Black Sea

682 79 18
                                    

-O feitiço de proteção do sol é bem fácil, não tem muito segredo -Kai pegava um grimório velho em sua mão e o folheava, parando ao encontrar a página certa. -Se você não conseguir fazer isso, eu te expulso da família antes mesmo de te aceitar.

Ele entregou o livro para Megan, que estava sentada sobre o chão no meio de um círculo de velas e ervas.

-Fala sério, você já me considera basicamente uma Parker -ela diz, em tom brincalhão.

-Ah, você não vai querer que eu te considere uma Parker -ironizou Kai. -Isso te renderia umas facadas e um baço a menos.

-Você matou mesmo todos os seus irmãos? -Megan ergueu o rosto para o olhar. -Não que eu esteja julgando, muito pelo contrário, eu acho isso irado.

Kai se jogou no sofá.

-Eu matei toda a minha família -ele sorri com orgulho e um breve sarcasmo. -Menos a minha mãe e uma irmã. Essas aí foram por conta da Charlotte.

-Eu queria ter matado os meus pais biológicos -a garota pronuncia, colocando o grimório em seu colo. -Qual a sensação? Tipo, quando mata alguém que te fez muito mal.

-Você já matou alguém? Isso ia facilitar a minha resposta -Kai ergueu um pouco a cabeça para olhar para a garota que ainda estava sentada no tapete.

A garota acaba rindo.

-Você e a Charlotte me transformaram em uma vampira. Deve ser meio impossível ser vampiro e não matar ninguém -ela deu de ombros.

Próximo a ela estava um raio de sol que escapava por uma fresta da cortina. Ela esticou um pouco a mão, deixando-a exposta contra o sol.
A loira sentia aquela dor da queimadura atravessar sua pele propositalmente e a afastou quando soube que ia acabar pegando fogo.

-Quando eu tinha uns quinze anos tive vontade de matar alguém, em específico aqueles bruxos da Gemini. Não era aquela coisinha besta de sentir raiva e dizer que quer matar alguém... -Megan prossegue. -Era algo real. Eu sabia que, se tivesse a chance, eu realmente enfiaria uma faca no pescoço daqueles bruxos.

Kai deu uma leve risada nasal. Chegava a ser divertido o quanto Megan era parecida com ele e com Charlotte.

-Eu tinha dezoito anos quando matei pela primeira vez, foi a Charlotte que me ajudou. Foi ótimo -ele falava com extroversão. -Mas foi com vinte e dois que eu matei os meus irmãos. Eu achava que não ia ser nada diferente do que matar uma pessoa qualquer, mas foi incrível. Era libertador.

Megan deu um sorriso com aquilo, nem se importando ao pensar o quão bizarro era admirar aquela história.

-Você e a Charlotte tem uma história tão bonita. Se eu contasse para alguém que já matei e que gostei disso, provavelmente me chamariam de maluca -ela riu de si mesma.

-É, eles falam isso em 99% das vezes -Kai mantinha o mesmo tom sarcástico. -Aí um dia eu falei isso para a Charlotte. Eu fiquei meio desesperado, porque ela era a mulher mais gostosa que eu já tinha conhecido.

-E como ela reagiu?

-Ela me contou todas as maneiras prazeirosas de matar alguém -ele faz um breve aceno com a cabeça. -Mas chega de falação. Você tem que fazer esse feitiço de uma vez. A não ser que você queira virar o Batman e só sair durante a noite.

Megan o olhou de forma entediada e ergueu as mãos, em gesto de rendição.

-Você ou a Charlotte poderiam enfeitiçar um anel para mim -ela sorria.

-Nós podíamos, mas não vamos fazer -Kai dizia com um sarcasmo nada sutil. -Então, você aprende a se virar ou vai virar churrasquinho no sol.

-Tá, acho que vou preferir a primeira opção -ela murmura.

A Devil RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora