Capítulo 27

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ROBERTO NARRANDO...

Estava preocupado com a minha família, com os negócios e eu sabia que eu não viveria por muito tempo. Pedi que meu advogado pessoal fosse até lá em casa para que refizesse meu testamento. Precisava atualizá-lo e ficamos cerca de 3 horas fazendo isso. Quando ele foi embora Patrícia chegou.

Patrícia: Oi amor – me deu um beijo.

Eu: Oi amor, como foi seu dia?

Patrícia: Cansativo, mas foi um cansaço bom. Hoje fui naquela ONG levar a doação do banco, ficaram tão felizes.

Eu: Que bom amor fico feliz.

Patrícia: Foi o doutor Fabrício que saiu daqui?

Eu: Sim. Ele veio atualizar meu testamento. – ela suspirou.

Patrícia: Sabe que eu não gosto quando fala disso né? De morte dessas coisas.

Eu: Patrícia, isso vai acontecer, e eu não quero deixar burocracia pra ninguém resolver. Eu já atualizei e está tudo certo fica tranquila. Falou com a Priscilla hoje?

Patrícia: Sim eu liguei pra ela, parece que ela e a Kate não estão muito bem, mas ela está bem, disse que essa semana vem te ver. O restaurante está com um movimento muito grande.

Eu: Ela está indo tão bem né? – sorri.

Patrícia: Sim muito... – eu precisava falar sobre a Kate, eu não podia continuar mentindo pra minha mulher. E eu sabia melhor que ninguém que a Priscilla estava apaixonada por ela, eu conheço minha filha se de olhar pra ela. Minha esposa foi tomar banho, a gente já não dormia mais no mesmo quarto, por causa da privacidade dela, já que eu tinha um enfermeiro 24 horas. Só quando queríamos ficar um tempo sozinhos que eu ia para o quarto dela que era o meu antigo quarto. Depois de uma semana eu assinei todos os documentos a respeito do meu novo testamento e quando o advogado foi embora eu chamei a Patrícia para conversar. – Oi querido queria falar comigo?

Eu: Sim – a beijei. – Vai para a empresa agora?

Patrícia: Não, hoje eu não vou. Vou ficar com você, eu quase não fiquei com você essa semana. – me deu outro beijo.

Eu: Que bom. Eu quero te mostrar uma coisa, quero falar com você sobre isso amor.

Patrícia: O que houve?

Eu: É sobre a Kate.

Patrícia: Kate, namorada da nossa filha?

Eu: Ela não é namorada da nossa filha. – ela me olhou sem entender.

Patrícia: Como assim Roberto? – riu – Eu não estou entendendo.

Eu: Aqui está... – dei a pasta a ela – Quando o motorista foi busca-las no aeroporto a meu pedido, eu o pedi que desse um jeito de pegar algum dado dela. Ela deixou a carteira dela cair quando entrou no carro. Ele fechou a porta abriu a carteira rapidamente e pegou a identidade dela e logo devolveu a carteira falando que ela tinha deixado cair. Ela não percebeu nada e o Marcos é veloz você sabe. Como pode ver, o nome dela é Natalie.

Patrícia: Meu Deus...

Eu: A Priscilla a contratou para se passar por namorada dela.

Patrícia: E... E porque ela fez isso?

Eu: Por que você acha que ela fez isso Patrícia? – ela ficou pensativa por alguns segundos...

Patrícia: Oh... Por minha causa – falou triste.

Eu: Sim, por sua causa. Por que você não se conforma em ver nossa filha sozinha. Você não a escutou quando ela disse que terminou com aquela ameba da Maria Clara e encheu a cabeça dela com inúmeras opções de mulheres para se envolver. A Priscilla é adulta, é independente, é inteligente e resolvida. Ela não precisa da mãe dela se metendo na vida dela 24 horas Patrícia.

Patrícia: Ela é dançarina numa boate, tem uma escola de dança para mulheres, se chama Natalie Kate Smith é do Rio Grande do Sul, não faz contato com os pais desde que saiu de casa. Ela faz... Ela faz programas... – fechou a pasta – Eu não consigo mais ler isso... – colocou a mão na boca. – Ela é uma garota de programa.

