A Devil Romance

I've Got You, Brother

Havia se passado quase duas horas. A noite já tinha chegado, mas mesmo com a véspera de Natal ninguém aparentava estar com um espírito natalino.

Damon entrou na Mansão Salvatore, a primeira vez em 5 meses. Mas mesmo assim ele não se sentia em casa, uma série de eventos torturavam sua mente. Bonnie presa no mundo prisão, Elena sem suas memórias, ele havia errado várias vezes com Alaric e até agora não conseguiu falar com sua irmã. Era tudo torturante. Ele sempre achou que conseguiria fazer as coisas da maneira correta quando encontrasse Charlotte, mas era como se ele próprio o impedisse.
Mas ele foi tirado de seus pensamentos quando ouviu a porta da frente abrir, ele caminhou alguns passos em direção ao corredor para poder ver quem era. E logo pôde ver Stefan se aproximar da sala.

-Você tá péssimo -Stefan comenta ao se aproximar de Damon. -Dia ruim?

-Mais do que ruim -Damon força um sorriso sarcástico. -Ela nunca vai me perdoar, não é?

Stefan inclina um pouco a cabeça para o lado e abre um pouco os braços como se não tivesse uma resposta.

-Você deveria perguntar isso para ela -o loiro comenta com naturalidade.

E antes que Damon tivesse a chance de retrucar, ele viu Charlotte adentrar na sala. Dessa vez seu olhar não tinha maldade e nem sarcasmo. Stefan deu alguns passos para trás e acenou com a cabeça, como se demonstrasse que ia esperar lá fora.
Naquele momento, Damon não viu o olhar da pessoa cruel que todos comentavam. Para ele, ela não era a vampira manipuladora, não era a namorada de Kai Parker, não era a herege original...
Era apenas a Charlotte, sua irmãzinha...
Aquela que ele esperou 50 anos para reencontrar.

-Você veio... -Damon sussurra e acaba sorrindo de forma esperançosa.

-É, eu vim... -ela se aproximou um pouco. Charlotte ainda se mantinha firme, mas suas defesas haviam se abaixado, aquilo mostrava que ela iria ouvir. Iria dar uma chance. -Sem o Kai. Sem truques. E sem mentiras essa vez. Era isso que você queria, não era?

O irmão voltou seu olhar para o chão e mordeu a parte interna da sua bochecha, ele estava sentindo um enorme nervosismo.
Ela estava lá, seguindo todas as exigências que ele havia pedido. Damon se sentiu como uma criança mimada e ingrata, ele se sentiu envergonhado e Charlotte sabia que ele tinha se sentido assim. Damon a conhecia o suficiente para saber que sua irmã estava tentando fazer ele se envergonhar, como uma irmã mais velha pune o seu irmão mais novo. Mas ele não sentia raiva, sabia que merecia aquela sensação.

-Eu sou um imbecil -as palavras saíram da boca de Damon como se rasgassem seu peito. Charlotte apenas riu com sarcasmo.

-Me diz algo que eu não sei.

Damon engoliu em seco.
Não é hora para ser orgulhoso e arrogante, Damon.
Ele dizia para si mesmo.

-Desde aquela noite, eu passei horas criando um discurso perfeito... -ele começou a falar. Dessa vez engolindo todo o seu orgulho, e se deixando guiar pela sua emoção. -Na minha cabeça, eu encontrava você, te falava todo aquele lindo pedido de desculpas e tudo ficava bem, e depois íamos para uma grande boate... Íamos dançar, beber bourbon e sangue, e depois tudo acabaria bem... Eu decorei todo o discurso na minha cabeça, era lindo. Mas quando eu vi você, foi como se eu tivesse levado um soco tão forte que me fez esquecer todo aquele discurso poético e perfeito.

Ele dizia com seu típico jeito de demonstrar emoções... Era difícil para ele, mas Charlotte admirava o seu esforço. Damon gesticulava e sua voz saia de forma um tanto exaltada e até mesmo desesperada, as vezes contendo um breve ar de sarcasmo.

-Eu amava a Katherine, e quando eu ouvi você falar daquele jeito acabei perdendo a cabeça... Mas eu não consegui dormir naquela noite, porque um monte de lembranças vieram na minha cabeça -ele prosseguiu. -Eu vi tudo o que você fez por mim por anos... Lembrei de quantas vezes você tomava os meus castigos para você, quantas vezes você entrava entre mim e entre o nosso pai quando ele me batia... Quando você abriu mão de matar o nosso pai na noite que aquele pesadelo aconteceu, tudo isso para que eu e Stefan tivéssemos uma chance de sermos felizes.