Capítulo 41

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Eu falava com o Rodrigo todos os dias. Natalie estava do mesmo jeito. Não falava com ninguém, quase não comia, não saia do quarto, só tomava banho, se entupia de remédios, chorava e dormia. Uma noite o Rodrigo me mandou mensagem dizendo que ela estava estranha, que ela havia saído toda produzida dizendo que estava indo trabalhar. Eu me troquei e fui até a boate, ela estava dançando como se nada tivesse acontecido, mas na dança dela tinha algo diferente, ela não dançava com paixão, ela dançava com ódio. A expressão facial e corporal dela mostrava isso. Quando saiu do palco ela sentou no colo de uma mulher e a beijou. Meu sangue corria nas minhas veias como fogo. Eu fui até lá peguei no braço dela e a arrastei para o quarto que ela usava na boate.

Nat: O que é isso? O que você pensa que está fazendo? Está machucando meu braço Priscilla, me solta.

Eu: Entra nesse quarto, agora – abri a porta e a empurrei. Entrei e tranquei a porta abafando todo barulho da boate.

Nat: Qual é o seu problema hein? – falava com raiva.

Eu: QUAL É O SEU PROBLEMA. VOCÊ DIZ QUE ME AMA E VEM PARA BOATE SENTA NO COLO DE UMA MULHER E A BEIJA, VOCÊ ESTÁ FICANDO MALUCA? – gritava.

Nat: NÃO GRITA COMIGO – gritou de volta - A gente não pode ficar juntas. Aceita isso de uma vez – falava entredentes e com muita raiva.

Eu: E por que não? O que te impede? Não quer sair daqui? Não quer parar de dançar? Você tem sua escola, pode dançar o dia todo. – meu coração parecia que sairia pela boca.

Nat: Eu sou uma prostituta Priscilla, eu não sou mulher para você, eu não me encaixo no seu mundinho perfeitinho de milionários de alta classe. Eu ralei muito pra eu ter o que eu tenho. Eu me virei muito sozinha pra estudar, eu chorei muito pra chegar onde eu cheguei.

Eu: Ah claro, boa parte do tempo abrindo as pernas – ok, peguei pesado. Ela veio me dar um tapa e eu segurei o braço dela. – Está gostando de me dar tapa na cara não está? Chega disso Natalie, para de bancar a rebelde, você não é assim.

Nat: Pra você é Senhorita K... ou Senhorita Kate. Você não é nada pra mim, foi só mais uma cliente. Agora vai embora daqui e não volta nunca mais. – falava cheia de raiva, mas claramente ela não queria dizer nada daquilo.

Eu: Eu te amo.

Nat: Mas eu não amo você. Agora vai embora.

Eu: Essa não é você.

Nat: Essa sou eu. Você não sabe quem eu sou. – cuspia as palavras em mim.

Eu: Eu sei sim. Você é uma pessoa que foi extremamente ferida a 10 anos e a história se repetiu a pouco mais de 1 mês. Ai a pessoa que te feriu morreu e você não conseguiu perdoar porque a pessoa morreu te odiando e você o odiando mais ainda e agora você está sofrendo botando pra fora o que você não fez a 10 anos. Você está se entupindo de opiáceos por uma dor física que não existe mais, mas é forte o suficiente para te anestesiar e depois te apagar, fazendo com que a dor que sente ai dentro de você suma por um tempo e não te consuma. – ela deixou cair uma lágrima.

Nat: Você não sabe de nada Priscilla.

Eu: Sei mais do que eu gostaria e eu quero ajudar você.

Nat: Eu não quero e não preciso da sua ajuda. Nosso negócio foi a meses naquele casamento e naquela festa e acabou, agora vai embora daqui e não volta mais. – falava com raiva.

Eu: Não faz isso Natalie... Por favor...

Nat: Vai embora Priscilla...

Eu: Quer mesmo que eu vá? – ela ficou me olhando – Quer mesmo que eu vá?

Nat: Quero. – falou engasgada.

Eu:Tudo bem. –engoli a vontade absurda de chorar ou de arrastá-la comigo. – Adeus então. – ela não respondeu e eusai da boate rapidamente. 

NATIESE EM: SENHORITA KATEOnde histórias criam vida. Descubra agora