Eu: Sim, ela é. Mas eu acho que a nossa filha gosta dela, mesmo sem saber que o nome dela é Natalie. A Priscilla não sabe nada sobre ela Patrícia. Ela não sabe que ela se chama Natalie, que ela tem uma escola de dança onde ela trabalha durante o dia, ela não sabe nada sobre a garota e eu conheço a minha filha e ela está apaixonada por essa menina.

Patrícia: A gente tem que contar pra ela Roberto. Ela não pode se envolver com ela. – falava com raiva.

Eu: Patrícia você está ouvindo tudo que eu estou falando? A NOSSA FILHA PODE ESTAR APAIXONADA POR ESSA GAROTA.

Patrícia: EU OUVI ROBERTO, MAS ELA É UMA PROSTITUTA... – gritou de volta – Meu Deus... Isso é culpa minha...

Eu: Eu estou te contando isso, porque eu não vou impedir minha filha de se relacionar com ela, então estou te contando tudo isso pra dizer que não vamos nos meter. Ela é uma boa moça que se deu muito mal na vida, que não tem pais que a amam e que se reconstruiu, e não importa como ela fez isso. Ela não matou ninguém, ela não feriu ninguém, ela não passou por cima de ninguém. Ela sobreviveu aos piores cenários para ela e hoje ela tem um apartamento bacana, num lugar bacana, tem a escola dela, conseguiu fazer uma faculdade. Não temos o menor direito de julgar as escolhas dela como se ela tivesse tido um leque de opções porque ela não tinha. – falava irritado já. – SENTA QUE EU ESTOU FALANDO... – falei alto e ela me encarou.

Patrícia: Roberto, somos conhecidos. Se alguém descobre isso, se um cliente dela a reconhece, pensa no escândalo que isso seria para nós?

Eu: Eu estou mais preocupado com os sentimentos da minha filha do que com um arranhão no brasão da família.

Patrícia: Eu vou conversar com a Priscilla.

Eu: Você não vai falar nada. Ela não sabe de nada. Isso é entre elas. Olha, já estou arrependido de ter te contado.

Patrícia: Como pode ser tão condescendente?

Eu: E como pode você ser tão estúpida? Você não vai se meter nisso, você não vai contar pra nossa filha o que está acontecendo, você não vai procurar a Natalie e se a Priscilla aparecer aqui com ela, por Deus mulher, você não vai destratar essa garota um segundo em respeito a nossa filha.

Patrícia: E o que pretende com isso? Deixar nossa filha sem saber quem ela é?

Eu: Ela sabe que ela é uma dançarina, ela sabe que ela faz programa, mas ela não sabe o nome dela verdadeiro não sabe da história toda dela. Você não vai se meter ouviu?

Patrícia: Isso é um absurdo.

Eu: Não é da nossa conta. – ela pegou a pasta. – Onde vai com isso?
Patrícia: Vou me inteirar de tudo isso, já que você me contou não é?
– saiu nervosa. Queria tomar um banho pra relaxar antes de ir almoçar eu não estava me sentindo bem e só me lembro de acordar no hospital com o meu médico falando que eu tive um AVC. Era só o que me faltava. Os dias que passei no hospital após a cirurgia, eu notei o quanto a Priscilla andava triste, preocupada e pensativa, eu não gostava de vê-la assim. Não via a hora de ir pra casa, eu estava me sentindo bem, as vezes ficava um pouco confuso, mas estava bem. Depois que fui pra casa, Priscilla ficou mais dois dias em São Paulo e voltou para o Rio, tinha que trabalhar, a Luíza estava praticamente sozinha com o restaurante. Eu tinha um medo, e esse medo era de morrer sem dizer a minha filha para ser feliz como ela quer e merece até que ela entenda que ela realmente pode fazer isso por ela. 

NATIESE EM: SENHORITA KATEOnde histórias criam vida. Descubra agora