No Saviors

1K 132 44
                                    

Alguns minutos depois, Stefan e Damon se juntaram na sessão de tortura que acontecia no andar de baixo.
Kai colocava um copo com o próprio sangue sobre a parte superior da lareira, momento ou outro obrigando Giuseppe a beber para que começassem tudo novamente. Ele tinha deixado o homem em uma cadeira, amarrado com as correntes que havia usado em Charlotte.
E embora ele nunca tivesse tido vontade de conhecer seu sogro, admitia que toda a frieza que Giuseppe tinha para lidar com a dor acabava o irritando.

-Por que vocês não compram facas decentes? -Kai reclama para Damon e Stefan. -Eu já achei umas 5 lâminas cegas.

-Seis com essa -Enzo tira outra faca do ombro de Giuseppe e joga no chão. -Essa faca não serve nem pra cortar uma batata.

Os dois irmãos Salvatore estavam sentados sobre o sofá, bebendo bourbon e observando a cena.

-Como vocês dois são chatos, vocês que não sabem dar uma facada direito -Damon se levanta. Ele toma a faca da mão de Enzo, então a enfia fundo sobre a perna do pai, ignorando outro grito de dor. -Viram? Funciona muito bem.

Quando iam continuar com aquela discussão, perceberam Charlotte caminhar até eles. O semblante não continha emoção, embora fosse possível ver a raiva.

-Tudo bem, vampirinha? -Kai indagou, parecendo esquecer completamente todo o resto da situação.

-Sim... Só vim ver o meu pai, que tipo de filha eu seria se não viesse? -sua voz carregada com um óbvio sarcasmo.

Kai e os outros se entreolharam. Sabendo que a mistura incomum de sarcasmo, ódio e pouca emoção era algo explosivo vindo de Charlotte.

Ela se aproximou de Giuseppe, se agachou para poder ficar da altura do homem que estava sentado a sua frente.
Seu olhar frio e apático o suficiente para que Giuseppe não conseguisse encará-la por muitos segundos.

-Não achei que fosse voltar -ele diz, de forma insultuosa.

-Você sabe que eu sempre volto -ela acabou dando uma risada irônica e de pouco humor. -Essa é a graça da história, não é?

-Não precisa fingir que não é a mesma garotinha medrosa que era em 1800, querida -ironiza Giuseppe.

Sua voz sendo substituída por um grito de dor ao sentir Kai enfiar a faca perto de seu pescoço.

-Chama ela de "querida" de novo, e a próxima facada vai ser na sua garganta -Kai sibilou com raiva. Então, voltou sua atenção para Charlotte. -Não fica aqui, acho que não vai te fazer bem.

-Tá tudo bem, não se preocupa comigo -ela se levantou. Um leve sorriso sendo oferecido pra Kai. Charlotte arrancou a faca da carne de Giuseppe, sentindo o sangue escorrer pelas mãos, algo que ela ignorou. E mesmo que ela sentisse vontade de vomitar e deixar seus sentimentos cheios de pânico a dominar, os engoliu por inteiro, e voltou sua atenção para o pai. -Você me perguntou o que eu fiz da minha vida no último século, ainda quer saber?

-Uma história não me faria mal, não é? -ele retrucou com a voz fraca por causa da dor incessante, mas sempre tinha aquela mesma insensibilidade em seu olhar.

-Provavelmente não -Charlotte limpava a lâmina ensangüentada sobre a manga do seu casaco. Com certeza não parecia ser a mesma pessoa desesperada que Kai havia encontrado pelas ruas há algumas horas. -Só quero uma garantia que não vai fazer nada comigo, mesmo que seja meio improvável, já que você está amarrado aí.

-Bom... Tem a minha palavra -Giuseppe falava com naturalidade, mas era possível notar sua ironia enquanto ele gesticulava com as mãos amarradas nos braços de cadeira.

Charlotte acabou rindo, se não a conhecessem até pensariam que ela realmente tinha achado graça.

-Acho que não é o suficiente pra mim -ela sorri com simpatia.

A Devil RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora