She Knows It

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—Eu nunca fui expulsa da sala de aula.

Bonnie estava sentada sobre o banco almofadado do barco. Ela larga aquele papel colorido que estava em sua mão e olha para Charlotte.

—Essa pergunta foi idiota. Você tem cara de quem vivia sendo expulsa das salas de aula —a bruxa sorri.

Desde que haviam descoberto sobre o paradeiro do ascendente, elas decidiram ser rápidas.
Apenas explicaram tudo para Elena e Caroline, então começaram a viagem.
Quase vinte e quatro horas de carro até decidirem parar no litoral, onde começariam a procurar pela ilha.
Elas pegaram um barco elétrico tradicional americano. Obviamente sua primeira opção foi pegar um iate chique, mas isso acabaria atrasando a viagem. Para sua sorte, o barco que haviam pego também era cheio de comodidade.

—Qual é, eu nunca fui expulsa da sala —Charlotte riu, fazendo uma expressão dramática, como se tivesse sido ofendida. —Na minha época as garotas não podiam ir pra escola, então não tínhamos salas de aula. Eu estudava sozinha.

Bonnie coçou a nuca e deu um sorriso fraco.

—Desculpa, as vezes eu esqueço que você é bem mais velha —ela volta a olhar para as perguntas do jogo "Eu nunca". —Eu nunca dormi na rua.

—Eu já... —Charlotte disse baixinho.

Assim que as duas se olharam caíram na gargalhada.

—Como assim? —Bonnie pergunta em meio às risadas altas.

—Tá, espera. Não é tão ruim quanto parece —Charlotte continuava rindo junto com a bruxa. Ela apoiou o antebraço sobre o volante da lancha que estava dirigindo. —Era nos anos 90. Eu e o Kai tínhamos saído pra ir em um show da Nirvana em Seattle. Curtimos a noite toda, e nos divertimos demais.

A herege deu um sorriso suave com a lembrança. Seu olhar ainda fixo na vastidão do mar.

—Só que nós ficamos tão bêbados que não conseguíamos voltar pra casa. Então, nós ficamos deitados na calçada de uma lanchonete e dormimos lá —ela inclinou um pouco seu corpo, apoiando seu queixo sobre o volante. —Só acordamos quando um velhinho jogou algumas moedas perto de nós porque achava que éramos mendigos.

As duas riram novamente. Bonnie relaxava seu corpo no banco.

—Como você e o Kai se conheceram?

Charlotte desviou o seu olhar na direção da outra mulher. A resposta vinha em sua mente com facilidade, mesmo assim ela demorou alguns curtos segundos para responder.

—Eu sempre quis entender a minha espécie... Tipo, ninguém me falava como se chamava uma bruxa que não tinha magia própria. Eu queria entender isso, queria responder a única pergunta que eu não sabia a resposta —ela falava com uma naturalidade melancólica. —No natal de 1989, eu e Enzo estávamos em Londres. Ele tinha descoberto sobre um Clã de bruxos que poderia saber a resposta.

—O Clã Gemini... —conclui Bonnie.

—É, foi exatamente isso —diz Charlotte. Mesmo com sua postura relaxada, ela conseguia pilotar e conduzir o barco em meio às ondas suaves.

Bonnie a observou por alguns segundos. Logo desviando seu olhar em direção as águas límpidas e azuis do mar.

—Quer dizer que o Enzo foi um dos responsáveis por você conhecer o Kai? —ela pergunta, ainda com aquele leve sorriso curioso.

—Ele foi 100% responsável. Eu e o Enzo saíamos aprontando pela Europa. Era divertido —Charlotte deu de ombros. —Sem ele, eu não teria conhecido o Kai.

A Devil RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora