compartilhando o mesmo gosto refrescante do chá.

O Martelo das Bruxas - Volume II: As Crônicas dos Guardiões do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora