Cool For The Summer

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Depois de mais algumas discussões rápidas, alguns grupos se separaram. Era até melhor assim, evitava brigas.
Charlotte caminhava em direção as escadas para procurar Stefan, já que ela não aguentava mais ver o grude entre Damon e Elena, mas ela foi tirada de seus pensamentos quando alguém se aproximou.

-Charlotte? -Luke a chamou, se aproximando aos poucos. -Eu e Liv podemos falar com você um pouco?

-Depende -ela retruca com sarcasmo. -Vai ser outra tentativa de me mandarem para o mundo prisão?

Lucas apenas fez um aceno negativo com a cabeça, então Charlotte se sentou em um dos degraus da escadaria vendo os gêmeos puxarem dois puffs pequenos para ficarem mais próximos.

-Nós ouvimos a sua conversa com a Jo -começa Liv. -Nós ouvíamos histórias sobre você e sobre o Kai, mas sempre com a versão do nosso pai... E depois do que ouvimos entre você e a Jo, queremos saber qual é a sua versão da história.

-Querem que eu conte o que fez Kai fazer o que fez? -Charlotte arqueia uma sobrancelha de forma surpresa. -Por que eu contaria isso?

-Você deve isso a nós -diz Luke. -Eu e Liv não temos culpa da guerra que você e Kai tinham com a nossa família, e mesmo assim pagamos por isso. Você tirou a nossa chance de ter uma mãe, o mínimo que você nos deve são respostas.

-Eu não devo nada a nenhum Parker -a herege ri com escárnio. -Somente para o Kai que sacrificou 18 anos da vida dele pra me salvar. Mas tirando ele, não devo nada para a família Parker.

Os gêmeos se olharam frustrados, então começaram a se levantar.

-Mas eu vou dar respostas para vocês -Charlotte falou, fazendo os dois focarem suas atenções nela. -O que vocês querem saber?

-Jo disse para você que cometeu um erro em deixar nossos pais tratarem o Kai como uma abominação -Olívia olhava para a mulher a sua frente. -Nós sempre achamos que o nosso pai chamava Kai e você dessa forma por vocês terem matado os nossos irmãos... Qual é a verdadeira razão?

Uma risada nasal escapou das narinas de Charlotte com sarcasmo, mas ao mesmo tempo com pouca emoção.

-Eu e Kai somos uma espécie diferente de bruxos, bruxos sifonadores, incapazes de ter magia própria. Vocês sabem disso -Charlotte desviou o olhar para o chão, conforme falava. -Mas há uns anos atrás essa espécie era considerada uma abominação. Eu fui considerada uma abominação durante o meu tempo. Kai também foi considerado, só que pelos seus pais.

-Você tá querendo dizer que nossos pais sempre rejeitaram o Kai só por ele não ter magia própria? -Luke o olhava de forma incrédula. -Por que eles tratariam o Kai diferente por isso?

-Como eu posso explicar isso? -perguntou Charlotte para si mesma, tentando achar uma forma de explicar. -Luke, você é gay, não é?

-Se for dizer algo maldoso... -Liv respondeu por Luke.

-Eu não ia dizer nada maldoso, eu só quero dar um exemplo -Charlotte a interrompeu e voltou a falar. -Quando eu tinha 15 anos, eu fui prometida em casamento pra um rapaz, o filho de Nataniel Bolton, um homem muito rico. Naquela época era comum casamentos arranjados. O nome do meu pretendente era Tom, ele tinha 17 anos. Nós nos conhecemos e tentamos nos aproximar, até porque um dia iríamos acabar nos casando.

O olhar dela se voltou para um canto no chão, um sorriso fraco tomou seu rosto conforme as lembranças vinham em sua mente. Ela continuou com sua fala:

-Ficamos muito próximos. E saíamos escondidos quase toda semana, todos os funcionários nos ajudavam a fugir porque achavam que nós íamos nos beijar às escondidas... Na verdade nunca nos beijamos -ela acabou rindo da memória. -Ele era apaixonado pelo filho do moleiro, eu só ia junto para poder ajudar os dois a ficarem juntos. Sempre que o meu pai descobria que eu tinha saído com Tom ele me batia até minhas pernas ficarem roxas, ele dizia que eu era suja e que se eu perdesse a minha pureza ele ia me machucar muito mais. Mas eu não me importava, eu queria ajudar o Tom...

"Tom sempre me pedia desculpas, dizia que tinha vergonha de ser apaixonado pelo filho do moleiro. Ele falava a si mesmo que era uma abominação, e naquela época homossexualidade era algo proibido... Mas eu não entendia o porquê daquilo ser proibido, e sempre briguei com Tom quando ele dizia que era uma aberração."

-Eu sabia como era ser chamada de abominação apenas por ser eu mesma, então eu jamais o julgaria...

-O que aconteceu com ele? -Liv questiona, sua voz mostrava que ela já estava aflita e até mesmo comovida pela história.

-Meu pai e o pai dele descobriram... Sabe, antigamente assassinatos não importavam desde que os assassinos fossem uma família rica -Charlotte engoliu em seco, sua fala saindo de forma arrastada. -O filho do moleiro foi chicoteado até a morte... Eu implorei para o meu pai e para Nataniel não fazerem o mesmo com Tom, fiz várias promessas, prometi me casar com ele, prometi engravidar para poder dar um herdeiro aos Bolton... Não adiantou, o pai de Tom matou ele, e meu pai garantiu que eu visse tudo. Aquela foi a minha punição, uma punição apenas por permitir que duas pessoas se amassem e fossem elas mesmas.

-Eu entendi o que você quis dizer... -a voz de Luke saiu baixa. -Nossos pais puniam Kai apenas por ter nascido daquele jeito, da mesma forma que o pai de Tom o puniu, e da mesma forma que o seu pai te puniu... Apenas por serem diferentes.

-O que Kai fez com a família de vocês não foi nada além de justiça -Charlotte se levanta. -Quando não se consegue a justiça de forma amigável, se consegue através do sangue... Vocês deveriam começar a ver quanto sangue seu pai tem nas mãos, e não foi em busca de justiça.

...

-E foi assim que eu fiz a Jo perder um dos órgãos em 1994 -Kai terminava de contar uma história.

-Até que a história é interessante -acrescenta Damon. -Agora eu consigo entender porque você é tão obcecado no baço da Jo.

-Vocês são tão hilários -Jo revira os olhos. -E são absurdamente irritantes.

-É, eu ainda tô me adaptando com o fato de ser cunhado do seu irmão -Damon diz com pouca importância. -Ainda é meio frustrante.

-Ninguém mandou você ser tão idiota, eu te chamei de cunhadinho no mundo prisão, já era um ótimo sinal -retruca Kai sarcasticamente. -Mas provavelmente o seu sarcasmo já corroeu a sua inteligência.

-Como eu ia acreditar que a minha irmã passou do nível: namorada do híbrido original, para passar para o nível: namorada de um sociopata grunge -falou Damon de forma irônica.

-Damon e a sua mania de não superar o fim dos meus relacionamentos -interrompe Charlotte em um tom amigável ao se aproximar deles.

-O seu irmão só tem inveja de nós dois porque nós temos as nossas memórias, ao contrário da namorada dele.

Charlotte acabou rindo do comentário de Kai, ignorando o olhar entediado de Elena.
A conversa voltou a fluir, então Kai desviou o seu olhar rapidamente para o relógio que estava na parede. Um sorriso cínico se instalou no canto de seu rosto, então ele aproximou de Charlotte e fingiu brincar com os cabelos dela, fazendo ela olhar discretamente para o relógio que marcava 02:05.
Charlotte sorriu para ele, então olhou para a parte decorativa da sala vendo uma faca de caça com outros objetos de caça. E de forma discreta ela pegou uma das facas em sua mão, e escondeu em sua jaqueta.

Eles se aproximaram aos poucos do restante do pessoal que estava na sala, todos tão focados na conversa que nem se importaram com Kai e Charlotte.
Mas isso só durou até um certo momento. Logo, o grito de Liv ecoou pelo local.

-Ah, eu já não aguentava mais esperar -Charlotte fala com cínismo, torcendo a faca no abdômen de Liv. Em seguida, sussurrando no ouvido da loira. -Não leva para o lado pessoal, cachinhos dourados.

Quando Joshua se levantou para tentar fazer algo, Charlotte tirou a faca de dentro de Liv e a jogou em direção a Kai.
Ele pegou a faca sobre o ar, e em movimentos rápidos enfiou a faca e a torceu na barriga de seu pai, fazendo ele cair no chão pela dor.

-A festa foi ótima, mas o tempo já acabou -Kai comenta com maldade e ironia, então vai saindo junto com Charlotte. -Relaxa. Eles não vão morrer se vocês derem sangue de vampiros para eles, de preferência o mais rápido possível, só por precaução.

-Damon e Stefan, eu ligo pra vocês depois -Charlotte acena para os irmãos, então volta seu olhar para os outros que estavam ocupados tentando ajudar Liv e Joshua. -Feliz natal, gente. Boas festas.

Ela acabou rindo de forma cínica, então ela e Kai saíram de lá antes que alguém fosse os impedir.

A Devil RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora