NATALIE NARRANDO...
Ela falava de maneira bem possessiva comigo depois de me levar para o quarto que antes só eu usava. Ela me cobrava por não atender as chamadas e mensagens dela, que ela estava preocupada comigo e eu sequer a respondia. Falou que a mulher estava me assediando por me tirou de lá. Eu joguei na cara dela que o negócio que fizemos acabou e que eu não devia satisfações a ela. Me perguntou também quem eu era de verdade e por um segundo eu pensei que ela sabia quem eu era e estava blefando para saber o que eu diria. Meu coração batia acelerado dentro do meu peito. Aquela situação toda era estranha. Queria beijá-la e ao mesmo tempo queria que ela fosse embora. O telefone dela tocou, sua feição de brava mudou imediatamente. Era algo com seu pai, meu coração apertou. Eu perguntava o que estava acontecendo e ela não respondia até que ela soltou que o negócio tinha acabado e não era da minha conta me deixando sozinha ali. Eu fui invadida por uma súbita vontade de chorar e não consegui me conter. Eu chorei e chorei muito. Depois de um tempo ali, fui para o camarim, tomei um longo banho me troquei para ir pra casa. Sai sem ser vista parei numa pizzaria que fica aberta até as 4 da manhã pedi uma pizza fiquei esperando ficar pronta e fui pra casa. Coloquei um pijama liguei a televisão da sala colocando num filme qualquer peguei um suco para acompanhar a pizza. Logo a Larissa levantou.
Eu: Oi, te acordei?
Larissa: Não. Eu perdi o sono.
Eu: Quer pizza?
Larissa: Obrigada – se sentou comigo pegando um pedaço.
Eu: Está preocupada?
Larissa: Sim. Eu sei que ela está bem, está muito bem cuidada e que o pior já passou, mas é muito ruim a sensação de não poder estar perto agora. Desde que ela nasceu eu nunca fiquei 1 dia longe dela. – falava pensativa.
Eu: Ela está bem Larissa. Eu imagino como deve ser difícil para você. Mas a Lily é muito inteligente, muito esperta, e o seu medo não é dela estar lá sozinha. É de você não poder protege-la pra sempre. – ela riu de leve.
Larissa: É... Isso é...
Eu: Mas você não vai poder fazer isso. Ela é muito inteligente e vai vencer todos os desafios dela sozinha algum dia e você e o Kevin não poderão protege-la do mundo. Infelizmente.
Larissa: Só de pensar nisso já dá desespero – a gente riu. Ficamos conversando um tempo e ela foi dormir. Eu terminei de comer, guardei o resto na geladeira escovei os dentes e fui dormir. Mandei mensagem para a Priscilla e ela não respondeu e com certeza não responderia mais tarde. Não dormi muito, acordei era sete horas, fui a padaria ali na rua, comprei pães, bolo, alguns frios, fiz o café, fiz um suco e coloquei a mesa. Meu irmão e minha cunhada levantaram.
Eu: Bom dia. – sorri de leve.
Kevin: Bom dia – me deu um beijo na testa.
Larissa: Bom dia.
Eu: Conseguiram descansar?
Kevin: Eu apaguei, estava morto.
Larissa: Depois que eu deitei de novo eu apaguei também.
Eu: Então tomem café, para reforçar as energias. Eu e o Rodrigo normalmente não fazemos almoço porque a gente fica fora quase o dia todo então não dá tempo, mas a gente pede comida de uma moça aqui embaixo no prédio mesmo. Ela mora no primeiro andar aqui tem o cardápio dela, podem colocar na minha conta, eu pago a ela por mês. A comida dela é maravilhosa. – a gente tomou café conversando. Mandei mais mensagens para a Priscilla e ela não respondeu então mandei uma para a mãe dela e ela me ligou. Eu fiquei apavorada, não sabia se atendia. Eu que mandei mensagem, mas estava sem jeito de atende-la até que eu não tive alternativa e atendi. Ela me explicou como ele estava, me deu detalhes do caso. Eu estava preocupada com ele. Roberto era um homem incrível e merecia melhorar e sair disso o quanto antes. Fiquei feliz pela suspeita de demência ou Alzheimer ter sido descartada. Ela não fez perguntas sobre a Priscilla e eu e eu agradeci aos céus por isso. No dia seguinte minha sobrinha já estava no quarto então eu fui vê-la. – Oi Lily... Oi meu amor... – ela sorriu pra mim – Ai que sorriso mais gostoso minha princesa – a beijei. Fiquei com ela da hora do almoço até o fim da tarde, para meu irmão e a Larissa descansarem. Os dois vão dormir com ela. Ela é absurdamente carinhosa. Fui jantar no restaurante da Priscilla com uma cliente. Ela era a cliente que só queria companhia e uma boa conversa então eu topei, mas não imaginei que encontraria a Priscilla lá. Ela veio até nossa mesa e eu quase parei de respirar quando ela veio falar com a gente. Meu coração parecia querer explodir no meu peito. Fiquei extremamente desconfortável ali. Era o espaço dela, era o trabalho dela, e com certeza ia parecer que eu fui até lá com uma cliente para insultá-la, mas na verdade não foi nada disso. No dia seguinte, ela não foi a boate, achei que apareceria pelo menos para me insultar ou dizer que não gostou da minha presença lá, mas ela não apareceu. Eu passei uma semana revezando com eles no hospital até que ela recebeu alta. Eles ficariam ainda uma semana no Rio e minha casa era só alegria com a Lily lá. Meu Deus eu já estava sofrendo pensando como seria minha vida sem ela quando fossem embora. Eu estava apegada a ela, eu estava acostumada a ela e ela a mim. O dia que foram embora eu sofri demais, eu não queria que fossem. Meu irmão tem uma proposta de trabalho no Rio, a Larissa não trabalha desde que a Lily nasceu então eles estão vendo as possibilidades de morarem no Rio e eu estou torcendo muito para isso acontecer, para que eu possa ficar perto dela. Fazem 2 semanas que eu não vejo ou falo com a Priscilla. Eu não estava indo trabalhar nesse período e não sabia se ela estava indo a boate. Na sexta feira eu fui dançar, um grupo de ingleses estava no Rio e queria conhecer a famosa boate então a Giul me pediu para preparar uma apresentação especial e eu preparei. A lingerie era bem bonita também. Eu fiz a apresentação para eles e fui muito aplaudida. Fui conhece-los e quando olhei para cima a Priscilla estava lá. Um choque passou por todo o meu corpo enquanto ela me encarava. Eu desviei o olhar dela e voltei a falar com o gringo. Me sentei na mesa deles, trouxeram champanhe. Eles eram muito agradáveis e respeitosos também, o que era uma preocupação para mim quando a Giul me pediu para fazer a apresentação. Eles me perguntavam sobre pontos turísticos que eles queriam conhecer, e alguns queriam garotas para fazer um programa. Eu me levantei e chamei algumas das meninas que faziam e me retirei. Fui chamada na área de vip ao lado da área vip que a Priscilla estava e ela me encarava sem o menor disfarce.
Ana: Kate... Linda apresentação. – era uma das minhas antigas clientes, Ana Luíza o nome dela.
Eu: Obrigada Ana – me deu um copo. – Não quero obrigada. Já bebi muito por hoje.
Ana: Que tal sairmos daqui e conversarmos?
Eu: Tudo bem.
Ana: Que tal praia? – eu pensei um pouco.
Eu: Tudo bem – ela era uma das minhas clientes que mais conversavam que tudo. Eu fui me trocar, ela foi no carro dela e eu no meu. Fomos para a praia ali perto tinha pouco movimento já era tarde. Sentamos na areia.
Ana: E então Natalie o que está te incomodando? – sim, ela sabia quem eu era a dois anos e desenvolvemos uma grande amizade. – Aquela moça da área vip ao lado da minha não parava de te fuzilar e você parecia acuada.
Eu: Ai Ana... – suspirei – Eu nunca pensei que fosse dizer isso, mas... Eu acho que eu estou apaixonada por ela. – deixei cair uma lágrima e ela me olhou assustada.
Ana: Mentira... Sério?
Eu: Sim. Eu fiz um trato com ela... – contei tudo que fizemos. – E é isso...
Ana: E você parou de fazer os programas por causa dela então?
Eu: Eu parei porque eu não queria mais fazer não preciso mais fazer, mas hoje de certa forma eu sinto que parei por causa dela também. Eu gosto dela, e eu jurei para mim mesma, nunca mais gostar de ninguém.
Ana: A gente não manda no coração Natalie. E se você gosta dela, pelo jeito que ela estava te olhando hoje, ela sente ciúmes então é sinal que ela gosta de você também, abre o jogo pra ela.
Eu: Não daria certo nunca Ana. – ri sem ânimo.
Ana: Por que não?
Eu: Por que ela não sabe que eu sou a Natalie, ela não sabe o que de fato aconteceu comigo para estar onde estou. A família meu Deus, a família dela jamais aceitaria isso. Pra eles eu não passaria de uma garota de programa. Meu Deus a confusão que isso causaria. Ela com o pai doente, a família dela super conhecida. Imagina eu saio em diversos jornais e revistas com ela e minhas clientes me reconhecendo e o meu passado vindo a público? Não consigo nem pensar na tragédia que isso se tornaria na vida dela e na minha. – contei todo o caso pra ela.
Ana: Se o pai dela sabe da sua história, acha mesmo que a mãe ou o irmão dela também não sabe?
Eu: Acho que não.
Ana: Pois eu acho que um deles sabem e ele pediu segredo a eles também. Mas o resto da família pode não aceitar muito bem. É um risco, mas se vocês se gostarem eles não podem evitar nada disso.
Eu: Eu estava bem, eu estava tranquila, porque eu vou aceitar isso? – suspirei.
Ana: Nada é por acaso Natalie... – ficamos ali até amanhecer. Eu adorava a Ana. Ela era uma mulher incrível. Quando cheguei em casa fui olhar meu celular e tinha uma chamada perdida, era da Priscilla. Pensei em retornar, mas achei melhor não fazê-lo. Eu não podia encarar isso agora eu precisava dormir e pensar no que fazer. Alguns dias se passaram, eu fiquei na rua o dia todo e no fim da tarde quando sai do banho ouvi a campainha tocando sem parar. Eu coloquei um roupão e uma toalha na cabeça. Só podia ser o Rodrigo sem chave, já que ninguém sobe sem ser anunciado.
Eu: Já vai... Onde é incêndio? – abri a porta e me assustei muito. Dei uma passo para trás em total estado de choque – O que está fazendo aqui?
XX: Posso entrar Kate? Ou melhor... Natalie...
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NATIESE EM: SENHORITA KATE
FanfictionDuas mulheres, dois "mundos" diferentes... Priscilla Pugliese 28 anos empresária de sucesso formada em Administração e Gastronomia, dona de um dos restaurantes mais famosos do Rio de Janeiro, Olympe entre outros restaurantes pelo país junto com sua...