Capítulo 78

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Logo bateram na porta do meu quarto, achei estranho eu não pedi serviço de quarto. Abri a porta e me assustei com a figura toda vestida de preto num terninho impecável na minha frente.

Eu: Patrícia?

Patrícia: Oi Natalie. Posso entrar? – perguntou séria. Eu dei espaço a ela e ela entrou deu uma encarada pelo quarto.

Eu: Alguma notícia da Priscilla?

Patrícia: Não. – suspirou – Mas eu sei onde ela está. Tenho certeza que ela está lá.

Eu: E alguém foi atrás dela?

Patrícia: É pra isso que estou aqui. Ela não vai querer me ver, ou ver o pai dela. Ela não precisa de nós agora. Ela precisa de você – eu fiquei surpresa, muito surpresa. Ela abriu a bolsa e tirou um papel dobrado e a chave de um carro. – Aqui está o endereço. Fica em Campos do Jordão é uma casa que temos em frente a um lago. Não vamos lá a um ano ou mais. Temos uma pessoa que toma conta de lá e o mantém limpo. Eu liguei e perguntei se a Priscilla estava lá, e o caseiro disse que sim, que a viu de frente para uma fogueira lá sozinha e chorando. Eu pedi que ele não dissesse a ela que ligamos e que ficasse observando apenas de longe. Fica a duas horas e meia daqui mais ou menos. Essa chave é de um dos carros do Roberto. A Luíza veio no meu carro enquanto eu vim trazer esse carro para você – estendeu as chaves e o papel para mim – Acho que deveria ir atrás dela. – eu peguei.

Eu: Tem certeza disso?

Patrícia: Sim eu tenho.

Eu: Ok. Eu vou fazer minha mala e fazer check out e vou.

Patrícia: Tudo bem. Cuida dela.

Eu: Eu vou cuidar... Obrigada – ela saiu do quarto sem dizer mais nada. Eu pedi para fecharem minha conta e fiz a mala paguei o hotel e fui para o carro que estava ali em frente. O tanque estava cheio coloquei o endereço no GPS e fui para lá. Parei o carro atrás do carro dela, já era bem tarde da noite. 

As luzes dos fundos estavam acesas, estava muito frio e caia uma chuva fina

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As luzes dos fundos estavam acesas, estava muito frio e caia uma chuva fina. Tentei abrir a porta e não consegui então fui para os fundos da casa, tinha um lago enorme nos fundos e quando vi um movimento na água era ela. Ela estava vestida, e caminhava cada vez mais para dentro daquele lago escuro e se jogou na água. Ela sumiu por alguns segundos e não voltava. Eu tirei meu casaco e meu sapato e entrei no lago. – Não, não, não, não, não... Priscilla... – parei e olhei para os lados eu não conseguia ver nada. Logo vi movimentos na água eu fui até lá e a puxei. Ela engasgava. – VOCÊ ESTÁ MALUCA? O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? – ela não dizia nada, parecia meio grogue. Eu a tirei da água entramos em casa. Subi com ela e abri a porta de um quarto acho que era lá que ela estava dormindo. Ela tremia de frio, não falava nada, não me olhava. Eu abri o chuveiro na água quente tirei a roupa dela, tirei a minha e entrei com ela no chuveiro quente. Logo eu sai coloquei um roupão e uma toalha no meu cabelo, a envolvi em uma toalha, sequei um pouco do cabelo dela, a ajudei a colocar uma roupa quente e a se deitar. Ela apenas se cobriu sem dizer nada. Eu fui até a cozinha procurei um chá no armário eu sabia que ela compraria, ela gosta bastante. Fiz um chá pra ela e dei a ela. – É chá, pra esquentar, e talvez não ficar doente. Eu vou no carro pegar minha mala – fui até o carro peguei minha mala o tranquei e entrei. Troquei de roupa sequei o cabelo e voltei para o quarto.

Pri: Como me encontrou aqui?

Eu: O que pensa que estava fazendo?

Pri: Só fiquei com vontade de entrar no lago.

Eu: Nesse frio, e de roupa?

Pri: O que faz aqui? Eu falei pra não ir pra São Paulo.

Eu: Por que tinha algo errado e eu não ia ficar no escuro e preocupada e de fato tinha. Sua tia agrediu você, falou que a culpa era sua da morte da sua avó e gritou um monte de absurdos na sua cara e você sumiu do mapa deixando todo mundo preocupado. Você sabe que a culpa não é sua Priscilla.

Pri: Será?

Eu: Eu tenho certeza que não. A gente não pode viver nossa vida achando que somos erradas ou culpadas de tudo de ruim que acontece no mundo por sermos lésbicas. Infelizmente vivemos no meio do preconceito e dentro da casa da gente, mas a gente resistiu até agora. A gente vai se casar e vamos ser muito felizes. Fazer o que você ia fazer naquele lago só ia mostrar o quão egoísta você seria com a sua família e comigo – deixei cair uma lágrima – Eu te amo muito e eu não suportaria perder você. Não vai ser a ignorância de uma mulher que vai mudar o que somos e vai acabar com o que sentimos. Você não tem o direito de acabar consigo mesma e acabar com a gente...

Pri: Me perdoa – deixou a xicara de lado e me abraçou – Me perdoa... Eu te amo, me perdoa...

Eu: Eu não aguentaria ficar sem você Pri... Por favor não faz mais isso – solucei e ela me abraçou mais forte.

Pri: Me desculpa, eu te amo... Eu te amo muito, eu precisava fugir, eu precisava sumir – chorava.

Eu: Eu sei, mas assim como você quer que eu conte com você quando estiver mal, eu quero que conte comigo também. Eu vou ser sua esposa. – a beijei. – Está cansada, precisa dormir agora tá? Deita eu vou ficar aqui com você – eu a abracei e fiquei ali até que ela dormisse. Fiquei velando seu sono por um tempo, até que me levantei e fui até a cozinha precisava comer alguma coisa e tomar meus remédios. Logo mandei mensagem pra Luíza falando que tinha encontrado a Pri e ela estava bem, eu cuidaria dela e os manteria informados. Na manhã seguinte ela estava tossindo e espirrando muito. Ela estava com febre, então eu desci fiz o café da manhã levei pra ela. – Tem algum remédio pra gripe?

Pri: Não. – começou a tossir.

Eu: Vou a cidade comprar um remédio pra você tá?

Pri: Tá bom – eu tomei café com ela me troquei e fui a farmácia. Comprei um termômetro e alguns remédios e fui pra casa. Ela estava ardendo em febre. Dei um antitérmico pra ela e um antigripal, dois dias depois ela estava melhorando. A gente parecia um pouco distante ainda.

Eu: Eu fiz almoço, vamos comer?

Pri: Senta aqui amor – ela me chamou. – A gente tá um pouco distante e eu não quero isso. Eu te amo, me perdoa? Eu estava mal, eu fui engolida por um sentimento muito ruim. Eu não pensei em nada, eu só fiz. Desculpa.

Eu: Eu também te amo e eu te perdoo, só tenho medo de que você não aguente a pressão da sua família com relação ao nosso relacionamento. Eu estou calejada Pri, eu já passei por coisas horríveis por causa disso e você sabe disso. Mas você não.

Pri: Natalie, nada vai mudar entre a gente ok? Eu te amo. E eu fiquei mal, muito mal com aquelas acusações, os gritos, o tapa na cara na frente de todo mundo. E fiquei mal de verdade por isso eu vim pra cá. Eu não conseguia respirar. Mas eu tenho muita certeza do que eu quero e eu quero ficar com você e estou ainda mais certa do nosso casamento. – eu a abracei.

Eu:Vem vamos almoçar –fomos comer, decidimos ir embora no dia seguinte pela manhã. 

NATIESE EM: SENHORITA KATEOnde histórias criam vida. Descubra agora