ACORDO DE SILÊNCIO

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"...É estranho saber que ainda tem dez anos e parece, no mínimo, um ano e meio mais velho do que eu. No presente momento que escrevo essa carta ainda faltam cinco dias para o seu aniversário e eu estou ansiosa para poder compartilhar essa data especial com você, já que parece sempre tão entusiasmado com os meus aniversários, até mais do que eu.

Na verdade, parece sempre se entusiasmar com tudo. Isso me impressiona.

Meus aniversários nesta cidade não teriam graça se você não estivesse aqui, Thomas. Obrigada por estar nesses últimos dois, afinal, é o único amigo que compartilho o meu dia.

E obrigada por ser realmente meu amigo. Duvidei que aguentaria um ano, mas pelo visto continuará aqui comigo mesmo ainda falando pouco ou quase nada.

Por favor, não ache que não gosto de conversar com você. É a minha pessoa favorita naquela escola.

Te adoro. De verdade. Nunca disse isso em voz alta, mas é real.

Com amor, Isabelle."

— Um pedaço da carta de aniversário escrita por Isabelle para Thomas em 11° aniversário e não entregue por insegurança ao notar que estava excessivamente longa e, mais uma vez, cheia de sentimentalismos.


Havia me esquecido completamente de que tinha marcado um almoço no sábado com Lorenzo, Ramon e Thomas para conversarmos sobre o que aconteceu no hospital

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Havia me esquecido completamente de que tinha marcado um almoço no sábado com Lorenzo, Ramon e Thomas para conversarmos sobre o que aconteceu no hospital. A última semana foi tão corrida e cansativa que as coisas simplesmente passavam por mim e eu ignorava.

Porém, não poderia perder esse encontro mesmo que estivesse exausta. Havia prometido uma conversa séria com um dos principais acionistas e dono do Santa Mônica justamente por saber que sua mulher havia cometido um crime dentro do seu hospital. Questionei Thomas na noite de sexta-feira, após receber um lembrete de Ramon, se ele compareceria e tudo o que me respondeu foi: "acho melhor esquecer esse assunto. Graças a você não teve nenhuma consequência."

Contudo, julgava importantíssimo ir e acabei confirmando mesmo que apenas eu comparecesse. Thomas foi o maior prejudicado e não poderia ser simplesmente esquecido. Mesmo que Helena seja casada com Lorenzo, não tinha o direito de fazer aquilo com qualquer pessoa que fosse.

O show de Ramon também poderia ir água abaixo se não fosse a coragem de Beatrice em denunciar. Esse assunto não poderia simplesmente ser deixado de lado por mais incômodo que seja.

Na sessão com Dra. Janine naquela manhã — na qual eu gostaria que durasse todos os seus horários disponíveis — as novidades mal se encaixaram no tempo que tinha. Ela havia ficado tão surpresa quanto os demais, contudo, ao seu lado, conseguia desabafar e chorar e não seria julgada. Não houveram muitos conselhos. Não houve tempo para dá-los, apenas a minha voz era ouvida naquela sala por quase todo a sessão.

O restaurante que me encontrei com o produtor e seu acompanhante ao meio dia era simples e em um bairro um pouco afastado da cidade. Ramon e Lorenzo ainda eram amantes e as pessoas só fingiam que não sabiam disso, mas eles ainda tentavam disfarçar. Não tinha problema algum ser naquele local, realmente era melhor evitar os ouvidos e olhares curiosos de conhecidos enquanto discutíamos.

𝑪𝒂𝒓𝒕𝒂𝒔 𝑷𝒂𝒓𝒂 𝑻𝒉𝒐𝒎𝒂𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora