Quando o dia amanheceu, Charlotte acordou aos poucos com os raios de sol entrando pela porta aberta do quarto. Seus olhos se abriam aos poucos e ela olhou para sua própria mão agradecendo por seu anel de sol não ter caído de seu dedo, acordar sendo queimada não era a melhor forma. Aos poucos suas memórias voltavam e ela acabou se assustando um pouco ao não ver Kai.
Por alguns segundos ela temeu ter tido apenas um sonho, mas a dor (estranhamente prazerosa) que ela sentia em seu corpo trazia certo alívio para ela. A garota se levantou da cama, completamente nua, então vestiu sua calcinha e a camiseta de Kai que ainda estava jogada no chão.Ela caminhou para fora do quarto, arrumando preguiçosamente seus cabelos. Quando ela chegou na cozinha pôde ver Kai mexendo no fogão.
-Bom dia, dorminhoca -a voz de Kai saia de forma extrovertida.
-Bom dia -ela colocou a mão sobre a boca para tampar um bocejo, então apoiou seus braços sobre o balcão, olhando para Kai. -Olha, eu queria pedir desculpas por ter dito que você estava bonzinho ontem, o meu corpo tá doendo até agora.
Kai olhou para ela com um leve sorriso irônico e pegou um prato com algumas panquecas, se aproximando do outro lado do balcão.
-Ouvir você se desculpar, mesmo que seja ironicamente, é como uma melodia pra mim -Kai retruca com sarcasmo e acaba rindo, então ele volta seu olhar para Charlotte vendo ela vestir sua camisa. -E eu tenho que admitir que essa camisa fica melhor em você.
A garota o olhou com um leve sorriso irônico, então pegou um garfo e cortou um pequeno pedaço da panqueca, suspirando ao sentir o ótimo sabor.
-Ah... Temos que conversar sobre uma coisa -ela dizia de forma pausada conforme engolia a comida.
-Eu sou todo ouvidos -Kai ficava frente a frente a ela, sendo separados somente pelo balcão de mármore. Então, ele pegou o garfo da mão dela e levou um pedaço da panqueca até a própria boca.
-Digamos que quando o seu pai fez todo aquele plano do mundo prisão, ele decidiu brincar um pouco mais com a minha cara -sua voz era cheia de naturalidade, mas era impossível não notar seu ar sarcástico. -Ele conseguiu de alguma forma trancar a minha magia. Eu não tenho mais magia de sifão, não consigo absorver magia, muito menos fazer qualquer feitiço.
Kai franziu o cenho, então levou sua mão até o pescoço de Charlotte e seus dedos caminharam cuidadosamente até o colar em seu pescoço, o colar que ele havia dado a ela. Ele sentiu a magia fluir naquele colar, mas o soltou antes que absorvesse aquela magia, não ia absorver uma magia que pertencia a ela.
-Eu vou matar ele. Tínhamos um acordo, ele não ia fazer nada com você, se eu concordasse em ir para o mundo prisão -a respiração de Kai ficou pesada, sua voz tinha uma evidente raiva. -Eu não posso matar ele agora, mas ainda posso mostrar pra ele como sobreviver sem um rim.
Kai pegou uma das facas sobre o faqueiro de madeira, então foi caminhando em direção a porta. Charlotte foi até ele e segurou o seu braço para que voltasse sua atenção a ela.
-Eu também quero que ele sofra pelo que vez com nós dois... Mas você sabe que não podemos errar de novo -sua voz saia com firmeza, então ela colocou sutilmente sua mão sobre o rosto de Kai. E como se ela tivesse algum tipo de efeito calmante, ele pôde sentir seu semblante relaxar e uma parte de sua raiva diminuir. -Vamos começar do início, um passo em falso e conseguem os nossos corações em uma bandeja.
Kai a olhou por alguns segundos, então manuseou a faca em sua mão. Ele levou a ponta da lâmina até o rosto de Charlotte, de forma que ela passava delicadamente sobre o contorno do rosto dela, mas com sutileza o suficiente para que não machucasse ela.
-Eu não tô afim de ir para o inferno agora -ele dá um breve sorriso sarcástico. -Vamos achar a Jo, acho que esse é o melhor começo.
-Se entrarmos no inferno, eu te garanto que saímos de lá governando -Charlotte retribuiu o sorriso cínico, sentindo a lâmina fria da faca sobre a sua bochecha. -E se começarmos a procurar ela agora? Seu pai está preso naquele porão, ainda temos o elemento surpresa.
-Olha só pra você... -Kai sorria com animação. -Não sabia que você queria tanto ver a Gemini apodrecer.
Ela arqueou uma de suas sobrancelhas, então se aproximou mais de Kai quando ele afastou a faca de seu rosto.
-No início eu só entrei em tudo isso por você... Mas depois eu fiquei com um pouquinho raiva, um bando de bruxos idiotas que infernizaram sua vida só por ser diferente -ela apoiou sua mão sobre o ombro de Kai e deu um sorriso falho. -Eu sei bem como essa história é.
-Então, na história nós somos aqueles dois personagens com passado trágico, caráter duvidoso e carisma? -Kai questionou com certa ironia, brincando com o colar no pescoço de Charlotte.
-Acho que o público não iria gostar muito de nós -ela acabou rindo e se afastou de Kai indo até uma das gavetas no armário.
Ela ficou procurando por alguns segundos, até conseguir achar um pequeno mapa dobrado. Charlotte usou seu quadril para fechar a gaveta, então caminhou até o balcão e colocou o mapa sobre ele.
-Eu mal posso esperar para ver a minha cunhada.
Kai acabou rindo ao ver a animação de Charlotte, então foi até ela e passou a faca que estava na mão em seu indicador, deixando uma pequena quantidade de sangue cair sobre o mapa.
-Eu fiquei sabendo que o Kurt Cobain morreu alguns meses depois de eu ter sido aprisionado. Então, eu acho que eu devo te dar os pêsames, né? Por causa do seu romance platônico com ele -Kai comentava com sarcasmo, olhando para a Charlotte.
-1994 foi um ano horrível, eu perdi os meus dois namorados -Charlotte fez uma carinha triste, então acabou rindo ao ver Kai a olhar de forma entediada. -Foi mal, eu não podia perder a brincadeira.
-Você vai ficar com ciúmes se eu fizer alguma brincadeira sobre a Courtney Love? -ele deu um breve sorriso irônico e riu ao ver Charlotte o olhar da mesma forma entediada. -Tá bom, vamos fazer esse feitiço...
Kai colocou sua mão sobre a bochecha de Charlotte, absorvendo uma pequena quantidade de magia do vampirismo. E logo voltou sua atenção para o mapa, fechando seus olhos ao recitar o feitiço.
A garota se aproximava conforme o sangue começou a percorrer pelo papel, não conseguindo conter uma risada sarcástica ao ver o sangue parar na Virgínia.-Sua irmãzinha está em Mystic Falls -ela comentou trilhando seus dedos pelo mapa. -Que lindo reencontro de família, me lembra de fazer um jantar e convidar todo mundo quando estivermos lá.
Kai e ela se entreolharam, logo rindo da situação.
-E que belo reencontro.
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A Devil Romance
FanfictionKai Parker, a ovelha negra do Clã Gemini. Todos já sabemos da história de Kai Parker, o sociopata que matou toda a família... Mas na verdade a história é um tanto diferente do que pensávamos, apesar de tudo, Kai Parker já teve um amor épico, que o a...