Assim que Kai ouviu a pergunta de Charlotte sobre sua família ficou calado, apenas observando a paisagem por alguns breves instantes.-É, eu definitivamente odeio.
A garota olhou para ele e colocou a mão sobre a dele, o que o fez voltar seu olhar para ela.
-Não sou do tipo sentimental, mas odiar eles não quer dizer que devia sentir remorso sobre isso -ela dizia com naturalidade, enquanto o olhava.
Aquelas palavras ficaram ecoando pela cabeça de Kai.
Era verdade. Ele não devia sentir remorso em odiar eles, foram eles que fizeram mal a ele e o trataram como uma abominação durante anos... Na verdade, durante toda a sua vida.
Se alguém deveria sentir culpa, esse alguém era sua família.Suas vozes cessaram durante alguns segundos, como se ambos se perdessem em seus pensamentos e pensassem na melhor forma de retomar uma conversa.
-Já teve vontade de matar alguém? -Kai interrompeu aquele silêncio, mas quando as palavras saíram de sua boca percebeu o quão idiota foi ter tido aquilo. -Caramba, espera aí, não foi isso que...
Para a sua surpresa ele foi interrompido pela risada da Charlotte que o olhava com tanta calma... Parecia que aquela pergunta entrou nos ouvidos dela como se fosse algo comum, como se ele tivesse perguntado a ela se tinha algum hobbie legal.
-Relaxa, foi uma boa pergunta -ela dizia sorrindo e apoiou sua outra mão sobre as pedras no chão. -Eu já matei algumas pessoas e honestamente? É aliviador.
-Como já matou elas? -Kai questionou totalmente vidrado, até mesmo se esquecendo o quanto aquilo parecia doentio e nem sequer se perguntando sobre o fato de Charlotte já ter matando alguém. Ele se sentiu impressionado por ver alguém que eu não só sentiu esse desejo que ele tinha, mas que já tinha feito aquilo. -Eu...Eu nunca matei ninguém, mas uau... Eu já tive uma vontade tão grande. -Sua voz saia com certa empolgação em meio a um riso.
-De todos os jeitos. Enforcadas, esfaqueadas, com pescoços quebrados ou gargantas cortadas -ela deu de ombros durante a fala e olhou para Kai com um sorriso sapeca. -Mas você vai se surpreender em como é relaxante arrancar o baço de alguém.
-Acho que as pessoas sobreviveriam sem um baço. Mas vou colocar isso na minha lista -o tom de Kai foi irônico e se encontrou junto com o sorriso de Charlotte. -Você é mesmo uma caixinha de surpresas, garota.
Ele sorriu com empolgação para ela, então ao apoiar sua mão sobre uma das pedras sentiu uma dor fraca e e viu um pequeno corte em seu dedo fazendo o sangue escorrer por ele.
-Agora eu tenho que torcer para você não ter me trazido nesse lugar para me matar -Charlotte comentou de forma descontraída e pegou na mão de Kai que estava escorrendo o sangue quente, então levou o dedo machucado até a boca sentindo o gosto metálico do sangue em seus lábios. -Você tem um sangue doce, cuidado para os vampiros não se aproveitarem disso.
-Não, acho que seria uma falta de respeito matar uma pessoa tão bonita -Kai piscou para a garota, então sentiu Charlotte segurar sua mão, ele acabou soltando um leve arfar pelos lábios quando sentiu ela colocar o dedo com sangue em sua boca. -Valeu pelo aviso, mas acho que os vampiros foram mortos há anos, não é? São raros de se ver hoje em dia... A propósito, qual seria a chance de você me beijar se eu cortasse o meu lábio?
A pergunta foi ousada, mas ele percebeu que Charlotte não se importou com isso. Ela o olhou por alguns segundos e acabou por dando um leve sorriso, em seguida baixando seu olhar para o chão.
-Eu gosto de você, Kai... -ela dizia baixo, quase em um sussurro, mas de forma que deixava sua fala incompleta o que era torturante.
Um breve silêncio se fez entre eles.
Ambos estavam próximos um do outro, e Kai desviou o olhar.
Talvez ela estivesse pensando em uma forma sútil de dispensar ele? Talvez, no final, ele tenha agido por impulso e ela acabaria se afastando dele.

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A Devil Romance
FanfictionKai Parker, a ovelha negra do Clã Gemini. Todos já sabemos da história de Kai Parker, o sociopata que matou toda a família... Mas na verdade a história é um tanto diferente do que pensávamos, apesar de tudo, Kai Parker já teve um amor épico, que o a...