Capítulo 57 - Depois da Batalha - Parte I

38 2 0
                                    

A parte que ninguém conta nas tavernas sobre as histórias de heróis: a parte em que a vitória nem sempre tem gosto de vitória

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A parte que ninguém conta nas tavernas sobre as histórias de heróis: a parte em que a vitória nem sempre tem gosto de vitória... Mas foi exatamente assim que eu me senti quando acordei.

Não... Na verdade, eu acordei afobada e meus olhos procuraram pelo Ruivo assim que me sentei no chão de concreto, mas não o vi. Ao invés do Ruivo, meus olhos encontraram Anna e imediatamente minha vista ficou turva...

"Eu estou chorando?"... Eu nunca fui um tipo chorão. Quero dizer, eu sempre fiz birra de muitas coisas, mas chorar mesmo... Não. Minha família não era um tipo assim. O único chorão era meu irmão Argeu. Acho que os livros sempre o emocionavam... E por isso desde que ele aprendeu a ler, quis ensinar a todos nós, mas mamãe e papai não quiseram nem saber.

Saltei de pé com olhos fitos em Anna... As lágrimas ainda vinham. Como Argeu aguentava algo tão vergonhoso assim quanto sair chorando por aí? Ah, que saudade dele...

E então Anna sorriu e me abraçou e eu entendi porque as pessoas choravam: porque elas queriam ser confortadas assim. Parecia até errado que eu fosse confortada por Anna e não o contrário, mas o abraço dela se manteve enquanto eu não engoli minhas lágrimas.

— Me desculpe por te dar trabalho, Dama Myra Petris! — Anna disse, me soltando devagar e me fitando com ternura.

Eu era quem queria dizer aquelas palavras: "me desculpe"... "Me desculpe por não ter te protegido", mas elas ficaram presas na minha garganta.

Senti um tapa nas minhas costas que me deixou alerta. Ergui meu olhar para fitar o corpo massivo de Bisonte. Sua pele ainda parecia áspera onde o veneno tinha afetado, mas ele estava bem. Só então me perguntei como é que havíamos sobrevivido...

— Como... — Eu iniciei, mas Anna logo respondeu apontando para um tigre azulado pelo qual eu podia ver além, como uma aparição. Até engoli um grito de susto.

— É uma magia estranha que o tal monge Jiang usa. Ele nos avisou do estado de vocês... Mas na verdade quase não chegamos a tempo. Rorik carregou vocês aqui pra fora. Nós o encontramos no caminho e isso adiantou muito as coisas. — Anna contou.

Ao mencionar o ruivo foi que eu me lembrei novamente de como eu havia desmaiado tentando acordá-lo... Teria dado certo? Fomos salvá-lo, mas ele é que nos salvou.

Olhei em volta com calma para me situar melhor. O mago estava curando cada um com uma magia estranha. Torben e Bisonte já estavam de pé, mas Gunnnar, Mimir e Alice estavam desmaiados. O mago partiu para curar Gunnar, que parecia estar em um péssimo estado. Me perguntei que tipo de bruxa poderia ter feito aquilo com alguém tão forte quanto ele.

— Onde está o Ruivo? — Eu quis saber.

— Ele foi buscar Astrid. — Anna respondeu.

Ouvi o som de um trovão e encolhi meus ombros, com muito mais medo do que realmente tive de ver o espírito de um tigre.... Ergui meus olhos pro céu fechado que anunciava chuva. Parecia tão caótico quanto o céu de Zalim no dia em que fomos salvos da forca.

O Martelo das Bruxas - Volume II: As Crônicas dos Guardiões do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora