O EXTROVERTIDO THOMAS GALE

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ESCOLA MARIANNE DE PAULA — PRIMEIRO DE MARÇO DE DOIS MIL E CINCO

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ESCOLA MARIANNE DE PAULA PRIMEIRO DE MARÇO DE DOIS MIL E CINCO

Thomas se sentou em uma carteira atrás da minha em seu primeiro dia de aula, mas ao contrário de mim, ele conversava com qualquer um que aparecesse. Havia um mês que as aulas começaram, todavia, como sempre fui bem introvertida, ainda não tinha feito amigos até aquele dia.

Ele falava com alguns meninos antes da aula recomeçar após o intervalo. Lembro-me de ficar nervosa com a sua presença pois, queria ficar isolada ao máximo naqueles dias e não tinha alguém tão tagarela por perto.

E, por Deus, como ele falava! Não comigo, claro, mas escutava a sua voz mesmo do outro lado da sala de aula.

Demorei a me acostumar com a escola. Não estava me sentindo mal nela, mas era bom conhecer o ambiente em que pisava primeiro antes de me sentir segura nele. Por isso eu preferi me isolar.

Contudo, mesmo na frente da sala — onde basicamente nenhuma criança queria se sentar — a preferência dele foi a segunda cadeira da primeira fila da esquerda para a direita.

Eu aguardava a aula recomeçar pacientemente. A professora ainda não tinha aparecido e o barulho da sala estava infernal, mas não me impedia de ler o conto de João e Maria que estava em minhas mãos enquanto ignorava a existência de todos à minha volta, inclusive o garoto novo que vinha de três estados à frente no país — de acordo com ele em sua apresentação para a sala.

Ele é loiro, seus cabelos são cor de mel, seus olhos cor de chocolate de qualidade duvidosa e ele parece ser um pouco mais alto do que a maioria dos garotos ali. Eu sentia uma necessidade de observar todo mundo desde o início para saber com quem estava lidando e a esta altura sabia o nome dos quase trinta alunos da sala, mesmo tendo plena certeza que quase nenhum ali se lembrava do meu.

Havia uma garota em especial que chamava a atenção de todos pela sua beleza incomum. Seus cabelos eram cor de cobre, sua pele clara como neve e olhos azuis como água de piscina. Seu nome é Beatrice e ela está sempre rodeada de meninas e meninos como se todos quisessem um segundo da atenção daquela divindade exótica.

Sinto um pouco de inveja dela, mas ao mesmo tempo me sinto aliviada por não chamar a atenção. Afinal, nunca consegui administrar tantas pessoas ao mesmo tempo e acho que sentiria meu corpo se derreter com tanto assédio.

Thomas está perto dela assim como quase todos os garotos da sala. Não me importo com eles, apesar de já saber nesta idade o gosto da rejeição. A primeira vez que me apaixonei tinha apenas seis anos de idade, mas me lembro com um gosto amargo na boca o sentimento de desprezo de uma recusa à aproximação. Desde então, tento não me deixar levar por garotos.

Num dado momento, ele volta para a sua carteira e parece desistir de ter uma conversa com os demais. Na verdade, parece-me um pouco chateado e visivelmente frustrado.

𝑪𝒂𝒓𝒕𝒂𝒔 𝑷𝒂𝒓𝒂 𝑻𝒉𝒐𝒎𝒂𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora