Crackerman

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Desde que Kai havia descoberto os planos do pai para que ele não fizesse a fusão Gemini, ele havia se tornado bem menos paciente na questão "família".
Ele sempre havia odiado a todos, mas nunca tinha realmente pensado que seria capaz de matar sua família... Ele tinha tido relances, algumas vezes se pegava pensando como mataria eles. Pensamentos provocados pelos anos sendo mal tratado e sofrendo abuso psicológico, mas agora aqueles relances se tornavam cada vez mais reais.

-Oi, Kai -Lauren falou com um sorriso no rosto ao entrar em casa e ver Kai no sofá. -Achei que tinha saído com o resto da família. A Charlotte veio com você?

-A Charlotte? Não, ela ia sair para resolver umas coisas -ele respondeu sem dar muita importância para Lauren, então se sentou no sofá e encarou a irmã em sua frente. -Você gosta dela, não é?

-Ah... Sim, ela é legal -a garota respondeu, passando a mão pela nuca e cruzando os braços de forma desconfortável. -Mas por que a pergunta?

-Ela é bem bonita também, não é? -ele perguntou, enquanto se levantava e se aproximava da irmã mais nova.

Lauren franziu o cenho sem entender o porquê da pergunta e deu um passo para trás. Ela engoliu em seco.

-O que você quer dizer com isso? -ela se esforçou para sua voz não sair trêmula, mas foi um esforço falho.

-Fala sério, maninha -Kai deu uma leve risada irônica. -Não vamos fingir que você não gosta da Charlotte mais do que deveria, dá pra ver o quanto você gosta dela e como fica corada quando ela chega perto de você. Isso explicaria a sua fascinação por festas do pijama na casa das suas amigas.

-Kai, eu só...

-Relaxa, eu não tô com raiva -ele sorriu, dando pouca importância. Olhando para a garota evidentemente aflita. -Ela é bem gata e é esperta, ela também é viajada, interessante... Caramba, eu podia passar o dia todo falando como ela é -Kai deu uma breve risada irônica.

-O que... Onde você quer chegar com isso? -ela perguntou, gaguejando e sentindo sua boca seca.

-Lugar nenhum, eu só estou brincando com você -ele responde em um tom irônico. -Os meus dias tem sido bem chatos, então eu só quero brincar com você, maninha.

Seu sorriso maldoso continuava desenhado em seus lábios. E de um momento para o outro, Kai segurou os ombros de Lauren com firmeza, absorvendo sua magia.

-Eu não me importo com isso, fico até feliz em você estar se descobrindo, isso é legal -seu tom continuava aquela mistura de sarcasmo e um cruel sarcasmo, enquanto ele tomava a magia da garota em sua frente que se esforçava para não gritar de dor. -E nem vou contar pra Charlotte, isso ia ser uma conversa bem estranha.

Com certa dificuldade, Lauren empurrou o ombro de Kai e se apoiou na parede com fraqueza, tentando acalmar a sua respiração descontrolada pela dor.

-Kai? -ela ainda se segurava na parede, e por mais que tentasse esconder eram visíveis algumas lágrimas em seus olhos, seu olhar fixo em Kai com um evidente medo. -Eu sou sua irmã, o que deu em você?

-Eu? Eu estou como sempre estive, maninha -ele deu uma leve risada irônica e colocou as mãos sobre o rosto de Lauren. -Seu segredo está a salvo comigo, desde que o meu fique a salvo com você.

Ele deu um beijo na testa de Lauren que estava colunas mãos trêmulas e em seguida se afastou, caminhando em direção a porta da casa.
Sentindo pela primeira vez aquela sensação de total poder sobre o medo de sua irmã.

-Eu vou falar para a Charlotte que você mandou um beijo pra ela. Se cuida, mana -Kai piscou para ela e sorriu, enquanto saia da casa.

...

Não demorou muito para Kai se reencontrar com Charlotte na casa dela, as coisas não estavam muito diferentes entre eles.
Na verdade, eles haviam se aproximado ainda mais depois de suposta sugestão de assassinatos, passavam horas falando sobre aquilo.

-E ai, teve coragem pra causar medo na Lauren? -Charlotte questionou, bebendo um gole do bourbon em seu copo e observando Kai caminhar pela sala.

-E por acaso eu já tive medo de fazer isso? -ele perguntou com um leve sarcasmo, sorrindo para Charlotte.

-Medo não, mas antes você não era tão ousado -a garota lançou um olhar por cima do ombro e sorriu.

-Isso é mérito seu, o demônio sussurrando no meu ouvido, merece os parabéns -ele respondeu de forma descontraída, enquanto gesticulava e sorria para ela.

Charlotte apoiou seus braços sobre a bancada e sorriu. Aquilo era verdade, ela sabia que era o demônio pessoal de Kai e ele sabia que ela era o demônio que sussurrava em seu ouvido. Mas ambos gostavam daquilo.
Quando a garota fez menção de fazer um comentário, teve sua atenção tomada ao som do rádio que anunciava 12 mortes na Geórgia por ataques de animais.

-Ataques de animais, que coisa mais ridícula -ela resmungou, e bateu a mão com força contra o rádio, fazendo ele se desligar.

-Não gosta de animais? -perguntou Kai de forma irônica e confusa.

Charlotte deu uma suave risada sarcástica, então bebeu um último gole do seu bourbon, sentindo a bebida queimar contra sua garganta.

-São vampiros, usam o nome ataques de animais porque provavelmente não sabem o motivo certo das mortes -ela dizia de forma natural. -Temos um estripador por aí.

A Devil RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora