Capítulo 19

902 63 3
                                    

Fui até a área vip onde eu estava com a Luíza.

Luíza: Onde estava?

Eu: Preciso ir embora. Minha mãe ligou, meu pai está no hospital intubado.

Luíza: O que?

Eu: Vai ficar?

Luíza: Não, vamos... – pegou a bolsa dela também. Saímos pagamos a conta e fomos pra casa. – O que ela disse? Como isso aconteceu?

Eu: Ele aspirou comida num engasgo. – expliquei pra ela.

Luíza: Meu Deus... Quer que eu vá com você pra São Paulo?

Eu: Não. Precisa cuidar do restaurante. Qualquer coisa eu ligo.

Luíza: Ok. – ela me deixou em casa e eu subi fiz uma mala enquanto olhava passagem. Achei uma passagem para as 7 da manhã. Nem avisei minha mãe. Pedi um uber e fui para o aeroporto fiz o check in e pouco antes das 7 horas embarquei. As 8 horas cheguei em São Paulo peguei um uber e fui pra casa. Entrei em casa estava tudo silencioso. Subi para o meu antigo quarto. Finalmente poderia ficar nele, já que não fiquei quando vim para o casamento por causa das reformas que minha mãe estava fazendo na casa e estava tudo uma bagunça. Tomei um banho e deitei. Devo ter dormido por umas 3 horas. Levantei me troquei fiz minha higiene e desci. Minha mãe estava na cozinha falando alguma coisa com a cozinheira.

Eu: Oi mãe.

Mãe: Oi filha – me abraçou – Por que não avisou? Eu teria ido te buscar, ou pediria o motorista.

Eu: Não precisava. Eu cheguei as 8 horas, a senhora ainda estava dormindo.

Mãe: Eu quase não dormi essa madrugada. Vem vamos tomar café, ainda não tomei. – nos sentamos para tomar café. – Cadê a Kate? – nossa, já perguntou na lata.

Eu: Ela e eu não estamos nos falando mãe.

Mãe: Por que? Terminaram?

Eu: Não sei bem o que houve, não sei mais o que somos – suspirei. – Mas não quero falar disso – mal sabe ela que não somos nada e que agora ela me odeia. – E o Felipe o que achando disso tudo?

Mãe: Está assustado coitado. Seu pai estava ótimo antes de ontem e ontem já amanheceu enfraquecido.

Eu: Desde quando ele está engasgando para comer mãe?

Mãe: Já faz uma semana. Os médicos disseram que ele está degenerando muito rápido até mesmo para a doença dele. O Alzheimer foi descartado, fizeram uma punção lombar nele, e era acúmulo de liquido. Mas ele está degenerando muito rápido. Ele viveria anos assim, sem degeneram tão rápido, mas parece que está numa velocidade incontrolável.

Eu: Não podemos leva-lo aos Estados Unidos mãe, ver alguma abordagem, algum tratamento diferente?

Mãe: Falei isso ontem com o médico dele e ele está vendo uma medicação com um médico muito importante em Boston. Estamos vendo todos os recursos possíveis.

Eu: E o que o Felipe está achando disso?

Mãe: Ele não fala nada. – suspirou – Sabe que pra ele não vai ser fácil. Ele entende, ele aceita, mas eu sei que ele não sabe lidar.

Eu: Ninguém sabe mãe. Você também não. Está com ele mais da metade da sua vida e eu sei que também está sofrendo e não sabe lidar com isso. Sei que aceita o que vai acontecer, que entende o que vai acontecer, mas que não quer isso tanto quanto eu e o Felipe e está tudo bem ficar com raiva disso. A gente tá perdendo ele mãe – falei controlando o choro. Ela se retirou da mesa sem dizer nada. Minha mãe fazia isso. Ela não falava, ela apenas se retirava. Ela estava sofrendo com isso, mas ela era a dona Patrícia, imbatível e resistente às maiores tempestades. Eu terminei meu café da manhã me troquei peguei a chave de um dos carros da casa e fui ao hospital. Procurei pelo doutor Martins que era o médico dele.

Martins: Sente-se.

Eu: Como ele está?

Martins: Reagindo bem. Vamos tirá-lo da intubação em 24 horas. Ele precisa descansar.

Eu: Ele já está perdendo a capacidade de deglutição?

Martins: Ao que parece, não. Foi a primeira impressão que tivemos. Mas detectamos um refluxo que antes ele não tinha. Pode ter se desenvolvido com a doença. Seu pai está degenerando muito rápido. Mais rápido que esperávamos Priscilla.

Eu: E o que isso significa?

Martins: Significa que temos uma chance de travar um pouco a doença, mas se não funcionar a expectativa de vida dele vai ser menor do que a gente previa. – aquelas palavras soaram como um soco.

Eu: De... De quanto tempo?

Martins: Não posso estimar ainda. Mas se ele tiver pioras, tudo pode acontecer muito rápido. Eu nunca vi a ELA deteriorar tão rápido como está acontecendo com ele. O que indica que ele já vinha manifestando sintomas a muito tempo e talvez ele não percebesse, ou ninguém percebesse como um sinal de doença, como tombos por exemplo, como falta de coordenação. O esquecimento, descartamos demência precoce ou Alzheimer. Era apenas um acumulo de LCR e foi resolvido. Eu estou vendo com um médico de Boston uma medicação usada lá em casos de ELA que podem atrasar a degeneração. Se conseguirmos importar, vamos usá-la com seu pai. – ele me explicou inúmeras coisas sobre o caso do meu pai em específico. Coloquei uma roupa especial e entrei para vê-lo. Ele não podia correr risco de pegar nenhum tipo de bactéria, nenhum tipo doença, nada ali no hospital e nem vinda da rua.

Eu:Oi paizinho. Não gostei desse susto viu. Vamos ficar bem logo? Vamos ficarbonzinho logo meu amor? –fiz carinho nele. Fiquei ali alguns minutos e logo fui embora. Cheguei em casaminha mãe tinha saído, tinha ido ao hospital a gente tinha desencontrado. Eupeguei o notebook e comecei a fazer inúmeras pesquisas sobre a doença dele. Euficava assustada com algumas coisas e eu só pensava no quanto meu pai era ativosempre foi e essa doença o destruiria aos poucos emocionalmente por limitá-lotanto.

NATIESE EM: SENHORITA KATEOnde histórias criam vida. Descubra agora