A Devil Romance

Forest Fire

Depois do último ocorrido, não demorou muito tempo para Charlotte conseguir descobrir onde Stefan estava morando. Whitmore era um lugar pequeno, e aparentemente seu irmão caçula era bem conhecido.
A garota caminhou até o lugar que aparentava ser a casa de Stefan, não se comparava a mansão Salvatore, mas devia quebrar um galho. Ela sentia a ansiedade contagiar todo o seu corpo, então bateu na porta com uma enorme animação a consumindo. Charlotte com certeza iria preferir fazer uma surpresa, mas ser uma vampira as vezes tinha suas desvantagens.

Em menos de um minuto a porta se abriu. Stefan virou o seu olhar para Charlotte. Seu olhar estava confuso, mas um grande sorriso não conseguiu ser contido em seu rosto.

-Charlotte? -sua voz tinha uma evidente incredulidade. -O que você tá fazendo aqui?

-Eu disse que ia vir te visitar, não disse? -ela retribuiu o sorriso animado.

Logo Stefan abriu os braços, então Charlotte o abraçou com força. Ele ergueu a irmã durante o abraço, de forma que ela acabou rindo ao sentir os seus pés longe do chão.

-Faz quase 50 anos desde a última vez que nos vimos -ele dizia se afastando aos poucos do abraço e sorriu. -Vem cá, entra.

-É, eu acabei me distraindo nos últimos anos e não tive muito tempo para visitas -ela sorria, entrando na casa junto com Stefan. -Você tá ótimo, Stefan. Os anos 2000 fizeram bem pra você.

-Que bom que você gostou, você e o Damon viviam implicando com o meu estilo em 1960 -Stefan retruca de forma irônica, então se senta no sofá da sala junto com a irmã. -Falando no Damon...

-É, eu vi ele -ela interrompe. Seu corpo se apoiava no encosto macio do sofá de forma preguiçosa. -Mas não falei muito com ele, só fui ajudar o meu namorado com algumas coisas.

-Então os boatos são verdadeiros -Stefan apoiava seu braço sobre a parte superior do sofá. -Você é a famosa namorada do Kai Parker?

-A primeira e única -Charlotte sorri com seu ar de ironia. -Eu sei o que a sua mente heróica deve estar pensando, não me julgue. Não esperei 50 anos para ver você me julgar.

-Eu não ia te julgar -ele ergueu as mãos como sinal de rendição. -Eu só me preocupo com você da mesma forma que você sempre se preocupou comigo e com o Damon. Os julgamentos são papel para o Damon... Mas eu tenho algumas perguntas pra te fazer.

A garota olhou para seu irmão e concordou com a cabeça para que ele prosseguisse a fala. Sabia que ele provavelmente teria perguntas, talvez fosse a hora de respondê-las.

-Joshua Parker disse que você era uma mistura de bruxa e vampira. Kai disse para o Damon que você era uma bruxa sem magia própria -Stefan voltou a falar, sua voz calma como forma de mostrar para Charlotte que não estava a julgando. -Você sempre foi uma bruxa?

-É... Eu sempre fui -ela responde de forma pouco animada, então passou a mão por seus cabelos para aliviar seu nervosismo. -Eu não tinha magia própria e as paredes da mansão Salvatore tinham magia, quando eu tinha 4 anos não conseguia mais controlar. Foi por isso que os nosso pais me trancaram naquele porão, para que ninguém descobrisse que eu era uma bruxa. Aos 17 eu virei vampira, mas acabei virando uma mistura de vampira e sifão. Se chama herege, aparentemente eu sou a primeira da espécie.

-E por que não contou para mim e para o Damon? -ele questionou.

-Ah, Stefan -ela deu uma risada fraca, não tinha graças, mas Charlotte nunca sabia falar sobre suas feridas sem rir de si mesma. -Eu passei anos da minha vida achando que minha magia me fazia ser uma abominação. Eu escondia ela de todos mesmo quando não precisava... Quando eu conheci Klaus ele me ajudou a conhecer uma bruxa que me ensinou a controlar e fazer feitiços, mas eu nunca tive interesse por magia... Só aprendi a gostar quando eu conheci Kai.

Charlotte fez uma breve pausa e passou a língua entre os lábios. Stefan olhava para ela de forma calma, ele não parecia estar julgando ela internamente e isso a acalmava.

-Toda a família dele era composta por bruxos. Era novo para mim e para ele... Eu ensinei ele a matar, a ser ele mesmo e ele me ensinou a não ter medo de mostrar a minha magia. Foi com ele que eu aprendi a ter orgulho de ser o que eu sou.

-Você gosta dele -Stefan responde. -Eu nunca vi você gostar de ninguém... Por isso eu vou ter que recusar a oferta que o Damon me fez de tentar matar o Kai, não vou ser egoísta com você.

Os dois se olharam e acabaram sorrindo. Charlotte se levantou ao ver uma garrafa de bourbon perto da televisão, então encheu um copo e bebeu um gole curto.

-Chega de falar sobre mim, vamos falar sobre você -ela volta a se sentar no sofá. -Da última vez que eu vim eu lembro da versão chata da Katherine estar dividida entre você e o Damon... Com isso, eu vou chutar que um grande drama aconteceu.

-É, e aconteceu -ele deu uma breve risada. -Eu e Elena namoramos por um bom tempo, ela era o meu amor épico... Mas no final ela escolheu o Damon, claro que as coisas não foram fáceis no início, mas agora está tudo bem. Eu estou feliz, estou seguindo a minha vida.

-Honestamente? -Charlotte diz depois de alguns segundos de silêncio. -Você era demais para ela... Você ainda vai achar alguém que te mereça, e mesmo que não ache, a vida pode ser muito divertida mesmo sem companhia... E se ela tiver magoado você, eu mato ela.

Assim que a irmã disso a parte final ambos acabaram caindo na risada.

-Acho que você pode dispensar as mortes -Stefan retrucou com uma leve ironia. -Eu tô muito feliz em ver você, mas uma hora você vai ter que parar de ignorar o Damon.

-Eu não estou ignorando ele -Charlotte ergueu um pouco seu corpo. -Só não vou fingir que ele não falou coisas horríveis para mim, vamos ser honestos, ele merece ter um pouco de remorso.

-50 anos com remorso não é o suficiente? -pergunta Stefan de forma retórica.

-Nada é o suficiente para mim -ela responde com sarcasmo e se levanta do sofá, então dá um beijo na bochecha de seu irmão. -Agora eu vou indo, mas ainda vamos nos ver bastante, eu não pretendo sair da cidade tão cedo.

-Eu não vou tentar te dar uma lição de moral sobre o que você pretende fazer aqui, mas toma cuidado -Stefan se levantava junto com ela. -Não quero perder a minha irmã favorita depois de tanto tempo.

Eles acabaram rindo, conforme andavam juntos para fora da casa.

-E não vai perder, vai precisar muito mais do que alguns seres mágicos para matar Charlotte Salvatore -um breve sorriso sarcástico se instalando no rosto da garota,

E novamente, ela sumiu com sua velocidade de vampiro.

...

Em Mystic Falls, Tyler finalmente voltava para a sua casa depois de passar o dia tentando acalmar a Liv. Ele entrou no local de forma calma e um tanto cansada, mas acabou se surpreendendo ao ouvir uma voz estranhamente familiar.

-Eu acho que gin da ressaca -Kai comenta sarcasticamente, enquanto bebia um gole de sua bebida e se levantava de uma poltrona.

Tyler caminhou até Kai de forma agressiva, mas antes que realmente se aproximasse, Kai bateu a taça que estava em sua mão contra a parede. A taça se quebrou contra a mão de Kai, fazendo ele segurar um grande e afiado pedaço de vidro.
Em movimentos rápidos, ele se aproximou de Tyler e segurou a sua cabeça, colocando a ponta do vidro contra o pescoço dele.

-Eu prefiro não matar você -diz Kai com naturalidade e sarcasmo ao mesmo tempo, enquanto mantinha a ponta do vidro próximo a garganta de Tyler. -Mas eu vou.

Tyler o olhou com raiva e medo conforme sentia a ponta do vidro sutilmente contra sua pele. Kai acabou deixando um breve sorriso cínico e maldoso escapar no canto de seu rosto.

-O que você quer? -Tyler pergunta de forma relutante.

-Eu sei que parece loucura, mas eu quero salvar a vida da Liv -Kai disse com convicção. Com certeza tantos anos convivendo com Charlotte o fez aprender algumas coisas sobre a manipulação.

Ele soltou Tyler e abaixou o pedaço de vidro. Agora Tyler parecia evidentemente interessado no que ele tinha a dizer.

-Quer fazer um trato com o diabo? -Kai perguntou com um breve tom de maldade e um sorriso irônico no canto de seu rosto.