Eyes Closed

1.2K 142 145
                                    

Mundo Prisão de 1903
...

Todo o local estava em um completo silêncio, ouvindo-se apenas o som da neve caindo do lado de fora e o assobio afinado de Kai, enquanto ele caminhava pelos cômodos da antiga Mansão Salvatore. Ele foi até a cozinha, em específico até o grande fogão a lenha que se localizava no canto. Kai observou rapidamente a massa do pão que já estava em perfeito estado após passar algumas horas sobre o calor do fogo.
Seu olhar se desviou para o lado ao ouvir o som de alguns passos e pôde supor que algum dos hereges haviam voltado, já que naquele dia tinham optado por saírem para dar uma volta. Ele caminhou até a sala de estar e observou atentamente cada pedaço daquele amplo cômodo, não vendo ninguém.

Kai virou as costas para voltar para a cozinha, dizendo a si mesmo mentalmente que o tempo naquele lugar deveria estar deixando ele paranoico.

-Kai?

A voz familiar entrou em seus ouvidos de forma receptiva, ele sentiu o coração palpitar contra as costelas. Kai se virou com rapidez, vendo Charlotte perto de uma das portas, apenas há alguns metros de si. Seu olhar se focou nela por alguns segundos, antes de um sorriso surgir em seu rosto.

-Eu sabia que você iria vir -ele abriu seus braços, ao observar a aproximação rápida da garota.

Charlotte mergulhou nos braços de Kai. Seus corpos colocados um ao outro em um forte abraço. Sua proximidade era tanta que conseguiam sentir seus corações acelerados.
Kai a apertou contra seu corpo com certo desespero, como se tentasse guardá-la para si, ele depositou um beijo sobre a cabeça dela, enquanto suas mãos acariciavam os longos cabelos da garota.
Charlotte apoiou seu queixo contra o ombro de Kai, sua mão passando delicadamente sobre a nuca dele.

-Por Deus, eu fiquei tão preocupada com você -ela murmurou contra o abraço.

Charlotte pressionou o rosto dela contra o pescoço de Kai, deixando o cheiro do perfume dele a inundar, em seguida depositando um beijo sobre sua pele.

-Eu também fiquei pensando em você o tempo todo... Sobre o lance da sua mãe, sobre como você estaria -ele se afastou um pouco do abraço para poder olhá-la diretamente. Sua mão direita prendendo a cintura dela contra ele e a esquerda brincando com os cabelos dela, seu olhar parecia querer memorizar cada traço do rosto da garota.

Charlotte deixou um sorriso escapar de seus lábios, seus olhos fixos dos olhos azuis de Kai.
Ela aproximou mais seus rostos, pressionando seus lábios contra os dele. As mãos dele deslizaram pela cintura dela, fazendo com que a garota se arrepiasse com a sensação, seus lábios unidos com a mesma perfeita sincronia de sempre. Um suspiro prazeroso escapou de suas narinas. O nariz de Charlotte apertou contra o dele quando ela mergulhou mais fundo por um breve momento antes de recuar.

Eles se olharam rapidamente, a mesma euforia e sensação de alívio consumindo a ambos. O indicador de Charlotte deslizou sobre o pescoço de Kai, sentindo as pequenas feridas.

-Me lembra de matar eles depois -Charlotte sussurrou ao observar as marcas de presas no pescoço de Kai. Ela mordeu seu próprio pulso, deixando algumas gotas de sangue escorrerem, então estendeu para ele. -Odeio hereges.

-É meio irônico se pensarmos pelo lado de você também ser uma herege -ele comenta com sarcasmo, em seguida bebeu o líquido metálico, vendo as pequenas marcas desaparecerem. Kai beijou o pulso de Charlotte e caminhou com ela até um sofá próximo, então ambos se sentaram e ele por fim voltou a falar. -Você tinha razão...

Não foram necessárias mais palavras para entender o que ele queria dizer. Estava se referindo a última fala de Charlotte antes de serem separados.
"Pessoas como nós não ganham muita coisa tentando serem boas".

A Devil RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora