Eu: Eu te amo Natalie... E eu quero muito ficar com você. – a olhei nos olhos.
Nat: Priscilla eu também te amo, mas...
Eu: Mas?
Nat: A gente não pode ficar juntas.
Eu: Por que?
Nat: Eu sou uma garota de programa Priscilla. Sua família nunca aceitaria.
Eu: Natalie, a partir do momento que você disser sim pra mim, o seu passado fica no passado. Ninguém tem que saber.
Nat: Eu fui reconhecida duas vezes em São Paulo. Olha o tamanho de São Paulo.
Eu: Natalie – segurei o rosto dela. – Do que você tem medo de verdade?
Nat: Não quero que você brigue com sua família por minha causa.
Eu: É a minha felicidade e se você estiver disposta a ficar do meu lado eu passo por tudo. Eu conto aos meus pais sobre você, ninguém vai descobrir nada por acaso e...
Nat: Eles sabem... – eu parei de falar.
Eu: Como assim?
Nat: Seu pai foi o primeiro a saber.
Eu: Não estou entendendo...
Nat: Seu pai soube no dia em que chegamos em São Paulo. Quando eu subi para conversar com ele. Ele já sabia tudo sobre mim. Sobre a minha escola, sobre a boate, sobre os programas, o meu nome, onde eu moro.
Eu: E como ele soube? Porque não me disse nada?
Nat: Ele não quis que eu te dissesse que ele já sabia, por causa da sua mãe. Ele sabia que ela ia surtar.
Eu: Ele te maltratou?
Nat: Não Pri. – ri – Nunca. Seu pai é um homem maravilhoso. – me contou tudo.
Eu: É – relaxei os ombros – Ele é...
Nat: Mas a sua mãe não vai aceitar.
Eu: Eu vou falar com ela.
Nat: Ela veio aqui Priscilla.
Eu: Quando? – arregalei os olhos.
Nat: Quando seu pai teve o AVC. Ela apareceu aqui em casa no inicio da noite... – me contou.
Eu: Meu Deus. Por isso ela sumiu aquele dia e não disse onde foi. Ela não tinha o direito de fazer isso. Meu pai contou a ela então e ela fez o que ela achou que deveria fazer. Ela não poderia ter feito isso com você. Eu vou falar com ela sobre isso.
Nat: Não Pri, não fala nada. Não briga com ela por isso, por favor. Eu não quero que você se indisponha com a sua família por minha causa.
Eu: Natalie eu quero ficar com você e pra isso acontecer todo mundo tem que saber. Eu não vou deixar de te ter por causa deles. Eu não sou mais criança.
Nat: E eu não quero que você perca a sua família por minha causa. Por que isso dói e dói muito. E vai ser uma dor que eu sei que você não vai saber lidar, porque eu estou tentando lidar com ela até hoje. Por muito tempo eu evitei sentir a dor da rejeição da minha família e agora eu sinto ela mil vezes mais forte, por ter evitado tanto tempo de senti-la. – deixou cair uma lágrima.
Eu: Amor... Me conta o que aconteceu com você... Me conta sua história? Me deixa te conhecer, te entender. – dei um beijo calmo nela.
Nat: Há 10 anos eu namorava uma garota, Beatriz... – começou a contar e eu ouvia tudo atentamente. Meu corpo arrepiava, as vezes eu tinha a sensação de estar com frio, porque era tudo tão triste e dolorido. Ela me contou o que os pais fizeram naquela madrugada, como ela veio para o Rio. Contou da rejeição da família toda depois dos pais terem contado a versão deles e o quanto a família dela era intolerante, em como o Rodrigo a recebeu e ela voltou a estudar, a dar aulas de balé para crianças. Parte da historia eu já conhecia. Contou do final de semana que foi passar no Sul para ver a sobrinha e que viu os pais 10 anos depois e o pai a agrediu e a feriu. E depois quando o pai faleceu e ela viu praticamente tudo de longe. De como ela reencontrou a ex namorada do dia da confusão e são boas amigas hoje e se falam com frequência. Do perdão que ela não consegue dar. Ela chorava tanto me contando que eu me peguei chorando ouvindo tudo. As feridas dela eram enormes e nenhuma delas estavam cicatrizadas e ela carregava aquilo com tanta dor, com tanto peso a tanto tempo.
Eu: Não tem vontade de procurar sua mãe agora e conversar com ela? Ela perguntou de você algumas vezes pelo que disse.
Nat: Não. Eu tenho medo e ela foi uma das que me agrediu muito e eu não quero isso. Meu pai quase quebrou meu braço e ela não fez nada por mim. Ela não se importa comigo, porque eu vou atrás, para apanhar? Para ser xingada? Dispenso isso.
Eu: Amor, se quiser fazer isso, eu vou com você.
Nat: Não. Eu não quero fazer isso e está tudo bem.
Eu: Tudo bem então. Parou com os remédios?
Nat: Eu sinto dor Pri.
Eu: Vamos ao médico ele troca a medicação.
Nat: Não funciona eu preciso desse – ela já falava como uma dependente.
Eu: Natalie, esse remédio é muito forte para você.
Nat: Não é.
Eu: Por favor, vamos ouvir uma segunda opinião.
Nat: Melhor você ir pra sua casa.
Eu: Quer que eu vá?
Nat:Quero –levantou levando a caixa da pizza e taças para a cozinha. Eu fui até o quartodela me troquei, peguei minha bolsa e sai sem falar nada. Ela não vai aceitarajuda. Fui para casa já estava amanhecendo. Escovei os dentes coloquei umpijama e deitei.
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NATIESE EM: SENHORITA KATE
FanfictionDuas mulheres, dois "mundos" diferentes... Priscilla Pugliese 28 anos empresária de sucesso formada em Administração e Gastronomia, dona de um dos restaurantes mais famosos do Rio de Janeiro, Olympe entre outros restaurantes pelo país junto com sua...