Duas mulheres, dois "mundos" diferentes... Priscilla Pugliese 28 anos empresária de sucesso formada em Administração e Gastronomia, dona de um dos restaurantes mais famosos do Rio de Janeiro, Olympe entre outros restaurantes pelo país junto com sua...
Logo bateram na porta do meu quarto, achei estranho eu não pedi serviço de quarto. Abri a porta e me assustei com a figura toda vestida de preto num terninho impecável na minha frente.
Eu: Patrícia?
Patrícia: Oi Natalie. Posso entrar? – perguntou séria. Eu dei espaço a ela e ela entrou deu uma encarada pelo quarto.
Eu: Alguma notícia da Priscilla?
Patrícia: Não. – suspirou – Mas eu sei onde ela está. Tenho certeza que ela está lá.
Eu: E alguém foi atrás dela?
Patrícia: É pra isso que estou aqui. Ela não vai querer me ver, ou ver o pai dela. Ela não precisa de nós agora. Ela precisa de você – eu fiquei surpresa, muito surpresa. Ela abriu a bolsa e tirou um papel dobrado e a chave de um carro. – Aqui está o endereço. Fica em Campos do Jordão é uma casa que temos em frente a um lago. Não vamos lá a um ano ou mais. Temos uma pessoa que toma conta de lá e o mantém limpo. Eu liguei e perguntei se a Priscilla estava lá, e o caseiro disse que sim, que a viu de frente para uma fogueira lá sozinha e chorando. Eu pedi que ele não dissesse a ela que ligamos e que ficasse observando apenas de longe. Fica a duas horas e meia daqui mais ou menos. Essa chave é de um dos carros do Roberto. A Luíza veio no meu carro enquanto eu vim trazer esse carro para você – estendeu as chaves e o papel para mim – Acho que deveria ir atrás dela. – eu peguei.
Eu: Tem certeza disso?
Patrícia: Sim eu tenho.
Eu: Ok. Eu vou fazer minha mala e fazer check out e vou.
Patrícia: Tudo bem. Cuida dela.
Eu: Eu vou cuidar... Obrigada – ela saiu do quarto sem dizer mais nada. Eu pedi para fecharem minha conta e fiz a mala paguei o hotel e fui para o carro que estava ali em frente. O tanque estava cheio coloquei o endereço no GPS e fui para lá. Parei o carro atrás do carro dela, já era bem tarde da noite.
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As luzes dos fundos estavam acesas, estava muito frio e caia uma chuva fina. Tentei abrir a porta e não consegui então fui para os fundos da casa, tinha um lago enorme nos fundos e quando vi um movimento na água era ela. Ela estava vestida, e caminhava cada vez mais para dentro daquele lago escuro e se jogou na água. Ela sumiu por alguns segundos e não voltava. Eu tirei meu casaco e meu sapato e entrei no lago. – Não, não, não, não, não... Priscilla... – parei e olhei para os lados eu não conseguia ver nada. Logo vi movimentos na água eu fui até lá e a puxei. Ela engasgava. – VOCÊ ESTÁ MALUCA? O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? – ela não dizia nada, parecia meio grogue. Eu a tirei da água entramos em casa. Subi com ela e abri a porta de um quarto acho que era lá que ela estava dormindo. Ela tremia de frio, não falava nada, não me olhava. Eu abri o chuveiro na água quente tirei a roupa dela, tirei a minha e entrei com ela no chuveiro quente. Logo eu sai coloquei um roupão e uma toalha no meu cabelo, a envolvi em uma toalha, sequei um pouco do cabelo dela, a ajudei a colocar uma roupa quente e a se deitar. Ela apenas se cobriu sem dizer nada. Eu fui até a cozinha procurei um chá no armário eu sabia que ela compraria, ela gosta bastante. Fiz um chá pra ela e dei a ela. – É chá, pra esquentar, e talvez não ficar doente. Eu vou no carro pegar minha mala – fui até o carro peguei minha mala o tranquei e entrei. Troquei de roupa sequei o cabelo e voltei para o quarto.
Pri: Como me encontrou aqui?
Eu: O que pensa que estava fazendo?
Pri: Só fiquei com vontade de entrar no lago.
Eu: Nesse frio, e de roupa?
Pri: O que faz aqui? Eu falei pra não ir pra São Paulo.
Eu: Por que tinha algo errado e eu não ia ficar no escuro e preocupada e de fato tinha. Sua tia agrediu você, falou que a culpa era sua da morte da sua avó e gritou um monte de absurdos na sua cara e você sumiu do mapa deixando todo mundo preocupado. Você sabe que a culpa não é sua Priscilla.
Pri: Será?
Eu: Eu tenho certeza que não. A gente não pode viver nossa vida achando que somos erradas ou culpadas de tudo de ruim que acontece no mundo por sermos lésbicas. Infelizmente vivemos no meio do preconceito e dentro da casa da gente, mas a gente resistiu até agora. A gente vai se casar e vamos ser muito felizes. Fazer o que você ia fazer naquele lago só ia mostrar o quão egoísta você seria com a sua família e comigo – deixei cair uma lágrima – Eu te amo muito e eu não suportaria perder você. Não vai ser a ignorância de uma mulher que vai mudar o que somos e vai acabar com o que sentimos. Você não tem o direito de acabar consigo mesma e acabar com a gente...
Pri: Me perdoa – deixou a xicara de lado e me abraçou – Me perdoa... Eu te amo, me perdoa...
Eu: Eu não aguentaria ficar sem você Pri... Por favor não faz mais isso – solucei e ela me abraçou mais forte.
Pri: Me desculpa, eu te amo... Eu te amo muito, eu precisava fugir, eu precisava sumir – chorava.
Eu: Eu sei, mas assim como você quer que eu conte com você quando estiver mal, eu quero que conte comigo também. Eu vou ser sua esposa. – a beijei. – Está cansada, precisa dormir agora tá? Deita eu vou ficar aqui com você – eu a abracei e fiquei ali até que ela dormisse. Fiquei velando seu sono por um tempo, até que me levantei e fui até a cozinha precisava comer alguma coisa e tomar meus remédios. Logo mandei mensagem pra Luíza falando que tinha encontrado a Pri e ela estava bem, eu cuidaria dela e os manteria informados. Na manhã seguinte ela estava tossindo e espirrando muito. Ela estava com febre, então eu desci fiz o café da manhã levei pra ela. – Tem algum remédio pra gripe?
Pri: Não. – começou a tossir.
Eu: Vou a cidade comprar um remédio pra você tá?
Pri: Tá bom – eu tomei café com ela me troquei e fui a farmácia. Comprei um termômetro e alguns remédios e fui pra casa. Ela estava ardendo em febre. Dei um antitérmico pra ela e um antigripal, dois dias depois ela estava melhorando. A gente parecia um pouco distante ainda.
Eu: Eu fiz almoço, vamos comer?
Pri: Senta aqui amor – ela me chamou. – A gente tá um pouco distante e eu não quero isso. Eu te amo, me perdoa? Eu estava mal, eu fui engolida por um sentimento muito ruim. Eu não pensei em nada, eu só fiz. Desculpa.
Eu: Eu também te amo e eu te perdoo, só tenho medo de que você não aguente a pressão da sua família com relação ao nosso relacionamento. Eu estou calejada Pri, eu já passei por coisas horríveis por causa disso e você sabe disso. Mas você não.
Pri: Natalie, nada vai mudar entre a gente ok? Eu te amo. E eu fiquei mal, muito mal com aquelas acusações, os gritos, o tapa na cara na frente de todo mundo. E fiquei mal de verdade por isso eu vim pra cá. Eu não conseguia respirar. Mas eu tenho muita certeza do que eu quero e eu quero ficar com você e estou ainda mais certa do nosso casamento. – eu a abracei.
Eu:Vem vamos almoçar –fomos comer, decidimos ir embora no dia seguinte pela manhã.