Alguns minutos se passaram, e depois da tragédia com a tentativa de jogar UNO, todos decidiram ficar sem se falar para impedir tentativas de homicídio.
Liv tinha decidido ajudar Tyler e Luke a terminar de fazer o jantar, então Josette se sentou em um dos degraus da escada para poder ficar sozinha e pensar, sua mente estava mais confusa do que nunca, e ela sabia que algumas respostas só poderiam ser dadas por ela mesma.-Se eu não te conhecesse, ia pensar que você estava planejando suicídio.
Assim que Jo virou o rosto para o lado para poder ver quem era a pessoa, pôde ver Charlotte se aproximando. Ela passou a mão pelos cabelos e tentou resistir a vontade de sair de lá.
-Eu já vou voltar para a cozinha, não precisa vir aqui me ameaçar -ela olhou para o chão, sua voz saindo sem emoção.
-Eu não ia te ameaçar, eu nem posso matar você -Charlotte apoiou a lateral do seu corpo no corrimão da escada. -Eu lembro de pegar você uma vez ou outra chorando na escada da sua casa nos anos 90, certas coisas nunca mudam.
Josette continuou com o olhar baixo.
-Eu gostava de você, Charlotte... Eu te achava suspeita, mas gostava de você -ela disse. -Você ao menos gostava de mim?
-Não... -respondeu Charlotte com naturalidade, seus olhos fixos na mulher a sua frente. -Eu odiava todos vocês pelo que faziam com o Kai. Eu tinha um pouco de empatia pela Lauren, mas não me importei em matar ela... Eu sempre odiei lobos em pele de cordeiro, seus pais sempre foram assim, eram os heróis da história, mas sempre tiveram tanta sujeira nas mãos.
Um curto silêncio reinou entre elas. Josette lutou para não parecer fraca na frente de Charlotte, finalmente a olhando.
-Depois de 1994 eu pude viver longe da minha família e longe do Clã... -Jo começou. -Eu percebi o quanto todos erramos com Kai, ele nunca teve culpa por ter nascido sem magia própria. Ele nunca deveria ter sido tratado diferente por causa disso.
-Uau, você demorou quantos anos para perceber isso? -Charlotte questionou com sarcasmo.
-Você e Kai não são os únicos que tem o sangue da família Parker nas mãos -ela ignorou a fala da herege e continuou falando. -Eu e meu pai também temos... Todos os irmãos tiveram. Se tivéssemos tratado ele como merecia, provavelmente nada disso aconteceria.
-É, provavelmente não.
-Eu sempre achei que tudo o que o meu pai fazia era para proteger a nossa família. Mas se isso realmente é verdade, por que ele não protegeu Kai? E por que ele tentou me matar? -algumas lágrimas cintilaram nos olhos de Jo. -Eu sempre achei que o meu pai era uma boa pessoa, mas agora...
-Agora você não sabe se ele estava apenas querendo o seu melhor, ou se toda a sua vida foi uma mentira -Charlotte interrompeu. -Eu sei bem como é isso. Quando eu era criança, todos me diziam que o meu pai era uma pessoa horrível. Eu não queria acreditar, apesar dos machucados e dos castigos, eu sempre achei que ele fazia aquilo para me proteger. Eu acreditava na ideia de que ele me amava, porque se o meu próprio pai não me amava, então eu não teria no que acreditar... Mas todo sonho acaba. O meu acabou com 17 anos, ele me machucou mais do que deveria e eu sabia que se eu não fugisse ele ia me matar. Naquela noite, eu percebi que o meu pai não era a pessoa que eu achei que ele era... Já está na hora de você acordar, Josette.
-Eu não sabia que você tinha problemas com a sua família...
-Todos tem, só que em graus diferentes. Você e seus irmãos sempre tiveram problemas com os seus pais, só que bem menos do que Kai. Vocês todos sofreram, tiveram suas vidas menosprezadas por causa de um Clã -Josette ouvia com atenção cada palavra de Charlotte. -Mas o que vocês passaram não foi nem metade do que o Kai passou nas mãos dos seus pais, você não sobreviveria um dia vivendo na minha pele ou na pele do Kai.
-Por que você está me incentivando? -murmurou Jo, o choro finalmente escorrendo em seu rosto. -Você poderia estar me destruindo agora. Poderia estar falando sobre como eu sou patética... Mas você está me ajudando. Por que?
Uma risada irônica escapou dos lábios de Charlotte, e ela deu alguns passos para trás.
-Eu não estou te ajudando, eu só estou mostrando a verdade -ela se afastava. -E eu não preciso usar palavras cruéis para te destruir, Jo. Você mesma está fazendo esse trabalho sozinha..
...
-Ei, Kai -Damon se aproximava. -Você viu a Charlotte?
-Ela tá com raiva de mim desde que eu falei para ela comprar 4 cartas -Kai dizia com pouca importância, enquanto brincava com um globo de neve. -Ela deve estar ameaçando alguém. Eu acho que a Jo ou a Elena, ela detesta cunhadas.
-Eu até entendo ela. Eu também nunca fui muito fã dos meus cunhados, talvez por isso eu tenha matado todos os namorado da Charlotte -ele deu um sorriso cínico e se senta na poltrona em frente a Kai.
-Eu até me sentiria intimidado pela sua ameaça, mas eu sei que você não vai me matar -Kai retribuiu com ironia e largou o globo de neve no sofá.
O semblante de Damon ficou brevemente irritado ao ver o sorriso sarcástico no rosto de Kai, mas tentou ignorar.
-É, infelizmente eu não vou matar você -Damon relaxou seu corpo na poltrona. -Mas se você acontecer algo ou você machucar ela... Eu arranco a sua cabeça.
-Anotado, cunhadinho -responde Kai com o mesmo sarcasmo. -Você provavelmente não teria ficado tão surpreso se tivesse ouvido o que eu dizia no mundo prisão.
-Cala a boca, Kai -retruca Damon. -Naquele momento a última coisa que eu queria pensar é que você seria o meu cunhado. É humilhante.
-Quanto drama, não tá feliz que somos uma família? -Kai dizia para irritar o outro. -E falando no diabo, ou no anjo. E aí, vampirinha.
Charlotte vai caminhando até ambos e se senta em uma cadeira de balanço que estava próxima.
-Damon, você já roubou pelo menos duas namoradas do Stefan. Vai querer roubar o meu namorado também? -ela questiona com acidez, e olha para Caroline e Elena que estavam próximas. -Não leva para o lado pessoal, Elena.
-Você era mais divertida quando estava tentando matar todo mundo -interrompe Caroline com impaciência.
Kai, Damon e Stefan se olharam.
-Sério, Barbie? -Charlotte se levanta e se aproxima de Caroline com um sorriso no rosto. -Por que não me disse antes?
Assim que viram que Charlotte ia ir para cima de Caroline, Kai segurou a herege pela cintura por trás e Stefan fez o mesmo com a Caroline.
-Eu não tô afim de morrer hoje, então vocês não vão se matar -Kai dizia, ainda segurando Charlotte por trás.
Damon observou a cena e fez uma careta, indo até os dois.
-Tá, agora solta ela -ele falou afastando Charlotte e Kai. -Muito grude, eu ainda não quero ver essa cena.
-Vocês todos são estraga-prazeres -Charlotte se joga no sofá.
-Eles só fizeram isso porque sabem que eu acabaria com você! -Caroline fala alterada.
-Não exagera, loira -zomba Kai.
-Por favor, Caroline, fica quieta -Stefan sussurra.
-É, abaixa a bola, Caroline -Damon falava com deboche.
Quando outra confusão ia começar, Luke entrou na sala tomando a atenção para si.
-O jantar está pronto -ele ergueu um pouco as mãos. -Vocês não se mataram até agora, acho que vamos conseguir sobreviver até o final da noite.
-É claro, maninho -Kai ironizou. -Ninguém ousaria estragar a noite de natal, ia ser bem trágico.
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A Devil Romance
FanfictionKai Parker, a ovelha negra do Clã Gemini. Todos já sabemos da história de Kai Parker, o sociopata que matou toda a família... Mas na verdade a história é um tanto diferente do que pensávamos, apesar de tudo, Kai Parker já teve um amor épico, que o a...