Capítulo 44

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NATALIE NARRANDO...

As semanas passavam... Eu sentia dor física e emocional. Eu não sabia qual era a pior. Fui num ortopedista chorando muito e ele me receitou um opiáceo muito forte, ele me anestesiava e aquilo acabava com a minha dor emocional também... Eu não queria mais trabalhar, eu não queria mais sair de casa, eu não atendia mais o telefone, não atendia nem o porteiro quando vinha trazer as correspondências. Rodrigo cuidava da escola, pedi que colocasse alguém para dar aulas no meu lugar enquanto eu não voltasse. Eu não conseguia ser eu. Eu bebia, coisa que eu não fazia antes, bebia e tomava remédios. Isso me aliviava. Me ajudava a não enlouquecer de vez. As semanas para mim se passavam lentas, meus irmãos me ligavam, eu não atendia até que a Emily apareceu lá.

Emy: Natalie pelo amor de Deus. Precisa reagir, eu vou procurar um psicólogo pra você, olha como você está. – eu não a respondia. – Rodrigo, ela está comendo?

Rod: Pouco, mas ainda come. Mas os remédios estão como balas.

Eu: Eu sinto dor – falei com raiva.

Rod: Já falamos sobre isso. Precisa de terapia Natalie não pode continuar desse jeito. Emily ela está tomando opiáceos, ela não precisa disso e um ortopedista maluco receitou pra ela, e ela está vivendo disso anestesiada dizendo que está com dor, mas ela não sente essa dor toda mais. – falava nervoso.

Emy: Pelo amor de Deus Natalie, você está viciada em remédios, precisa se tratar.

Eu: Vai embora Emily. Vai pra sua casa, vai cuidar do seu marido vai cuidar da sua mãe, me deixa em paz. – voltei para o meu quarto e fechei a porta. Eu me deitei e fiquei ali, em silêncio. As lágrimas caiam silenciosas e foi assim por mais um tempo. Um dia desses eu não aguentava mais, eu estava sufocada demais. Eu entrei no meu carro e dirigi até o meu lugar favorito para ficar sozinha. Abri um cobertor que eu tinha levado, e me sentei naquele terraço numa fabrica abandonada. Tinha uma vista linda pra uma praia num lugar bem deserto. Eu chorei, de dor, de raiva, de tristeza, de saudade, de medo, de confusão, de todos os sentimentos possíveis e impossíveis no mundo. Eu não sabia o que sentir. Era tanta coisa que eu não sabia o que eu sentia. Eu fiquei ali por 24 horas chorando sem parar. Quando me dei conta ela estava ali... Priscilla... Com uma feição muito preocupada. Ela trazia água, suco e um sanduiche, com sua preocupação clara de que eu pudesse estar com fome. Eu fiz o que ela pediu, ela queria cuidar de mim. Eu a amava por isso, por esse cuidado, mas ao mesmo tempo eu a odiava. Eu queria odiá-la, mas não conseguia. Eu a perguntei se ela me amava e ela disse que sim e eu contei quem eu sou. Eu esperava gritos, esperava uma reação terrível dela, mas essa reação não veio. Mas eu estava tão machucada, tão quebrada, que eu a ataquei. Eu dei um tapa na cara dela. Eu levantei e fui embora. Eu chorava, gritava, socava o volante, quase capotei o carro. Eu não me reconhecia mais. Eu cheguei em casa um tempo depois entrei num rompante assustando o Rodrigo.

Rod: Ai Natalie graças a Deus.

Eu: Não tinha o direito de mandar a Priscilla atrás de mim.

Rod: Tinha sim, ela te ama e você a ama. Não pode continuar com isso Natalie pelo amor de Deus, olha pra você.

Eu: Me deixa em paz Rodrigo. – falei entredentes. Peguei uma garrafa de água na geladeira e fui para o meu quarto. Tomei um comprimido e fui tomar um banho. Fiquei quase uma hora no chuveiro, lavei meu cabelo sai coloquei um pijama e me deitei. Alguns dias depois resolvi voltar para a boate. Eu dancei como nunca dancei antes e resolvi fazer um programa. Fui surpreendida com a Priscilla me arrastando para o quarto que eu usava. Ela falou um monte de coisa, minha cabeça girava. Ao mesmo tempo que eu a xingava, eu queria dizer que a amava. Ao mesmo tempo que eu dizia que queria que ela fosse embora eu queria que ela me pegasse e me levasse dali a força e dissesse que não me deixaria voltar ali nunca mais. Quando ela perguntou se eu queria mesmo que ela fosse embora, meu coração apertou. Eu não queria, mas ela tinha que ir. Eu não era a melhor pessoa pra ela, eu não podia arrastá-la para o meu caos. Ela perguntou mais uma vez e eu confirmei e ela se foi. Eu chorei, eu gritei, eu me bati. Acabei adormecendo ali. Exausta. De manhã acordei com a Giul me chamando.

Giul: Kate... Acorda... Dormiu aqui...

Eu: Oi... Sim, peguei no sono.

Giul: Se troca, vai lá no escritório falar comigo.

Eu: Tá... – eu tomei um banho, me troquei e fui até lá.

Giul: Quer um café?

Eu: Quero, obrigada – me serviu. Eu tomei um pouco do café.

Giul: O que está acontecendo com você?

Eu: Nada, está tudo bem.

Giul: Eu vi como a Priscilla saiu daqui ontem o que ela fez no salão ontem. Você emagreceu demais Kate, você sumiu não apareceu mais aqui eu falei com o Rodrigo e ele disse que você estava mal e ai você aparece como se nada tivesse acontecido, maravilhosamente bem num passe de mágica. Você não está bem. O que está acontecendo?

Eu: Eu estou bem Giul é sério. – suspirei.

Giul: Você precisa de ajuda? – eu a encarei segurando para não chorar – Se você precisa de ajuda, me fala eu posso te ajudar, eu quero te ver bem.

Eu: Eu estou bem. Se eu precisar de ajuda eu vou pedir.

Giul: Tudo bem. Eu espero que peça mesmo. Não quero que fique mal, não quero te ver mal. Por favor, me peça ajuda, não deixe as coisas perderem o controle, me fala antes, me procura antes.

Eu: Obrigada. – me levantei e sai. Fui para o meu carro e fui pra casa. O Rodrigo estava tomando café.

Rod: Bom dia Natalie.

Eu: Bom dia Rodrigo. – coloquei minha bolsa no sofá fui lavar as mãos e me sentei com ele. Ele não falava nada. – Vai ficar calado?

Rod: Sim.

Eu: Por que?

Rod: Estou treinando ficar calado. Você disse que era pra eu calar a minha boca, então eu estou treinando ficar de boca fechada. – eu rolei os olhos.

Eu: Rodrigo eu só não quero que se meta em assuntos que não cabe a você.

Rod:Desculpa, se me preocupar com você é intromissão. Mas eu não quero chegar aquie te encontrar morta no banheiro por overdose ou com os pulsos cortados porquevocê enlouqueceu e se recusa a pedir ajuda. Está tudo uma merda pra você e oamor da sua vida tentou te ajudar e você não quis, então acho que você estásendo masoquista querendo ficar na merda não é mesmo? Vou trabalhar, alguém temque cuidar da escola já que a própria dona não se importa. – se levantou pegou as coisas coisas dele achave do carro e saiu. Eu chorei. Só chorei. Eu nunca me senti tão sem vida,perdida como agora.

NATIESE EM: SENHORITA KATEOnde histórias criam vida. Descubra agora