A CERIMÔNIA

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"...soube que voltará à cidade ao menos para ir ao casamento de Freddie e Elisa, e soube que, assim como eu, será padrinho. Como se cumpríssemos com um trato feito há anos, você parece disposto a dar cara a tapa, mesmo tendo se passado oito anos desde a sua partida.

O que me faz a seguinte pergunta pairar em minha mente sem me deixar em paz um segundo sequer: por quê?

Por que, Thomas, você fará isso? Por que ainda age como se Freddie fosse seu melhor amigo, como se anos de separação não existisse entre você e ele? Por que acha que pode simplesmente voltar aqui como se nada tivesse acontecido e achar que agiremos naturalmente?

A minha vontade é de não falar com você. Eu estou treinando para isso. Contudo, alguma coisa me diz que surtarei no exato instante em que o vir. Será inevitável o nosso contato graças aos nossos amigos e provavelmente o mínimo som de sua voz me causará um enorme estrago interno.

Há muito tempo tenho evitado falar sobre você, mas talvez seja a hora de contar sobre nós e me curar. Dessa vez falo sério.

Eu espero que essa seja a última carta de aniversário que escrevo, porque sei que no exato segundo em que o vir tão vivo perante mim, todo esse sentimento de necessidade em expor em palavras tudo o que sinto através das suas cartas de aniversário cairão por terra.

E eu finalmente deixarei de te odiar e passarei a tratá-lo como uma pessoa qualquer.

Feliz aniversário.

Isabelle."

— Última carta de aniversário para Thomas escrita por Isabelle.

A cortina que encobria a janela do quarto de Thomas não era o suficiente para nos resguardar do sol que nascia

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A cortina que encobria a janela do quarto de Thomas não era o suficiente para nos resguardar do sol que nascia. Abri meus olhos no instante em que um fecho de luz atingiu minhas pálpebras pela fresta.

Eu não queria ter dormido. Depois do jantar e de uma garrafa inteira de vinho consumida, nós dançamos pela sala, ouvindo músicas excessivamente românticas. Rimos quando quebramos um jarro antigo adornado de flores, nos desequilibramos algumas vezes na tentativa de inventar passos novos e então notamos que havíamos feito uma bagunça impressionante naquele cômodo também.

Passaria toda a noite acordada ao lado dele, mesmo que não houvesse nada mais relevante a dizer. Contudo, cai no sono no exato instante em que senti seu corpo completamente nu abraçando-se ao meu, tão quente e aconchegante, e seus olhos pesarem depois de algum tempo desdobrando-se na cama.

Sentia-me completamente estranha ao constatar que, naquela noite, Thomas foi meu amante. E, mesmo assim, com toda a estranheza, era exatamente onde eu queria estar.

Minhas roupas se embolaram amontoadas no fim da sua cama, as suas jogadas pelo quarto como se ele tivesse desapego a qualquer coisa que separasse o seu corpo do meu.

De todas as vezes que fizemos amor, aquela foi a mais urgente e a que me doeu mais. Não consigo sequer resumir o que senti, apenas lembro-me do som dos seus sussurros clamando que aquilo não terminasse.

𝑪𝒂𝒓𝒕𝒂𝒔 𝑷𝒂𝒓𝒂 𝑻𝒉𝒐𝒎𝒂𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora