Straight To Hell

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A música "Two Princes" de Spin Doctors ecoava pelo local em alto e bom tom. Era impossível ignorar a melodia, não importa o quanto tentassem.
Kai tentou ignorar o som de início. Ele resmunga, sentindo uma dor irritante no pescoço. Ele respirou fundo, seus olhos fechados e sua cabeça baixa. O barulho do metal batendo suavemente contra seu corpo mostrava que não tinha como escapar naquele momento.

-Não! -ele falou para si mesmo. Como foi dito, era impossível ignorar a melodia repetitiva. -Não, essa música não.

Ele suspirou, com frustração. A luz suave do palco de karaokê batia contra seu rosto. Kai balançou a cabeça, uma mistura de frustração e aceitação, se é que isso era possível.

-Eu voltei para o inferno -novamente ele balança sua cabeça.

Kai tentou se levantar, as grossas correntes que prendiam seu corpo o impediram.
Mas ainda tinha uma coisa que fazia o coração de Kai palpitar de animação, algo que ele torcia para que fosse verdade.

-Isso é impossível -a voz de Bonnie ecoou, com calmaria. Ela se aproximava. -Porque o Cade está morto, e o inferno não existe mais.

Kai a observou. E mesmo que não quisesse, era impossível não sentir vontade de matá-la.
Mas ele apenas sorriu.

-Então, vocês deram um jeito mesmo, né? -o mesmo sorriso cínico continuava desenhado nos lábios de Kai. -Se eu não estivesse preso, apertaria sua mão.

Bonnie franziu o cenho, não era essa a reação que esperava de Kai sobre o inferno e as almas presas terem sido destruídas.
Ela tentou fazer um comentário, mas foi interrompida por ele.

-Awh, você vai me castigar é? Porque isso é bem sexy -Kai sibila, seu tom evidentemente irônico.

-Bom... Eu estou meio psíquica esses dias -Bonnie diz, uma mistura de ironia e naturalidade consumindo sua voz. Ela deu um passo a frente. -Então, nós sabemos que o seu maior medo é voltar para a sua prisão

-Primeiro, você é uma péssima psíquica. Segundo, esse não é o maior medo -ele ironiza. -E terceiro, você não pode fazer isso. Pra criar uma prisão você precisa de...

-Um desses? -ela indaga de forma retórica, mostrando o ascendente em sua mão. -E magia Gemini? Josie e Lizzie estão se saindo bem. Eu ajudei um pouquinho.

Bonnie fez uma expressão irônica.
A fala de Kai cessou. Ele olhou para o lado, com impaciência, sua respiração se tornou pesada pela preocupação e um toque de medo. Seu semblante se tornando sério.

-Mas eu tenho que admitir... -Bonnie prossegue. -Isso é impressionante.

-Onde tá todo mundo?

-Não tem mais ninguém. Só você, a sua mente insegura e uma música que você odeia tocando -ela manuseava o ascendente em sua destra. Bonnie deu um leve sorriso, talvez satisfeita com aquilo tudo. -Pra sempre... E não tem eclipses ou uma namorada sociopata pra te livrar dessa vez.

Bonnie deu as costas. Começando a caminhar na direção da saída.

-Não... -Kai murmurou. -Bonnie, espera! Espera, espera. Por favor!

A voz de Kai saia com desespero. O som das correntes ecoava, conforme ele tentava mover seu corpo.
A bruxa parou de andar, os olhos piscavam com sarcasmo, aproveitando a situação.

-Eu... -ele falou, com desespero e angústia. Isso até uma repentina mudança de humor surgir. Kai sorriu, e apoiou suas costas sobre a cadeira, como se nada tivesse acontecido. -Eu perdi a aposta.

Ele começou a rir. Bonnie tentou resistir, mas se virou para olhá-lo. Seu olhar confuso e suas sobrancelhas franzidas.

-Eu não acredito que vocês caíram nessa -Kai riu novamente.

A Devil RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora