Capítulo 36 - A história de Issachar - Parte I

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         Sentei-me no quarto de Merlin no fim da tarde, sentindo meu coração doer

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Sentei-me no quarto de Merlin no fim da tarde, sentindo meu coração doer. Eu fingi estar tudo bem e tentei distrair Myra porque ela parecia triste e preocupada, mas a verdade era que eu também estava.

Eu percebi que minhas escolhas levaram a todos nós para situações extremas e perigosas. Eu devia ter feito como Leonel havia dito e procurado o rei Jahir. Ou mesmo, devia ter visitado lorde Beladona e lorde Alegra em busca de suporte.

Talvez fosse ridículo de minha parte apontar falhas no meu comportamento, quando tudo que realmente fiz foi montar em um lobo e seguir com ele para a cidade da Fronteira. Mas eu estava cansada de fugir.

Eu queria poder dizer sim a Issachar e viver feliz pra sempre com ele, se é que existia algo como "feliz pra sempre". Mas mesmo que eu conseguisse me livrar das acusações do conselho de Antar, eles fariam muita frente para que eu não me casasse.

Eu até poderia ser uma imperatriz, mas sem suporte, meu reinado não iria muito longe.

Ouvi o grunhido de Merlin e notei que ele estava acordado, me fitando entre uma respiração pesada e o suor que cobria seu rosto. Molhei um pano numa bacia de água e tentei aplacar um pouco de sua febre. Merlin segurou minha mão.

— O que foi? — Perguntou, como se pudesse ler minha expressão, com uma voz fraca e rouca. Hesitei antes de dizer algo.

— Eu estou cansada de fugir, Merlin... — Eu contei, fitando o chão. — Eu sinto que todo o meu espírito está cansado.

A mão de Merlin aquecia a minha e ouvi seu suspiro antes que ele dissesse:

— Aceite o julgamento então. — Merlin disse. Ergui meus olhos surpresos, mas o rosto dele não tinha indícios de se tratar de uma piada. Suspirei.

— Eu pensei sobre isso... Mas se eu morrer, não significa que a dinastia Blume morrerá também? E que a guerra contra os territórios da região vai continuar? — Eu perguntei.

— Você devia ter permanecido na região ao invés de ter saído de Antar. — Merlin ralhou. — Lorde Beladona e lorde Alegra estão ambos do seu lado. Por isso íamos para as Ilhas de Mel, até eles mobilizarem a expedição para te defender. E também porque eles não se arriscariam até você estar sã e salva, e dentro de alcance.

— Dizem que Thomas está preparando o exército para uma guerra contra o Vale... Não temos tempo de ir até as Ilhas de Mel. — Eu falei.

— Então vá diretamente até Antar e aceite o julgamento. — Merlin insistiu.

— Eu vou morrer se fizer isso, não vou? — Eu murmurei, sabendo ser verdade.

— A possibilidade é maior do que se você apenas deixasse os lordes mais influentes lutarem por você. Mas se conseguir sobreviver até o julgamento, sem que acabe sendo assassinada, talvez ao verem você diante deles, o conselho seja mais fácil de persuadir, principalmente com Beladona e Alegra do seu lado. — Merlin explicou, e parou um pouco para tossir.

O Martelo das Bruxas - Volume II: As Crônicas dos Guardiões do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora