A VOLTA DE UMA ANTIGA DUPLA

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"E é indesejável que nós fiquemos separados
Eu jamais teria ido muito longe
Porque você sabe que tem as chaves do meu coração

Porque

Um: Você é como um sonho que se tornou realidade
Dois: Só quero estar com você
Três: Garota, é fácil ver
Que você é a única para mim"

— Back At One — Brian McKnigh

Naquela noite eu não dormi um segundo sequer

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Naquela noite eu não dormi um segundo sequer. Depois que os pais de Elisa vieram buscá-la, fui diretamente para minha casa debaixo da chuva que insistia em cair, esquecendo-me inclusive que meu carro estava estacionado em frente à casa de Thomas.

Queria travar meus pensamentos enquanto caminhava sob os pingos grossos e doloridos, queria que um raio me atingisse enquanto via quem um dia foi meu melhor amigo me assistindo partir depois daquela discussão. E ele estava lá me olhando da mesma maneira que eu fiz em nossa última noite, mas sabendo que procurava mesmo dar um fim no que vivemos. Eu queria não ter milhares de pensamentos perturbadores e não sentir medo do que iria acontecer quando o sol raiasse e outro dia angustiante visse de encontro a nós, contudo, era apenas isso o que meu coração lamentava.

Não queria ter que explicar nada para ninguém, sequer abrir a boca sobre o que aconteceu e o que estava acontecendo.

Tudo parecia tão errado agora.

Quando atravessei o portão de casa, senti um peso na alma que nunca parecia se findar. Pelo contrário, estava cada vez pior.

Sentei-me no banco-balanço do jardim sem me dar o trabalho de me secar. Eu queria continuar ali, na chuva, enquanto as lágrimas vinham torrencialmente atormentadas e incessantes.

Não me importava mais com a possibilidade de ficar doente. Na verdade, talvez a chuva tivesse se acostumado com o meu corpo desalentado sobre ela. Talvez soubesse que fazia parte da minha vida de uma maneira completamente diferente do que a dos demais.

— Isabelle? — a voz mansa de minha mãe soa atrás. — Eu ouvi um barulho. O que está...?

Sequer a olho. Não preciso. Sei que ela sabe exatamente o que anda se passando dentro de mim.

Depois que Thomas foi embora, raramente me sentava ali. Na verdade, todas as vezes que me sentei foi para pensar nele.

— Não devia ficar aqui, o tempo está congelando. — Ela aparece com uma capa de chuva e coloca sobre meus ombros. — Amor, o que houve?

Não consigo abrir a boca para respondê-la. Ao invés do som das palavras, saem gemidos de dor.

Mamãe me abraça e eu sinto seu corpo apertando-me enquanto soluço em seu ombro.

E foi assim que passei a noite. Não debaixo da chuva o tempo inteiro, mas acordada, chorando, cheia de remorso, procurando a melhor maneira de enfrentar o amanhã e mais perdida do que nunca.

𝑪𝒂𝒓𝒕𝒂𝒔 𝑷𝒂𝒓𝒂 𝑻𝒉𝒐𝒎𝒂𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora