VIDA DUPLA - PARTE I

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"...o psicólogo dissera-me que eu deveria continuar com essa prática de escrever para você em seus aniversários mesmo que não esteja mais aqui. Eu disse a ele que não costumava entregá-lo estas cartas e de alguma maneira entendeu que pudesse ser uma boa terapia justamente por fazer isso para desabafar.

Eu devo queimá-las depois.

Mas, ainda tenho esperança de que algum dia esta folha vá parar em suas mãos, mesmo que seja tardiamente.

Eu estou cansada, Thomas. O que você está fazendo agora? Por que está demorando tanto para mandar notícias?

Onde você está?

Eu estou com saudades. Tanta que não consigo pensar em mais nada além disso.

Espero que esteja bem.

Feliz aniversário, Thommy. Eu te amo. Sinto muito por não poder estar perto de você no seu dia especial. E sinto mais ainda por não conseguir dizer mais nada além disso. Meu coração dói. Minha cabeça dói. Meus dias, sem você aqui, doem.

Com amor, Isabelle."

— Parte da carta de aniversário de 18 anos de Thomas, o primeiro que desde que ele se foi.

— Já escolheu as flores, querida? — A voz de Daniel estava me irritando tanto que não conseguia segurar a minha cara de desgosto a cada vez que o ouvia

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— Já escolheu as flores, querida? — A voz de Daniel estava me irritando tanto que não conseguia segurar a minha cara de desgosto a cada vez que o ouvia.

— Rosas brancas. — Ou cravos para combinar com aquele casamento que mais pareceria um funeral. — Mas, eu não acho que deveríamos nos casar na igreja. Ninguém vai acreditar que estou fazendo isso de bom grado.

— Então, convença as pessoas de que está, sim! — ele exclama com olhos saltados. — Invente alguma coisa e os faça ir à cerimônia. Você é boa nisso.

O encarei sem entender essa última parte.

— Na verdade eu não sou, não. — De onde ele havia tirado aquele absurdo?

— Passou longos meses desse ano escondendo múltiplas coisas de mim. Não sei qual a dificuldade em inventar qualquer história boba sobre a nossa volta. Afinal, mal ficou com aquele medicozinho de quinta!

Soltei um bufo inconformado ao ouvir aquilo.

— Já éramos noivos. Já estávamos planejando nosso casamento — Daniel lembra. — É mais fácil do que parece, ainda mais para você que tem a menina como desculpa.

— O que Giselle tem a ver com isso?

— Diga aos outros que ficou tão absurdamente magoada por Thomas tê-la traído e escondido uma filha que você finalmente enxergou o grande imbecil que ele é.

— Deixe Thomas fora disso! Eu não irei colocar o nome dele e muito menos de Giselle nesta história.

Daniel revirou os olhos.

𝑪𝒂𝒓𝒕𝒂𝒔 𝑷𝒂𝒓𝒂 𝑻𝒉𝒐𝒎𝒂𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora