A Devil Romance

Outshined

Kai observava mais a garota se aproximar, então por um breve segundo seu olhar desceu até o atrativo decote dela, mas logo desviou o olhar para o rosto de Charlotte e repreendeu a sua atitude.

Ele não era muito acostumado a conversar com garotas, não era o típico cara paquerador que arrasa corações, ele era só o bruxo defeituoso da família, a abominação do Clã Gemini... Como ele poderia saber como lidar com aquela garota?
Tão bonita e ao mesmo tempo tão misteriosa...
E ainda alguém como ele, alguém que não achava que ele era uma abominação, qual era a chance de Kai conseguir manter uma conversa com Charlotte?
Já tinham se passado 20 minutos de conversa.
Bom... É um recorde, não é?

-Eu sou Kai, Kai Parker... O prazer é todo meu -ele dizia olhando para a garota e sorriu ao final da frase.

-Parker? A família líder da Gemini? -ela perguntou de forma curiosa mesmo que a resposta fosse óbvia. -Uau, eu sou uma garota de sorte, além de achar um cara interessante com o mesmo tipo de magia que eu, ainda faz parte dos líderes do Clã.

Um breve silêncio se instalou na conversa, Charlotte não sabia o motivo, ela falou algo errado?
Na verdade não, mas Kai pensou em como explicar para a garota que ele não era um orgulho para a família, muito pelo contrário.
Ficava marcado em sua mente todas as vezes em que os pais chamaram ele de abominação, desde que era uma criança até os dias atuais.

-Falei alguma coisa errada? -perguntava Charlotte com certo receio.

Assim que ela dizia aquilo, Kai voltou o olhar para Charlotte e balançou a cabeça negativamente, então em alguns segundos tomou coragem para voltar a falar.

-Não, você não falou nada errado -ele fez uma breve pausa na fala e desviou o olhar. -Meu pai é o líder do Clã, mas eu não sou bem o orgulho dos Parker, se é isso que você quis dizer... Acho que você deve imaginar o porquê, talvez eles tenham razão, talvez eu seja uma aberração.

Ao falar a parte final, Kai ergueu um pouco as mãos se referindo a sua magia e deu uma risada fraca, como se quisesse mostrar que não se importava com aquilo.
Mas de certa forma Charlotte sabia que não era verdade, sabia que ele se importava... E como ela sabia? Bom... Ela passou por aquilo durante toda sua vida.
Kai foi sincero em suas palavras, mas como sempre tinha dificuldade em expressar o que sentia, então fingiu que não se importava, que a família dele não fazia diferença e que aquilo não o afetava.
Aquela garota não era o tipo que sentia empatia por todos os que sofriam, mas era impossível não se sentir incomodada ao perceber alguém passar pela mesma dor que um dia ela passou.

Ele virou a cabeça para o lado e baixou o olhar, como se não quisesse olhar diretamente para Charlotte.
A garota se aproximou de Kai e colocou a mão em seu rosto, fazendo com que ele voltasse a olhar pra ela.

-Então, são eles que estão perdendo, honestamente? Você parece ser incrível -ela dizia ainda com a mão em seu rosto, os dois olhando diretamente nos olhos um do outro e um sorriso apareceu em seus rostos.

Kai pôde admirar ainda mais a beleza da garota vendo ela tão perto, sentindo a sua mão macia em seu rosto e vendo aquele seu leve sorriso.

Eles não se conheciam o suficiente pra ter um vínculo ou alguma ligação, mas a atração e o desejo físico fazia surgir aquele clima de tensão, Kai pensou em se aproximar mais, pensou em beija-la. Ela era bonita, no quesito beijo isso é o único que importava.
Mas pensou que era melhor não fazer aquilo de cara, oque Charlotte iria pensar dele?
Era melhor não arriscar. Não se quisesse ter a chance de conhecer ela mais. E ele queria conhecer uma bruxa da mesma espécie que ele.
Um tempo depois daquela troca de olhares, Kai desviou o olhar pra baixo e ficou aquele curto silêncio.