Almost There

1.3K 147 94
                                    

Foram necessários apenas alguns minutos de caminhada para que os quatro chegassem na casa de Agatha Jones.
Era um lugar um tanto escondido. A casa era em uma rua deserta, várias árvores cobriam sua frente, somente a porta ficava visível. Tinha pouca iluminação, apenas o suficiente para que conseguissem enxergar.

-Pode fazer as honras, cunhadinho -Damon deu um tapa nas costas de Kai para que ele entrasse, já que nenhum dos outros vampiros conseguiria entrar.

-Já que insiste -Kai deu um sorriso irônico.

Com um simples gesto da mão a porta se abre, então ele entra no local.
Em poucos minutos ele volta para fora, segurando firmemente uma bruxa ruiva pelo braço. Ela resmungava tentando se soltar, uma tarefa que era falha. Kai a empurrou para Damon, e o vampiro a segurou antes que ela caísse no chão.

-Ótimo, ruiva -Damon forçou um sorriso irônico. -Precisamos de uma daquelas coisas da Gemini. Aquele troço metálico cheio de peças e engrenagens.

-O ascendente -completa Charlotte.

-Isso mesmo.

-E por que eu daria isso pra vocês? -a bruxa disse entre os dentes.

-Porque eu e essa garota aqui somos os líderes da Gemini -Kai apoiou suas mãos sobre os ombros de Charlotte. -Então, a não ser que você queira ficar sem o pulmão, você vai fazer o que nós estamos falando.

A ruiva tentava se soltar de Damon com relutância e desgosto.
Mas a atenção de todos foi tomada quando uma voz de uma criança ecoou.

-Tia, o que está acontecendo?

-Tiana, vai pra dentro! -a bruxa gritou com desespero, com medo de que fizessem algo com a criança.

A pequena Tiana não conseguiu se mover, algumas lágrimas assustadas surgiram em seu rosto.

-Vem cá, pequena -Charlotte estendeu a mão para a garota.

-Não ouse tocar nela -a ruiva continuava tentando se soltar.

-Charlotte... -Damon a chamou baixo.

-Você tem um nome bonito, Tiana -Charlotte se agachou para ficar da altura da menina, ela segurou na mão dela como gesto de confiança e sorriu, a mão livre limpando as lágrimas dela. -Já assistiu A Princesa e o Sapo? -a menina segurou a mão da herege e concordou com a cabeça, agora um tanto mais calma. -Eu me chamo Charlotte, igual a melhor amiga da Tiana.

-Por favor, não deixe que machuquem a minha tia -a menina disse baixo, sua mão segurando fortemente a mão de Charlotte.

A herege deu um sorriso doce e olhou para a bruxa ruiva.

-Dá o ascendente, só isso -ela disse com calma. -Ninguém precisa se machucar.

-Tiana... -a bruxa começou a falar com relutância. -Entra lá dentro. Na gaveta do armário de livros tem uma coisa redonda e metálica. Trás pra mim, por favor.

A pequena Tiana concordou com a cabeça e soltou a mão de Charlotte, indo para dentro.

-Essa foi inesperada -diz Kai.

-Eu não mato crianças -Charlotte se levantou e olhou para ele. -Nem torturo e nem gosto de traumatizar. Eu sei que fui rude com aquele menino, mas eu não ia deixar ele sozinho. Eu ia ajudar ele, eu só estava nervosa na hora.

-Quem diria que Charlotte Salvatore tem uma quedinha por crianças -debocha Klaus.

-Eu já foi uma criança traumatizada, não fui? -a herege retruca no mesmo tom. Ela sorri com doçura ao ver Tiana voltar com o ascendente, então se agacha novamente. -Obrigada, princesa.

-Eu posso te chamar de Lottie? É como a Tiana chamava a Charlotte -a garotinha sorriu, entregando o ascendente para a herege.

-Claro que pode, pequena -Charlotte sorriu e colocou com cuidado sua mão livre sobre a bochecha da garota, então a olhou nos olhos para começar a hipnose. -Você vai voltar para o seu quarto e vai ter uma ótima noite de sono. Vai esquecer que tudo isso aconteceu, só vai se lembrar de ter tido sonhos lindos.

Tiana assentiu, então caminhou novamente para dentro.
A herege se levantou e olhou para o ascendente em sua mão.

-Que bom que não tivemos que apelar para a violência, Agatha -ela olhou para a bruxa.

-Eu não vou te agradecer por ter sido gentil com uma criança, isso é uma obrigação -Agatha se soltou dos braços de Damon.

-Eu concordo, por isso não ia pedir pra me agradecer -Charlotte guardou o ascendente no bolso interno da sua jaqueta. -Agatha? Só uma dúvida... Lily Salvatore está nesse mundo prisão, alguém da Gemini te disse o motivo dela ter sido mandada para lá?

-Não vai querer trazer a sua mãe de volta -Agatha a olhou.

-Só responde a droga da pergunta -Damon entrou entre as duas. -Por que Lily Salvatore foi mandada para um mundo prisão?

Um curto silêncio reinou, até a bruxa decidir voltar a falar.

-Ela é uma vampira estripadora -ela respondeu olhando para os irmãos Salvatore. -Ela se transformou em 1852, forjou a própria morte. Ela foi para a Europa, ela enlouqueceu lá.

-Não... -Damon murmurou com fraqueza.

-Os corpos se empilharam. Ela se mudou, matou mais pessoas. Até ter que se mudar de novo. Calcularam 3 mil vítimas...

-Já chega... -ele murmura novamente.

-Por algum motivo o Clã Gemini decidiu intervir -Agatha continuou. -Então pegaram ela em um porto, antes que ela atacasse em Manhattan. E ainda encontraram todos no navio mortos, apenas corpos apodrecidos.

-Eu disse que já chega! -Damon gritou, empurrando a bruxa contra a parede com raiva.

Charlotte foi até ele, fazendo com que ele soltasse o pescoço dela.

-Vai pra dentro, cuida da pequena Tiana -Charlotte disse ao soltá-la, então voltou sua atenção ao Damon. Uma mistura de emoções a dominava no momento, mas ela decidiu engolir em seco. -Eu sinto muito por isso, Damon...

-Você tinha razão sobre ela... Ela era um monstro -ele a olhou de forma vazia, triste e assustada. Damon se sentiu sem chão, suas pernas perderam a força por alguns segundos.

-Eu realmente sinto muito, Damon -Charlotte falou novamente sem saber o que dizer. Ela apenas segurou Damon quando viu ele quase cair, e mesmo que ele estivesse meio relutante, Charlotte fez ele a abraçar e apoiar a cabeça em seu ombro. -Você não devia saber sobre isso.

Damon apoiou seu corpo sobre ela enquanto a abraçava, Charlotte fez um esforço para não perder o equilíbrio. Ela passava seus dedos sobre os cabelos do irmão como uma forma de trazer calma e conforto.

Klaus e Kai ficaram calados, sabiam que não era a melhor hora para comentários e de qualquer forma nenhum vinha em sua mente.
E Kai não pôde negar que secretamente invejava Damon por ter uma irmã que se preocupava com ele. Seu conforto era saber que Charlotte se preocupava com ele tanto quanto se preocupava com o irmão.

-Desculpa por ter escondido isso de você -Damon falou baixo e com dificuldade, ainda apoiado nos braços da irmã.

A frase não foi inteira, mas Charlotte conseguiu entender o que significava.
Sobre ele ter escondido dela o fato de Lily estar viva.

-Eu te desculpo -ela apoiou seu queixo sobre a cabeça dele, ainda passando a mão sobre os cabelos negros do irmão. -Vamos para casa. Você tem que descansar, amanhã nós cuidados do Stefan e da mamãe.

-Temos que fazer isso antes...

-Não, Damon, você tem que descansar -ela o interrompeu. -Eu sei como a sua cabeça está cheia, amanhã nós vamos resolver isso.

A Devil RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora