DESENTERRANDO AS CARTAS

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"Agora somos eu e você, não me importo com o que o resto do mundo pense sobre mim. Eu tenho tudo."

— Palavras de Thomas para Isabelle.

PRESENTE

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PRESENTE

— Pode parecer estranho o fato de eu estar tão à vontade nessa primeira vez afirmando ser tão tímida naquela época — falo para Janine. — Mas, o fato é que eu estava toda e completamente envolvida por esse momento e sequer me deixei pensar em estragá-lo não fazendo exatamente o que queria. Apenas me entreguei a ele e foi perfeito.

Ela está surpresa neste instante. Evidentemente não contei tudo exatamente como foi, apenas fiz um breve resumo de como as coisas aconteceram.

— Bem — Janine dá um sorriso amável e ajeita sua coluna um pouco desleixada na poltrona —, a verdade é que eu já imaginava que seria assim desde o instante que me contou sobre o seu primeiro beijo. Faz todo sentido. Como esclareci, fazer isso com quem se tem confiança e se sente segura é muito mais fácil e cômodo. Não entenda errado quando uso a palavra comodismo aqui, não quer dizer que fizeram isso juntos por ser trivial ou simples, mas sim que por estarem tão habituados um com o outro que conseguiram focar apenas no prazer e não na vergonha. E eu vejo isso como sendo algo maravilhoso de se obter, afinal, a maioria das mulheres guardam uma lembrança nada positiva da sua primeira vez, o que não é o seu caso.

Realmente não era.

— Eu sei que desde que começou a puberdade teve acesso ao conhecimento: aulas de educação sexual, conversas pessoais com a mãe e amigos e até mesmo a auto-observação do seu corpo. Como pontuou, já sabia como ter um orgasmo sozinha e isso, mesmo que ainda seja um tabu na sociedade, é importantíssimo! Afinal, homens são estimulados desde cedo e nós, mulheres, ensinadas a sermos castas até o casamento. Temos um "botão do prazer" no qual temos total liberdade de explorar sem grandes preocupações ou traumas e a maioria nem sabe. Chegar onde chegou tendo autonomia em sua primeira vez foi surpreendente e do fundo do meu coração é o que desejo para todas as pessoas sem medo de ser feliz — Janine finalizou e eu me senti um pouco abobalhada por ouvir aquilo.

— Bem, acho melhor finalizarmos por hoje já que se passam das oito e meia novamente — reparo um pouco chateada. Tinha apenas mais um dia para contar o restante do que houve e, então, encarar o passado de frente da maneira mais cruel que poderia acontecer.

— Eu me sinto lisonjeada por ter me confidencializado tudo isso da maneira mais detalhada que conseguiu. E eu quero que você faça algo não só por si, mas para Thomas também e o bom convívio de ambos a partir dessa semana. Não direi para não pensar mais nesse assunto nos próximos dias, sei que é impossível dada às circunstâncias, mas preciso que seja objetiva em alguns pontos agora: quero que me conte amanhã o processo final do seu namoro e sobre as cartas que você escreve para ele, quero que desabafe tudo e coloque para fora a angústia, o ódio, o medo, a depressão e a ansiedade que passou, mas não foque nos seus sentimentos de amargura no dia quando o vir depois de tanto tempo, Isabelle. Eu acho que a mágoa que carrega dentro de si possa anuviar um pouco as suas assimilações. Agora, neste instante, você pode gritar o quanto odeia Thomas por tê-la deixado, por ter partido e por não ter contado a você o que aconteceu sendo que sempre jurou que era seu melhor amigo e que não existia ninguém mais importante no mundo. Todavia, se passar a procurar entender qual foi a sua motivação, possivelmente conseguirá se encontrar com ele um pouco mais calma e menos aflita para pular diretamente em seu pescoço. Você me compreende?

𝑪𝒂𝒓𝒕𝒂𝒔 𝑷𝒂𝒓𝒂 𝑻𝒉𝒐𝒎𝒂𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora