A Devil Romance

In The Party

Embora não fosse a mais animada das conversas, a reação de Bonnie sobre o que havia acontecido entre Charlotte e Enzo tinha sido melhor do que o esperado. Bonnie tinha sido bem compreensiva, e Charlotte Salvatore entendeu aquilo como um sinal para não cometer o mesmo erro duas vezes. Ela estava disposta a não deixar aquele teatro atrapalhar o seu bom senso novamente.
E agora que Bonnie havia ido embora, a herege se escorou no balcão do Mystic Grill e virou seu terceiro copo de bourbon. A festa de Sybil aconteceria em algumas horas e era melhor ela conseguir pelo menos fingir animação e menos mal humor.

—Dia difícil?

Ela virou o rosto para o lado, observando o homem que havia chamado sua atenção. Ele era bonito, deveria ser humano. Tinha cabelos loiros bagunçados, olhos azuis e era jovem.
"É, dá para o gasto."

—Um dos piores —ela inclinou a cabeça para o lado. Uma mecha de seu cabelo bagunçado caiu sobre um de seus olhos escuros. —Um dos meus irmãos está totalmente doido, meu ex está transando com uma piranha e eu acabei de ter uma conversa super estranha com a minha amiga sobre eu ter quase transado com o ex namorado dela, que por acaso é o meu melhor amigo. E ainda tenho que ir em uma festa com toda essa gentinha.

O loiro levantou um pouco as sobrancelhas e fez um aceno para o garçom, que rapidamente se aproximou.

—Trás um copo do melhor whisky para essa moça —ele diz, voltando a olhar para Charlotte. —Esse vai ser por minha conta.

Ele sorri e pisca para Charlotte. Ela deu uma risada irônica, seu olhar se focou por alguns segundos no pescoço dele e ela considerou o som do coração pulsando como um convite.

—Você é o meu anjo da guarda —sua voz saia com uma ingenuidade e manha intencional. Ela inclinou um pouco se corpo para frente, se aproximando e colocando a mão sobre o joelho dele, suas unhas roçando contra o jeans. —Um copo de whisky é o melhor que você pode me oferecer?

O loiro passa a língua entre os lábios e se aproxima um pouco mais, sentindo a respiração da herege se juntar contra a dele.

—Sai daqui comigo e eu te ofereço o que quiser.

Charlotte sorri e se afasta, relaxando o corpo no banquinho e virando o rosto para o lado.

—Me espera nos fundos. Eu vou beber o meu whisky e te encontro lá —ela sugere.

Aquele seu jeito de agir, como se não se importasse com nada e nem ninguém, acabava atraindo ainda mais a atenção de qualquer pessoa.
Ele se levantou, jogando uma nota de cinquenta dólares no balcão para pagar as bebidas.

—Te espero lá fora —ele passa por Charlotte em direção a saída, seu olhar a analisava da cabeça aos pés.

Ela apenas ignorou, tentando se recordar da última vez que tinha flertado com um desconhecido, a resposta foi vaga em sua mente. De qualquer forma, ela acabou percebendo que ainda sabia como fazer isso.
O garçom colocou o copo de whisky sobre o balcão e pegou o dinheiro. Charlotte agarrou o copo e virou, engolindo a bebida de uma vez. Ela ignorou aquela suave sensação de quanto se bebe o suficiente para se sentir mais eufórica, mas não o bastante ao ponto de ficar bêbada ou tonta.
Ela se levantou e saiu do Grill. Seus passos eram firmes e sua cabeça estava erguida quando ela caminhou até o beco ao lado do bar.

—Uau. Você realmente esperou —ela diz ao ver o loiro com as costas apoiadas sobre o muro pichado. —Que gracinha.

Ele ri com suavidade, vendo Charlotte se aproximar em passos lentos.

—Não querendo ser desrespeitoso, mas... Você é muito gostosa —ele ergueu o rosto para encarar Charlotte quando a mesma ficou próxima demais. —Eu não ia perder a chance.