Alive

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Mystic Falls, 1851. (Flashback).
...

A mansão Salvatore parecia mais fria e sombria do que nunca. Os funcionários tentavam ser o mais discretos possível, não queriam receber as cruéis broncas dadas por Lily e Giuseppe, mas eles não deixavam de notar a jovem Charlotte Salvatore esgueirando pelos corredores.
Charlotte tinha 14 anos, era quase impossível não reparar sua presença. Sua aparência era marcante, ela estava muito bem vestida, seus cabelos ondulados eram castanhos, mas contra a luz se tornavam dourados, e muitos inconvenientemente percebiam o quanto o corpo de Charlotte era evoluído para a idade dela.
"Seu futuro marido vai ter sorte", Charlotte podia ouvir os sussurros de alguns funcionários e no mesmo instante ela tentava esconder as curvas de seu corpo e ver se seu decote não estava vulgar demais.
Mas outra coisa chamava a atenção de todos, Charlotte quase nunca era vista na mansão, Giuseppe sempre dizia a todos que ela ia a um colégio interno para moças, onde ela aprendia a se portar corretamente.

Mas naquele dia foi diferente, a garota andava livremente pelos corredores. Suas mãos estavam sempre escondidas, como se ela tentasse não tocar em nada.

-Damon? -sussurrou Charlotte, próxima à porta do quarto do seu irmão mais novo.

Acidentalmente ao se aproximar da porta a mão de Charlotte deslizou até a parede. Ela se assustou quando uma pequena luz vermelha surgiu em sua mão e ela sentiu seu corpo se encher pela magia absorvida naquelas paredes. No mesmo instante, ela escondeu novamente sua mão e respirou ofegante, com medo de ter sido vista por alguém.
A pequena Charlotte fez o máximo de esforço para não perder o controle daquela pouca magia que estava em seu corpo, ela ainda não sabia bem como manusear e controlar a habilidade de ser uma bruxa sem magia própria.
Mas seu corpo gelou quando ela sentiu alguém a puxar com força pelo braço, e assim que ela olhou percebeu que era sua mãe com um semblante nada humorado.

-Sua garota estúpida -Lily falou com raiva enquanto segurava com força o braço de Charlotte. -Se alguém tivesse visto você, sabe o que as pessoas pensariam se soubessem a abominação que você é? Sabe os problemas que isso traria para mim e para o seu pai?

Charlotte sentiu seu braço começar a latejar pela força que a mãe o segurava, mas segurou em sua garganta o gemido de dor e o engoliu em seco.
Por alguns segundos, ela tentou evitar o impulso de responder sua mãe, mas os anos sendo tratada de uma forma tão severa estavam sendo cada vez mais difíceis de não serem mencionados.

-Eles não pensariam nada, porque ninguém viu nada -Charlotte falou de forma firme, pela primeira vez em anos, mas no mesmo instante ela abaixou a cabeça como forma de mostrar inferioridade e arrependimento.

Mas Charlotte sabia que tinha cometido um erro em falar algo. E no mesmo instante sentiu um tapa forte no rosto dado por sua mãe como forma de punição.
Seus olhos se encheram de lágrimas e sua bochecha pálida rapidamente ficou corada, junto com um forte arder.

-Nunca mais me responda novamente, sua garota idiota -ela segurou o braço de Charlotte com mais força, fazendo a garota soltar um gemido baixo.

Mas Lily logo soltou o braço de Charlotte ao ver que Damon estava olhando.

-Vá falar com o seu irmão, daqui a pouco você voltará para o seu internato.

A voz de Lily era ríspida e Charlotte dessa vez não ousou dar uma resposta.
Ela apenas concordou com a cabeça e ignorou o fato de seu rosto estar ardendo pelo tapa, mas logo em seguida voltou seu olhar para Damon.

-O que ela fez com você? -Damon perguntou preocupado antes que Charlotte falasse alguma coisa.

Ele passou a mão com cuidado e carinhosamente pelo o braço de Charlotte que estava vermelho o suficiente para perceberem que futuramente iria se tornar roxo.

-Nada que você precise se preocupar -Charlotte puxou seu próprio braço, então segurou a mão de Damon entrando no quarto com ele. -Hoje é o seu aniversário e só isso importa.

Charlotte deu um sorriso fraco, mostrando para seu irmão não precisaria se preocupar, e em seguida se sentava na beirada da cama.
Apesar de Charlotte não ter chance de ver Damon e Stefan muitas vezes, sempre tentava manter o contato, e embora Damon fosse dois anos mais novo, sempre protegeu ela mesmo sem que fosse necessário.

-Mas você está machucada, isso importa mais do que o meu aniversário -Damon foi até uma pequena escrivaninha que tinha no canto do quarto e pegou um pequeno rolo de esparadrapos.

Charlotte nem havia reparado que o tapa de sua mãe tinha aberto um pequeno corte em sua bochecha, mas Damon colocou um pedaço do esparadrapo sobre o corte e sorriu se sentando do lado da irmã.

-Você tem um coração tão bom, irmão -Charlotte sorriu gentilmente e colocou as mãos sobre o rosto de Damon -Não deixe que os nossos pais tirem isso de você. Nunca.

Damon sorriu e acenou com a cabeça positivamente e secretamente ele jurou fazer isso.
Charlotte ergueu um pouco seu vestido, deixando seu tornozelo a mostra e pegou uma pequena caixa que estava escondida sobre sua meia-calça.

-Eu comprei isso para você -a garota abriu a caixa que tinha dois anéis masculinos com o brasão dos Salvatore e as iniciais "D" e "S". -É para você e o Stefan quando forem adultos, sei que não é grande coisa, mas...

Charlotte foi interrompida por Damon quando ele a abraçou com tanta força que lhe faltou ar.

-Você é a melhor irmã que eu podia ter.

A garota sorriu e retribuiu o abraço do irmão enquanto aproveitava seus poucos minutos de liberdade.

...

Ano: 1991 (Casa da Charlotte em Portland)

-Eu juro que se você me sujar de farinha de novo eu acabo com você, Parker.

A voz de Charlotte saia brincalhona, enquanto ela terminava de pentear seus cabelos molhados e sorria para Kai que estava sentado em seu sofá brincando com um walkie-talkie.
Em seguida a garota pegou uma garrafa de Bourbon que estava sobre uma prateleira e a abriu, bebendo um gole longo.

A Devil RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora