A Devil Romance

In Another Love

Kai se sentou sobre o chão, aconchegando Charlotte em um de seus braços. Ele olhou para a estaca cravada próxima do tórax dela, então a segurou com firmeza.

-Isso vai doer um pouco, tá bom? -ele a olhava com uma evidente preocupação.

Charlotte concordou com a cabeça. Ela suspirou e fechou um pouco os olhos, como se respirar trouxesse uma dor insuportável e fosse uma tarefa quase impossível.
Kai puxou a estaca para fora de sua pele, ela gemeu alto pela dor. O sangue começou a escorrer abundantemente pela ferida aberta, ele levou sua mão livre até o local para tentar estancar o sangramento.

-Eu vou te tirar daqui, vamos dar um jeito nisso.

Kai fez menção de se levantar, mas Charlotte apertou o braço dele, chamando sua atenção.

-Fica aqui comigo, por favor -ela forçou um sorriso fraco, o olhando nos olhos. -Não tem nada que você possa fazer... Tá tudo bem.

-Você acha que eu vou te deixar assim? -ele franzia o cenho, ignorando o sangue da herege escorrer por sua mão ou a dor da mordida de lobisomem. -Tem algum feitiço ou algo que eu...

Charlotte respirou fundo, sentindo seus pulmões se esforçarem para procurar por ar. O machucado fundo fazia ela querer se contorcer pela dor, mas ela tentou engolir aquilo.

-Eu vou ficar bem, não precisa se preocupar -ela olhava para um canto qualquer, sabendo que não conseguiria mentir olhando para os olhos de Kai. -Isso vai cicatrizar.

-O seu coração tá acelerado -ele contrapôs. Sentindo seus olhos arderem e aquela preocupação o consumir por completo.

-É porque eu estou com você -ela brincou com ele, colocando sua mão por cima da dele. -Não se preocupa comigo.

-Não tem como eu não me preocupar com você... -Kai acariciava a mão de Charlotte com seu polegar. -Você é a única pessoa que importa pra mim.

Ele depositou um beijo sobre a testa dela, vendo a garota forçar um sorriso.
Kai se sentia tão impotente. Uma linha tênue entre querer salvá-la, mas não ter ideia de como fazer isso.
Ele apertou a mão dela mesmo sem perceber, como se aquilo pudesse mudar alguma coisa.

-Você vai ir para Nova Orleans... Encontra o Klaus e diz que esse vai ser o meu último favor -ela voltou a falar, sua voz fraca e arrastada. -Quando você beber o sangue dele, eu quero que você nunca mais volte aqui... Você vai viver a sua vida da melhor forma possível, quero que você seja a pessoa mais feliz desse mundo. Você merece isso...

-Charlotte, para -ele a interrompe, apertando a mão dela. Uma lágrima acabou escorrendo em seu rosto. -Você vai vir pra Nova Orleans comigo, vai ficar me irritando com as suas conversas com o Klaus e com o Kol. E vamos fugir desse lugar. Tá me ouvindo?

Ele brincava com ela, tentando forçar um sorriso. Tentando acreditar que as palavras podiam ser reais.

-Kai, me promete que independente de tudo, você vai dar um jeito no seu machucado.

-Eu te prometo, tá bom? -ele a olhava nos olhos. -Mas você vai ir comigo, vai ficar tudo bem. Eu sei que vai.

Os olhos de Charlotte marejaram, ela segurava a mão dele com força.
Ela sentia dor, uma dor que chegava a pesar em seus pulmões. Mas ela não se importou com nada naquele momento.
Ela, secretamente, agradeceu por aquela estaca ter entrado em seu peito, e não no de Kai.

Já ele pensava o contrário, queria estar no lugar dela. Queria poder protegê-la de qualquer coisa.
Ele queria guarda-lá em si, queria poder manter ela longe de qualquer dor e sofrimento.