Capítulo 34

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Acordei as 7 da manhã o enterro era as 9 horas. Estava tendo uma missa e eu fiquei lá na porta para não ser vista. Minha mãe chorava copiosamente. Logo todos foram despedir.

Rod: Vai lá Natalie...

Eu: Não, eu estou bem aqui.

Rod: Não, você não está. Vai até lá. Vai acabar se arrependendo de não ir.

Eu: Em 10 anos ele não se arrependeu do que me fez, porque eu me arrependeria de não ir lá? Eu não quero outro escândalo. - Logo era hora do enterro. Voltamos para o carro e fomos para o cemitério. Eu fiquei bem afastada assistindo tudo. Logo todos foram saindo restando apenas meus irmãos, meus cunhados e minha mãe. Quando eles saíram de lá eu fui até lá deixei uma rosa branca. Mais uma vez eu não disse nada e não chorei. Quando entrei no carro vi que tinha um carro do outro lado da rua e alguém me observava. Eu não consegui ver quem era. Eu e o Rodrigo vamos embora na manhã seguinte bem cedo. A gente foi para o hotel, o Rodrigo ia ver um casal de amigos que moravam em Porto Alegre, perguntou se eu queria ir junto eu disse que não, que ia tirar o dia para dormir direito então ele foi e eu me deitei. Logo o telefone do quarto tocou. – Oi?

XX: Senhorita Natalie Smith?

Eu: Sim?
XX: Tem uma moça aqui embaixo querendo falar com a senhorita. Senhorita Blummer.
– pensei um pouco e não me lembrava de ninguém com esse nome.

Eu: Pode deixar subir. Obrigada.

XX: Por nada. – desliguei. O nome não era estranho, mas não conseguia me lembrar de quem era. Logo bateram na porta e eu fui atender. Quando abri a porta me assustei.

Eu: Você... – fiquei olhando pra ela em choque.

XX: Oi – sorriu de leve e eu a abracei como eu podia e ela retribuiu.

Eu: Você sumiu eu nunca mais consegui te encontrar. Meu Deus...

XX: É... Acho que depois daquele dia, todo mundo sumiu não é? – falava calma.

Eu: E eu me esqueci que você tinha Blummer como nome do meio.

XX: Meu pai me proibiu de usar o sobrenome dele depois daquele escândalo.

Eu: Saudade de você Bia.

Bia: Eu também Nat.

Eu: Entra, senta – nos sentamos nas poltronas – Você está linda. Como me encontrou?

Bia: Eu soube da morte do seu pai. Então eu vim até a cidade queria ver com meus próprios olhos. E era a única chance de ver você. Eu encontrei uma tia sua a algum tempo em Porto Alegre e ela disse que você não aparece a 10 anos desde aquele dia.

Eu: É. Eu voltei aqui na semana passada e olha o resultado – mostrei meu braço e meu rosto.

Bia: Seu pai fez isso? – me olhou assustada.

Eu: Sim – contei a ela.

Bia: Ele nunca mudou. Meu pai também não. Meu pai não fala comigo até hoje. Minha mãe voltou a falar comigo dois anos depois e hoje é minha melhor amiga. Adora minha filha.

Eu: Você é mãe? – assustei.

Bia: Sou sim. Eu me casei a cinco anos com uma advogada, dois anos depois decidimos ter um bebê, e eu fiz a fertilização. Quando eu estava com 8 meses de gravidez eu descobri que ela estava me traindo com a advogada que trabalhava no meu escritório. – eu a olhei surpresa – Pois é, eu me formei em Direito coisa que eu disse que nunca faria e acredite, eu amo meu trabalho. E sim eu sou a maior chifruda de Porto Alegre. Com essa descoberta vieram inúmeras então eu me separei dela quando nossa filha nasceu. Ela é uma boa mãe, mas só nos falamos quando se trata da Ayla. Ela tem 2 anos e meio agora e parece ter 10 crianças dentro dela de tão terrível que ela é. Mas ela é uma criança muito feliz e inteligente e eu amo muito a minha filha. Agora eu sou uma mãe advogada e divorciada. E você o que tem feito? O que você fez em todos esses anos?

Eu: Eu fui para o Rio, morei alguns dias com meus avós o tempo suficiente dos meus pais envenenarem a família inteira contra mim. Então eu fui morar com o Rodrigo, lembra dele?

Bia: Claro. – sorriu.

Eu: Ele me ajudou muito. Tive inúmeros empregos até começar a dar aula de balé – contei tudo pra ela, inclusive da boate e dos programas. Ela parecia um pouco em choque, mas não enojada.

Bia: E nesse tempo não se apaixonou?

Eu: Meu lema era, nunca me apaixono. E nesses 10 anos eu nunca me apaixonei até encontrar uma cliente. Priscilla Pugliese. –suspirei. – Quando ela me pagou para um programa ela não conseguiu fazer nada. Então bebemos, comemos e conversamos muito. Nos beijamos, mas ela não conseguiu fazer nada. Depois disso ela me procurou com um pedido inusitado. Um contrato para ser namorada dela por 12 dias. A mãe dela é muito possessiva e ela não pode ficar solteira que a mãe arruma dezenas de mulheres pra ela conhecer, então ela me contratou para ser a namorada dela no casamento do irmão e na festa da empresa dos pais dela. A gente acabou transando no dia do casamento e foi sensacional. Eu nunca me permito ter prazer nas relações com minhas clientes, mas com ela, foi inevitável. Quando voltamos pra casa o contrato havia acabado e eu senti uma falta absurda dela.

Bia: E a procurou?

Eu: A gente já se viu algumas vezes, transamos de novo. Eu já a beijei no impulso, mas ela me conhece como Kate. Eu sou a Senhorita Kate, ou Senhorita K como todos me conhecem. Eu acho que ela gosta de mim também. Mas a gente não pode ficar juntas. Somos muito diferentes. O pai dela foi o primeiro a descobrir quem eu era, no dia que cheguei na casa deles, mas ele apoiou mesmo sabendo o que eu sou dançarina numa boate e faço programas. A mãe dela descobriu a alguns dias e foi lá em casa, em pose, poder e arrogância dizendo que era pra eu contar a verdade pra ela e que não quer uma prostituta na família. – deixei cair uma lágrima.

Bia: Nossa, pesado. A Priscilla sabe o que houve com seu pai? Sabe que você está aqui?

Eu: Não. O pai dela está no hospital, eu mandei mensagem a alguns dias, pra saber como ela estava e como ele estava. Eu não queria dar mais preocupação a ela, porque eu sei que ela se preocupa comigo. Ela já tem muita coisa na cabeça, imagina se ela me vê assim, machucada por causa do meu pai e agora saber que meu pai está morto? Ela tem o pai dela para se preocupar e ele é um homem maravilhoso eu não quero que ela se preocupe com isso.

Bia: Precisa procura-la. Dizer quem é você. Ela precisa te conhecer Natalie, ela precisa ver o quanto você é uma pessoa maravilhosa. – eu comecei a chorar.

NATIESE EM: SENHORITA KATEOnde histórias criam vida. Descubra agora