A carroça trotava pela estrada de terra mesmo no escuro. O carroceiro carregava uma vela consigo tentando iluminar o resto do caminho. Ele não queria tentar demais a nossa sorte, pois todo mundo sabia que a Dama da Noite era caprichosa e era melhor evitar cair em um de seus caprichos. Mas estávamos perto o suficiente de Ventosa para que o homem quisesse rodar um pouco mais. Estava ansioso por um banho e uma comida quente.
Meu corpo estava cansado, e meu coração já sentia um pouco de falta do Vale, e das saikhans, especialmente de Briona. A Cidade Baixa era o tipo de lugar que alegrava meu coração. Tudo era tão vibrante, desde sons a sabores e era tão mais agitado que Ventosa. Acho que depois de conhecer tantos lugares, Ventosa parecia pequena demais pra mim.
Suspirei e quase como se me ouvisse, o carroceiro parou. Olhei em volta e notei o castelo do Forte. O gato oestino que me seguiu desde o Vale, ronronou e se espreguiçou, como se soubesse que desceríamos ali. Saltei da carroça, disposta a dar as notícias ao Ruivo e a Água Negra antes de voltar pra casa, e o gato me seguiu.
O carroceiro acenou e continuou sozinho pela estrada. O brilho de sua vela foi desaparecendo ao longe, mas as tochas da muralha do forte iluminavam bem os arredores. Quando me aproximei, os novos guardas já foram logo me reconhecendo: Otavius e Marco haviam crescido comigo e apanhado de mim umas boas vezes, mas agora eram guardas do forte. O mundo dava muitas voltas.
Lhes cumprimentei e adentrei a construção, observando os poucos homens que faziam a ronda noturna, no frio daquela noite de inverno. Do lado de dentro, o calor das tochas e da lareira da sala de jantar aquecia bem a entrada e fizeram meu corpo relaxar um pouco.
Encontrei Kendra Angrboda e Água Negra sentados à mesa de jantar sozinhos.
— Boa noite.
Minha saudação fez Água Negra se erguer, como se estivesse ansioso por notícias.
— Você demorou. E então? — Angrboda quis saber.
— Anna está viva... Mais do que isso, ela e mestre Issachar se casaram. Quando deixei o Vale, eles estavam marchando com centenas de valeses pra se unirem ao exército que está em cerco na capital.
— Se casou? Quem é esse tal de Issachar? — Água Negra questionou, como se não aprovasse daquilo.
— É o Ratel de Zalim, capitão. — Angrboda explicou com olhos fitos na mesa, como se pudesse ver algo escrito nela.
— O homem dos raios?
— Esse mesmo... — Ela confirmou.
Água Negra pareceu pensar um pouco e bufou com a cara fechada.
— Ouvi apenas boatos. Ele é confiável? — Água Negra mais soava como um pai que queria garantir que a filha se casou com um bom partido.
— É, não se preocupe. — Angrboda respondeu com pouco humor e suspirou antes de dar um sorriso sem ânimo e me fitar. — Mais alguma coisa?
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O Martelo das Bruxas - Volume II: As Crônicas dos Guardiões do Alvorecer
FantasíaNo Volume II desta trama, o grupo de aventureiros finalmente colide. Uma aventura com piratas toma lugar em alto-mar, enquanto, em terra, um conflito se desenvolve, e aumenta a tensão entre as nações vizinhas. Diante da infindável perseguição, esses...