O Rodrigo logo bateu na porta e abriu um pouco.
Rod: Posso?
Eu: Entra...
Rod: O que houve?
Eu: Emily estava aqui.
Rod: E o que deu? – contei a ele e mostrei as fotos. – Oh como ela é linda... – ficou encantado. – E você vai fazer o que? Vai ao hospital no dia da cirurgia dela?
Eu: Não sei Rodrigo, mas acho que não.
Rod: Nat, é sua sobrinha, é uma criança. Não deixe o que seus pais fizeram a você te afastar da sua sobrinha também. Ela não tem culpa de nada.
Eu: Não sei o que fazer ou pensar. Eu estou bem como estou Rodrigo. Eu não precisei deles por 10 anos. Eu fui expulsa, eu fui humilhada publicamente. Se não fosse aquele casal de vizinhos e a filha deles, você sabe como teria sido. Meus irmãos não fizeram nada. – falava ressentida.
Rod: Eu sei. Eu sei disso. Mas é uma criança.
Eu: Não vamos mais falar sobre isso tá?
Rod: Tudo bem. Eu vou tomar café e vou trabalhar. Você vai agora de manhã?
Eu: Não. Hoje eu não vou.
Rod: Ok. Bom dia qualquer coisa me liga.
Eu: Tá bom. Bom dia – ele saiu e eu me deitei. Acabei dormindo novamente. Acordei no meio da tarde tendo um pesadelo. Um pesadelo com aquele dia horrível o pior dia da minha vida. Eu chorava muito eu tremia muito. Tomei um banho frio me sentei no chão do box e chorei. A visita da minha irmã me trouxe uma enxurrada de lembranças ruins. Eu fiz algo para comer, tomei um remédio, a ansiedade era minha companheira assídua então fazia uso de medicação desde que sai do Sul. Eu deitei coloquei um filme e fiquei assistindo. A noite o Rodrigo fez o jantar e a gente sentou para comer. Eu estava num mix de emoções que estavam me ferindo. Eu não deveria ter deixado minha irmã subir, não deveria ter aceitado essa conversa. Eu estava mal, eu estava muito mal com essa situação. No meio da noite eu acordei assustada, com o coração disparado e mais uma vez com o mesmo pesadelo. Eu levantei e fui até o quarto do Rodrigo mas pelos gemidos ele estava com alguém. Eu peguei a chave do carro e sai pra dar uma volta. Eu não parava de chorar. Quando percebi eu estava em frente ao prédio da Priscilla eu fiquei ali chorando muito. Eu estava ansiosa demais e assustada. Alguém bateu no vidro me assustando e quando eu olhei era ela. Eu abri a porta e desci do carro me jogando nela.
Pri: Hei... O que foi? O que aconteceu? – me perguntava assustada.
Eu: Só me abraça – soluçava.
Pri: Calma. Fica calma. – me abraçou mais forte. Ficamos assim não sei por quanto tempo. – Vamos subir? Eu cheguei agora do restaurante vi que era você no carro. Vamos subir vem.
Eu: Você deve estar cansada. Eu nem sei como eu vim parar aqui, me desculpa – tentava enxugar as lágrimas.
Pri: Kate... Está tudo bem. Vamos subir, vem comigo. – me deu a mão e entramos no prédio e logo estávamos no apartamento dela. Ela me deu um copo de água. – Quer comer alguma coisa?
Eu: Não obrigada.
Pri: O que aconteceu? – se sentou de frente pra mim.
Eu: Minha irmã me procurou. A gente conversou de manhã.
Pri: A quanto tempo não falava com ela?
Eu: 10 anos. Desde que sai de casa.
Pri: Muito tempo.
Eu: Sim. Ela veio falar dela, do meu irmão, da filha do meu irmão que tem síndrome de down e vai fazer uma cirurgia aqui no Rio na próxima semana e ela quer que eu apareça por lá pra dar uma força. A força que eu não recebi quando eu fui expulsa da minha casa.
Pri: E você não sabe o que fazer não é? Não sabe se abre o coração pela sua sobrinha, mas ao mesmo tempo pensa que se abrir o coração pela sua sobrinha, vai estar vulnerável a sua família novamente e pode reviver sem querer tudo o que você viveu a 10 anos e que te causou feridas que até hoje não se fecharam não é?
Eu: Isso... É isso.
Pri: Kate, se você quer se aproximar da sua sobrinha, dar o apoio que ela precisa, isso não vai significar que você está voltando para os braços dos seus pais. Você com certeza já deixou claro ontem que não quer isso por tudo que vocês passaram que eu não sei bem o que foi. É uma criança é só um bebê. Faça por ela se você sente no coração que deve fazer. – eu me levantei e sentei no colo dela a abraçando pelo pescoço. Ela me abraçou também.
Eu: Eu... Eu sinto saudade. – sussurrei.
Pri: Eu também sinto. – sussurrei de volta. Nos olhamos alguns segundos e eu a beijei. O beijo ganhou intensidade e eu parei.
Eu: Não podemos...
Pri: Por que não?
Eu: Preciso ir – sai do colo dela.
Pri: Kate...
Eu:Obrigada... Obrigada por tudo e... Me desculpa – sai rapidamente desci e entrei no meu carro efui pra casa. – O que você pensa queestá fazendo Natalie? O que você pensa que está fazendo? – soquei ovolante. Cheguei no meu prédio e logo já estava no meu quarto. Me deitei efiquei pensando naquele beijo. O beijo dela era maravilhoso. Eu não dormidireito até amanhecer. Eu tinha que trabalhar de manhã e a tarde, tinha muitascoisas para fazer e foi assim a semana toda. Na sexta eu ia dançar na boate eno sábado também. Cheguei na boate e os olhares tortos das outras meninas emcima de mim prevalecia. Eu não me importava, eu fingia não ver. Me troquei, fizminha maquiagem enquanto elas dançavam, depois foi a minha vez. Era umaapresentação de dança do ventre para alguns árabes. Giul arrumou uma roupamuito bonita, e os adereços eram lindos também. Eu estava pronta então subi aopalco depois de anunciarem a estrela da casa, Senhorita K. Fui aplaudida amúsica começou a tocar e eu comecei a dançar. Eu tentava não pensar em nadaalém dos meus movimentos, e da desenvoltura que meu corpo fazia no palco. Eutentava não imaginar que ali na minha frente tinham diversos homens babando emcima de mim como se fossem me atacar a qualquer momento. Era desconfortávelaquele olhar de que eu era uma presa prestes a ser devorada. Era o que mais meincomodava em dançar numa boate. Eu amo a dança, a arte da dança, o movimentoque o corpo exerce, a delicadeza das mãos na dança do ventre. Quando a dançaacabou, os aplausos foram intensos. Eu olhei para cima e ela não estava lá.Desde que voltei a dançar sempre que terminava de dançar, eu olhava para asáreas vip's acho que na esperança de encontrar aqueles olhos misteriosos dela. Oque está acontecendo comigo? Eu desci do palco fui falar com algumas pessoas,uma cliente antiga me chamou, ela era cliente que só queria beijar e conversarentão eu topei. Eu não prestei atenção em metade das reclamações dela, sóqueria que aquela noite acabasse para que eu fosse embora logo. Eu não faleimais com a Priscilla, mas me pegava pensando nela diversas vezes do meu dia.
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NATIESE EM: SENHORITA KATE
Fiksi PenggemarDuas mulheres, dois "mundos" diferentes... Priscilla Pugliese 28 anos empresária de sucesso formada em Administração e Gastronomia, dona de um dos restaurantes mais famosos do Rio de Janeiro, Olympe entre outros restaurantes pelo país junto com sua...