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Já estava de madrugada quando alguém bateu na porta da casa de Charlotte, ela não abriu, muito menos se deu ao trabalho de sair de onde estava.
Ela fez um breve gesto com a mão para que a fechadura se destrancasse, seja lá quem fosse que estava batendo na porta, tentaria abri-la.
E como ela esperava, alguém abriu a porta.

Enzo entrou com cautela e fechou a porta. Ele acabou se surpreendendo quando viu o estado da sala.
Algumas garrafas e objetos quebrados (prováveis frutos de tentativas de escapes de raiva), manchas de sangue no chão, vários papéis e livros amontoados e espalhados ao redor do tapete macio do centro do cômodo, enquanto Charlotte estava sentada no chão fazendo algumas anotações e completamente focada em revezar a leitura entre o livro em seu colo e o notebook a sua frente.

Enzo observou a garota por alguns segundos. Suas roupas completamente sujas de sangue seco, assim como uma pequena faca que estava a sua direita. Ela estava com o olhar vazio, embora não desviasse o olhar da sua leitura, exceto quando fazia alguma anotação.

-Damon pediu pra mim vir te ver, ele não te achou em lugar nenhum -ele se aproximou um pouco. -Aí eu preferi acreditar que você estava no lugar mais óbvio.

-É, eu estou aqui há algumas horas -ela respondeu com a voz distante, ainda mexendo nos papéis. -Só dei uma saidinha pra pegar uns remédios.

-Remédios? -Enzo se aproximou dela e se sentou em uma cadeira. -Você é uma vampira, pra que precisaria de remédios?

-Eu estava com sono e não posso dormir até descobrir quando o próximo evento celestial acontece. Então peguei uns daqueles remédios que deixam as pessoas sem dormir.

Enzo a analisou por alguns segundos.

-E o que é essa bagunça toda?

-Bom... As coisas quebradas foram durante um ataque de raiva, o sangue foi porque deixei uma bolsa cair no chão -ela prosseguiu, pela primeira olhou para ele. Seu olhar era frenético e impassível. -Os papéis são minhas anotações sobre os eventos celestiais, essa coisinha no meu colo é o ascendente.

-E pra que essa faca? -ele apontou para a faca do lado dela.

Charlotte olhou para a faca que estava perto de seu joelho e a ergueu de forma retórica.

-Eu enfio ela na minha perna quando não consigo descobrir nada -Charlotte disse com naturalidade, esticando a perna e mostrando sua calça rasgada e suja de sangue perto de panturrilha. -E não é nada bom, porque eu já devo ter me esfaqueado umas 13 vezes. Mas não dá em nada já que eu sou vampira.

Enzo abriu a boca para dizer algo, mas acabou tomando um susto quando uma mulher apareceu do nada atrás dele.

-Meu Deus -ele colocou a mão no peito e olhou para Charlotte. -Quem é essa?

-Essa é a Michelle, ela não queria me dar os remédios para que eu ficasse acordada, aí hipnotizei ela -Charlotte sorriu e voltou a fazer suas anotações. -Ela faz uma bebida tropical com rum que é perfeita, pode pedir pra ela fazer, se quiser.

-Você está parecendo que acabou de fugir de um hospital psiquiátrico -Enzo retruca, fazendo um aceno para que Michelle saísse.

Charlotte larga sua caneta e o olha com tédio.

-Se eu quisesse alguém aqui me insultando, eu teria chamado a minha mãe -ela revida com acidez e pouca importância. -Falando nisso, já viu ela? Ela está lá na mansão, completamente adorável e cheia dos discursinhos politicamente corretos.

-O que ela disse pra você? -interrompeu Enzo. -Eu sei o quanto você odeia mostrar vulnerabilidade, mas você está perdendo a cabeça.

A garota desviou o olhar e abriu outro livro.

A Devil RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora