About A Girl

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O coração de Lauren caiu ao lado de seu corpo sem vida. Charlotte levava o dedo anelar ensangüentado até sua boca, e provava aquele doce sabor. Ela limpou a mão em sua regata preta, e ouviu passos vindos de escada.
Ela caminhou ao encontro do som, e então encontrou Kai no lado oposto da sala.

-Sabe... Eu acho que até agora fiz um ótimo trabalho -Kai dizia com um evidente entusiasmo e orgulho, enquanto observava a sala de estar suja de sangue e o cadáver de seus dois irmãos pendurados no corrimão. -O que você acha?

O olhar de Charlotte era, como sempre, indecifrável. Mas ela possuía um sútil sorriso em seu rosto, seus olhos percorriam todo o ambiente de caos.
Aos poucos, ela e Kai se aproximavam um do outro, mas Charlotte só o olhou diretamente quando estavam frente a frente.

-Eu acho que você fez uma verdadeira obra prima, sua mãe deveria agradecer por você ter redecorado -o tom de Charlotte mantinha seu costumeiro sarcasmo.

Kai acabou rindo. E então, puxou a garota pelo braço, trazendo ela para um beijo cheio de desejo e intensidade.
Vários casais se sentiam eufóricos com momentos românticos, talvez se beijar durante o pôr do sol ou em frente a Torre Eiffel.
Mas o local de euforia de Kai e Charlotte era onde reinava a dor, sangue e morte.
Aquilo trazia uma excitação surreal.

Enquanto o beijo prosseguia com selvageria, Kai empurrou Charlotte contra a parede e um gemido involuntário saiu de sua boca. Ela adorava cada toque de brutalidade que ele tinha.
Seus corpos estavam grudados ao ponto de sentirem o calor um do outro. Suas línguas se encontravam em perfeita sincronia. Suas respirações estavam ofegantes e pesadas. E uma das mãos de Kai explorava e puxava sutilmente os cabelos ondulados de Charlotte, enquanto a outra percorria seu corpo.

-Eu tenho que achar os gêmeos -Kai sussurrou durante um breve intervalo do beijo, mas logo o retomou em um ritmo acelerado.

Charlotte o acompanhava com a mesma emoção, então em um outro intervalo do beijo, ela retrucou:

-Então, por que está perdendo tempo?

O beijo se prolongou por mais alguns segundos. Seus lábios se separaram, e suas testas ficaram encostadas, enquanto sentiam suas respirações agitadas uma contra a outra.
Mas quando iam quebrar o silêncio, Charlotte virou seu rosto em direção a porta. Ela havia ouvido um barulho vindo do quintal.

-Sua mãe chegou -ela se afastou de Kai, e pegou um taco de beisebol que estava jogado no chão. -Vai atrás dos gêmeos, eu cuido dela.

Ela estendeu o taco de beisebol para Kai. Ele empunhou em sua mão, batendo suavemente a madeira contra sua palma.

-Eu já disse que você fica mais gostosa do que o normal quando quer matar alguém? -ele questionou retoricamente. Seu olhar deslizava pelas curvas de Charlotte, com um sorriso malicioso no canto de seu rosto.

-Não, mas você vai ter a eternidade toda para dizer isso para mim -Charlotte piscou e sorriu de forma convencida.

Ela viu Kai se virar e caminhar na direção da escada para voltar a procura pelos gêmeos. Mas antes que ele subisse o primeiro degrau, ela questionou:

-Rápido ou devagar?

Kai parou de andar naquele mesmo instante, e ficou em silêncio por alguns breves segundos.
Ele sabia o que Charlotte queria dizer. Ela queria saber se ele preferia que sua mãe morresse rápido ou devagar.

-O mais doloroso possível -sua voz continha uma evidente satisfação.

Charlotte sorriu com a resposta. Ela pegou a faca de caça que estava jogada no chão, ainda suja com o sangue de Lauren.
Ela rodou a faca divertidamente em sua mão, e resistiu ao impulso de experimentar o sangue quase fresco.
A garota cruzou os braços, o que fez a faca ficar escondida sobre o tecido da sua jaqueta jeans. Ela abriu a porta, indo em direção ao quintal, e vendo Laura Parker um tanto distante.

A Devil RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora