Deja Vu

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Kai quase se assustou assim que acordou abruptamente. Ele conseguia ouvir o suave som de estilhaços de vidro se quebrando embaixo dele.
Aos poucos sua visão era recobrava. Ele olhou ao redor, franzindo seu cenho ao ver onde estava. Aquele grande salão destruído. Cheio de cadáveres, decorações destruídas, sangue por todos os lados e vidro quebrado em todos os cantos. O casamento de Josette. Mas por quê?

—Bom dia, bela adormecida —disse Charlotte com um sorriso suave.

Ele a observou. Os cabelos com pequenos cachos nas pontas, a maquiagem marcante nos olhos, aquele exato vestido preto que ela havia usado naquela noite.

—O que... —as palavras fugiam de sua boca. Aquela situação era confusa demais.

Ele ousou pensar que podia ser uma memória vívida proporcionada pelo inferno, mas não era uma memória levando em conta que aquela parte da história nunca havia acontecido.

—Tyler Lockwood te mordeu. Você ficou desmaiado por um pouco mais de uma hora —diz Charlotte, sentada sobre o chão com a cabeça de Kai em seu colo. Seus dedos acariciavam delicadamente o pescoço ensanguentado dele. —Para a sua sorte, Klaus estava por perto e me deu um pouco do sangue dele.

—Onde nós estamos? —ele ergue um pouco seu corpo, ficando sentado sobre o chão.

Ele estalou o pescoço, gemendo baixo ao sentir aquela sensação.
Charlotte o encarou, franzindo o cenho e rindo um pouco.

—No casamento da sua irmã. Você bebeu meu sangue, matou a Jo e depois eu te matei. A Gemini toda está morta, lembra? —ela inclina um pouco a cabeça. Charlotte se levanta junto com Kai, tirando aqueles pedacinhos de vidro do seu vestido. —Olha, o seu pai está ali.

Ela indicou com o queixo, fazendo Kai observar o cadáver de Joshua Parker. Ele se sentia tonto e confuso, mesmo que as emoções continuassem basicamente apáticas.

—Você completou a transição do vampirismo a pouco tempo. As suas emoções devem estar confusas —ela se aproxima de Kai, arrumando a gola do terno. —Posso ir procurar sangue fresco, se você quiser.

Kai encarou Charlotte nos olhos e forçou uma risada sarcástica, dando um passo para trás e erguendo um pouco as mãos.

—Tá legal. Você até me deixou um pouco confuso com esse seu teatrinho, mas agora eu entendi —ele se aproximou um pouco mais da herege. Abaixando um pouco a cabeça para encarar os olhos dela. —Sai da minha cabeça, Charlotte.

—O que? —ela franziu as sobrancelhas novamente, uma expressão confusa era evidente em seu rosto. —Sobre o que você tá falando?

—Não vem com esse papo, você sabe exatamente o que eu estou falando —ele se aproximou um pouco mais, talvez tentando intimida-la, o que acabou não gerando esse efeito em Charlotte. —Já se passaram quase seis anos desde esse casamento. Você morreu, virou a governante do inferno. E agora me matou, eu estou no inferno e você quer brincar com a minha cabeça para que eu ligue a minha humanidade. Isso não vai rolar.

Charlotte o olhou e acabou rindo. Ela riu até ver que a expressão no rosto de Kai era séria, seu sorriso aos poucos se esvaiu.

—Ai, meu Deus. Você tá falando sério. Você acredita mesmo que isso é real.

—Chega de joguinhos. Você sabe que não vai conseguir.

Ela se aproximou, colocando suas duas mãos sobre o rosto de Kai. Seu polegar acariciando suavemente a bochecha dele, fazendo ele a olhar nos olhos.

—Kai, eu não morri. O inferno não existe. Está tudo bem —ela falava com tanta convicção. —Nós matamos a Gemini, você foi atrás do Alaric e o Tyler acabou te mordendo. Você ficou fraco por causa do veneno de lobisomem e acabou desmaiando, deve ter alucinado. Damon me disse que o veneno faz isso com os vampiros.

A Devil RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora